A estagnação dos relacionamentos apresenta duas causas: a primeira é o afastamento dos valores espirituais que produzem bem-estar psíquico e tranquilidade emocional; a segunda, é a falta de autoconfiança e de confiança nos mecanismos que regulam a vida com vistas a seu aperfeiçoamento e plenitude. Esses fatores criam, sutilmente, um estado de tensão paralisante, que impede as pessoas de entrar em contato com elas mesmas de forma a rever posicionamentos e ajustar comportamentos, o que, na verdade, é condição imprescindível para o incremento e o dinamismo das relações saudáveis.
Quando duas pessoas que convivem e se relacionam percebem que a interação entre elas, embora tenha fundamento na estima e consideração recíprocas, encontra-se de todo esvaziada de seu dinamismo e se mostra insuportável, é momento de reagir. O que faz a pessoa nutrir um intenso desejo de mudança, compelindo-a a procurar uma solução, são precisamente os valores espirituais inatos em sua consciência, e é neles que ela deve se apoiar.
O entendimento de que o convívio afetivo e respeitoso entre os seres humanos tem origem e finalidade superiores eleva e fortalece as atitudes pessoais e a confiança de que todos estão inseridos em um processo de desenvolvimento contínuo dos atributos e faculdades espirituais, como destaca o Racionalismo Cristão. Tal raciocínio vincula os seres humanos com suas raízes, promovendo segurança e estabilidade.
Esclarecendo a dimensão superior dos relacionamentos saudáveis e tendo presente seu horizonte espiritual, todos poderão compreender quais são os fundamentos para a edificação de interações articuladas e felizes.
Todos os relacionamentos têm, necessariamente, suas expressões características. Por vezes, compreende-se que eles se originam como um impulso para a satisfação pessoal, ou como um simples recurso para atender a determinados padrões egoístas presentes na personalidade humana. Mas esse pensamento é deveras limitado: os relacionamentos saudáveis consolidam-se por meio do respeito, da renúncia, da empatia; representam a força da união, que traz consigo alegria, embora muitas vezes acompanhada de choques e dificuldades.
A maturidade espiritual do ser humano se revela em sua capacidade de relacionar-se. Sabemos que não existe relação afetiva perfeita. Os relacionamentos familiares, por exemplo, estão marcados por crises as mais variadas, que implicam em aprendizado e, não raro, intensificam o fluxo afetivo depois de superadas, esclarece o Racionalismo Cristão.
Não deixaremos de afirmar que o hábito de dar verdadeira importância ao diálogo claro e sincero constitui um mecanismo fundamental para viver, exteriorizar e amadurecer o respeito que sustenta as relações, mas, para isso, exige-se um longo e perseverante aprendizado. No que concerne à vida a dois, o modo de formular questões, o momento propício, o tom de voz e o tipo de abordagem são fatores determinantes para a eficácia da comunicação.
Do esclarecimento espiritual brotam relacionamentos vividos sob a égide da dignidade, em que a consideração mútua assume uma sublime posição. É dela que vem o estímulo à renúncia, que não se reduz a um comportamento isolado e fugaz de quem se entrega esperando recompensas. Também podemos afirmar que é do firme propósito de ampliar os sentidos que surgem as autênticas e benfazejas inspirações e intuições. Quando elas promovem atitudes desinteressadas e elevadas que energizam as relações, revelam que a pessoa, pela ação correta de seu livre-arbítrio, utilizou positivamente sua força de vontade.
As análises levantadas na presente reflexão nos levam a concluir que a estagnação de determinados relacionamentos se dá, como dissemos em nossa introdução, pela inobservância de duas premissas básicas. Com certeza, a autêntica vivência dos valores espirituais e o desenvolvimento da confiança – que, de certa forma, é sua consequência – promovem uma exigência absoluta de respeito à vida e ao ser humano. São essas premissas que permitem o reconhecimento da interconexão e, mais do que isso, da interdependência entre os seres humanos, de modo que a partir dessa constatação podemos revalorizar o convívio dinâmico e afetuoso, sustentáculo de uma paz verdadeira e duradoura.
Muito Obrigado!