Pesquisas científicas recentes agitaram o mundo científico e as redes sociais: estima-se que 90% de nossas decisões e ações passam por processos inconscientes; somente 10% são conscientes. Algumas pesquisas chegam a apontar que 95% de tudo o que fazemos têm influência de nosso inconsciente, e que o inconsciente é 200 mil vezes mais rápido e potente que o consciente. Essas investigações mostram que a maioria das tomadas de decisão que acontecem em nosso universo psíquico ocorre antes que tome forma consciente. Isso significa que uma parte muito pequena da atividade mental se pode dizer totalmente consciente. Além disso, algumas ações consideradas “automáticas”, como dirigir, sequer passam pelo consciente.
Experimentos indicam partes do cérebro que são acionadas sem nos darmos conta, ou seja, sem o consciente perceber. Trata-se dos avanços em estudos, pesquisas e experimentos científicos objetivando responder à questão: o quanto e como o inconsciente interfere, domina ou comanda nossas decisões, ações e comportamentos? Este artigo objetiva aclarar o que são consciente, inconsciente e suas funcionalidades e responder esta instigante questão na ótica da filosofia espiritualista racionalista cristã fundamentado em sua consistente e vasta literatura.
Nosso universo psíquico é dividido em duas esferas – Consciente e Inconsciente –, cuja relação pode ser comparada a um iceberg. Apenas uma pequena parte de um iceberg é visível, emerge, a maior parte que o sustenta fica submersa, não visível. Da mesma forma, em nosso universo psíquico, poucas de nossas decisões/ações passam por processos conscientes, a maior parte é realizada através de processos inconscientes. Juntamente com o consciente, o inconsciente divide suas responsabilidades em administrar todos os mecanismos da mente.
Originada da palavra em latim Inconscius, essa parte enigmática da mente é fundamental para nossa vivência, pois pode interferir em praticamente todas nossas atitudes. Automatismos, sonhos, preconceitos, opiniões, crenças, inclinações (positivas e negativas), fatos, habilidades, experiências, dados, informações, memórias, conhecimentos e muito mais têm um dedo de inconsciência, ainda que não nos demos conta: justamente o que mais intriga cientistas e interessados no tema.
Existem outras expressões ou termos utilizados para o inconsciente: Corpo Fluídico (filosofia racionalista cristã); Processos Implícitos (neurociência da memória); Subliminares (psicologia social) e Automáticos (psicologia cognitiva). O inconsciente, em termos gerais, é tudo aquilo que recebemos e registramos por meio dos sentidos físicos e metafísicos, mas de que não temos consciência no momento. Inconsciente é tudo o que se faz, mas não se está pensando naquele instante, uma ação de que a mente se recorda e realizamos involuntariamente.
Na ótica racionalista cristã, o ser humano é a mais pura expressão do inconsciente e o inconsciente é a mais pura expressão das diversas experiências vividas pelo espírito, boas e ruins, na atual e anteriores encarnações. O inconsciente é um componente de constituição fluídica, programável e amoldável. É um agregado de matéria fluídica que funciona como um acumulador de vibrações do espírito, positivas e negativas, servindo de repositório (memória) onde são registrados o seu planejamento astral e as experiências vivenciadas em planos físico e metafísico (astral), ao longo de toda trajetória evolutiva do espírito. Nele são indelevelmente registrados fatos, informações, imagens, ideias, conhecimentos, inclinações positivas ou negativas, hábitos e padrões de comportamentos que pertencem ao domínio da memória, adquiridos na atual e anteriores encarnações, que modelam o caráter, a personalidade, influenciando de forma determinante nossa conduta e formas de pensar, sentir e agir.
A sua constituição é de matéria fluídica, oriunda do mundo de estágio do espírito, que pela ação deste pode ser substituída (diafanizada) e transformada (modelada). Sendo a matéria elemento inerte, independentemente de sua densidade, à medida que o espírito vai progredindo, evoluindo, diafaniza o seu próprio corpo fluídico (inconsciente), substituindo a matéria de que é formado por outra mais sutil (menos densa, mais diáfana) e mais de acordo com o seu progresso e suas necessidades evolutivas, pois a matéria em diversas densidades é que fornece os meios e recursos para o espírito se expressar e realizar, mas os registros da memória armazenados em forma de vibrações jamais são apagados.
O inconsciente localiza-se em nosso corpo fluídico (memória de essência ou constituição fluídica) onde memória e mecanismos psíquicos específicos operam entre si como suas funcionalidades. Inconsciente é um tema muito estudado em diversas áreas do conhecimento, como: no espiritualismo, neurociência, psicologia, psiquiatria, sociologia, neurologia, antropologia. Observa-se que essa temática não é nova, pois, segundo registros, desde a antiga Grécia já se tratava desse assunto. A palavra memória provém do grego e tem o sentido de vir à tona, emergir, aflorar o que está submerso e armazenado. Representa a ação de guardar (registrar, acumular) em algum repositório, para posterior ação de recuperar (releitura, lembrar, acessar) o que está armazenado.
O inconsciente está presente e atuante na maioria de nossas ações, mesmo que não nos demos conta. De ações práticas como ler e escrever, até opiniões e decisões, algo nas profundezas da mente pode nos influenciar ou estar no comando. Basicamente, o inconsciente é uma parcela da mente responsável pelo conjunto de processos mentais que ocorrem sem que haja intervenção do consciente. Além de influenciar o pensamento e os sentimentos, o inconsciente reflete também em ações repetitivas, atividades automáticas, tais como andar de bicicleta, dirigir um automóvel, tocar instrumentos, praticar esportes, jogar, batimento cardíaco, respiração, funcionamento de órgãos, todo complexo metabolismo celular e outras atividades que sequer passam pelo consciente, assim, este pode ocupar-se com outras atividades. Primeiramente, o consciente toma conhecimento do aprendizado, mas este somente é fixado e processado passando por processos inconscientes. Há uma enorme capacidade cognitiva de aprendizagem e armazenamento de informações que é atribuída ao inconsciente. Todo o processo de aprendizado é complexo demais, o que torna o consciente incapaz de dar conta de tudo sozinho, afinal, já é tarefa do consciente estar o tempo todo atento ao que fazemos.
Reeditar o inconsciente (memória) significa mais do que simplesmente lembrar. Na maioria das vezes, lembrar não é apenas reviver e, sim, coletar, repensar, reconstruir e atualizar, com informações, conhecimentos, imagens e ideias de hoje as experiências do passado que estão gravadas em nossa memória, em nosso inconsciente. Podemos não perceber, mas o tempo todo enquanto raciocinamos nosso consciente interage, simultaneamente, em via de mão dupla com nosso inconsciente e, também, com o ambiente externo (físico e metafísico) em que estamos mergulhados, recebendo de ambas as fontes mensagens que são sinais, dados, informações, imagens, ideias e conhecimentos que são interpretados e processados em nosso consciente e depois armazenados em nossa memória inconsciente e/ou transmitidos ao ambiente externo de forma trabalhada. O papel do nosso consciente, quando solicitado a trabalhar e deliberar, é, sobretudo, o de captar, comparar, analisar, concatenar, escolher, atualizar e registrar novas versões de ideias, imagens, dados, informações e conhecimentos em nossa memória que é uma das funcionalidades do inconsciente.
Portanto, a resposta à questão “O Quanto e como o Inconsciente interfere, domina ou comanda nossas decisões, ações e comportamentos?”, é: podemos afirmar que dominar não é o termo mais adequado e, sim, nos influenciar fortemente, pois toda bagagem acumulada da atual e anteriores encarnações está armazenada no inconsciente, por isto, é natural o entendimento do quanto o inconsciente interfere e influencia nossas tomadas de decisão, ações, sentimentos e comportamentos. No entanto, a maneira como o inconsciente influencia e interfere em cada indivíduo é relativo, pois depende do histórico de vivências de cada um, isto é, da bagagem de experiências pessoais e coletivas. Sendo o inconsciente tão atuante no nosso modo de pensar e agir, ele também interfere no processamento de lembranças. A forma como as memórias serão arquivadas, isto é, se positiva ou negativa, irá depender de diversos aspectos individuais, como: visão de mundo, convicções e grau de maturidade intelectual, moral e espiritual, a forma como encaramos a própria vida, nossas relações com pessoas, ambiente e atividades e nossas atitudes e posturas frente a estas relações, consciência de nós mesmos e de nossa constituição astral e física, o entendimento possível de tudo que está em nosso entorno, dos fenômenos físicos e metafísicos, do Universo e de sua mecânica.
É possível treinarmos com disciplina e determinação nosso consciente, continuamente, para que aconteça em nosso universo psíquico (consciente e inconsciente) o predomínio e a fixação de padrões comportamentais positivos (superiores) que nos estimulam, vitalizam e fazem crescer, e detectarmos os padrões negativos (inferiores), que nos atrapalham, depreciam e acarretam declínio intelectual, moral e espiritual. É possível treinar nosso consciente para aprender a exercer ação determinante e sobrepujar o inconsciente naquilo que este aflorar, interferir e influenciar de ilógico e irracional. Isso, é evolução!