Práticas meditativas
No dicionário Aulete (p. exemplo), os linguistas reservam à palavra meditação as seguintes definições: 1. Ação ou resultado de meditar, refletir em profundidade sobre um assunto; 2. Processo e circunstância de (alguém) se concentrar espiritualmente para desligar-se gradualmente das preocupações do mundo material.
Comumente, as pessoas associam a palavra meditação a práticas de filosofias orientais, mas do ponto de vista espiritual as definições resguardadas nos dicionários em português são recomendações bastante presentes também no Racionalismo Cristão, especialmente ao fazer as irradiações diárias. A questão é que existe uma grande variedade de práticas meditativas, adaptáveis a cada tipo de pessoa, independentemente de religião, dependendo apenas da sua disciplina, da natureza de seu humor (extrovertido/introvertido), da qualidade dos seus pensamentos, da forma como encara a vida e também da sua sensibilidade espiritual.
No mundo turbulento e cheio de informações em que vivemos, as práticas meditativas são fundamentais para nos resguardar desse turbilhão e encontrarmos tranquilidade dentro de nós mesmos. Sem esse conhecimento, a saída encontrada por muitos são os vícios (legais ou ilegais), que entorpecem a mente e acabam por nos distanciar dos nossos objetivos espirituais.
Em geral, o ser humano carrega dois tipos de preocupações, que causam angústia: preocupações com o passado e/ou com o futuro. O ser humano encontra prazer na música exatamente porque é uma forma de manter o foco da sua atenção no momento presente, nos acordes musicais. Aprender a tocar um instrumento também exige a disciplina do silêncio e de aprender a ouvir. Ouvir músicas calmas e os sons da natureza também é outra prática meditativa.
Desligar-se das preocupações do cotidiano sempre trouxe alívio, paz interior e força para enfrentarmos a vida. Quando realizadas com sabedoria e conhecimento de causa, as práticas meditativas nos auxiliam exatamente nessa direção: a nos conectar a nós mesmos e ao momento presente. Não é possível “esvaziar” a mente, como muitos se referem à meditação. O pensamento flui como um rio. As práticas meditativas são o processo de aprendizagem para guiar as margens desse rio; são o processo de aprender a domar o cavalo selvagem que é o pensamento e, assim, adquirir autocontrole.
Algumas práticas meditativas nos orientam a prestar atenção na própria respiração (e a respirar melhor), outras voltam a atenção para movimentos lentos feitos com o próprio corpo. Há ainda aquelas meditações guiadas por uma narrativa confortadora, que nos trazem sensação de relaxamento. Outras práticas não utilizam qualquer desses “guias” materiais, recomendando apenas o silêncio e uma postura estática. Nesses casos, pessoas com mediunidade podem vir a sentir-se em desdobramento. O desdobramento nesses casos é sinal de que ainda é preciso treinar para atingir o autocontrole. Apesar de isso acontecer todas as noites quando dormimos, é recomendável que essas pessoas procurem outras práticas que melhor se adaptem ao objetivo.
Autocontrole e autoconhecimento são os objetivos principais de todas as práticas meditativas. O silêncio, a leitura e as irradiações recomendadas pelo Racionalismo Cristão são muito importantes nesse contexto. A paz interior começa pelo encontro consigo mesmo e é preciso sabedoria e autoconhecimento para escolher as próprias ferramentas com esse fim.
Thiago Monfredini
Militante da Filial Campinas (SP)