“O ano era 1910, o então ERC CRISTÃO se apresentou ao mundo com um discurso humanista, reflexivo, apontando melhores caminhos nos relacionamentos pessoais. Colocou-se também diante da ciência com retórica própria, destituída de feições herméticas, para tão somente revelar a simples composição do Universo e dizer da razão da vida, qual seja: ação da Força sobre a Matéria. A partir daí, discorreu sobre o fluxo ininterrupto das leis evolutivas e asseverou com mestria não existirem mistérios na obra da natureza. O sobrenatural deixaria de povoar o imaginário daqueles que, honestamente, queriam dar um passo adiante. O ERCC falou diretamente a todas as inteligências, que seria possível, sim, conviver equilibradamente com percepções singulares, e delas se sugerem restrição ao mau uso do livre-arbítrio, voltando-se, pois, a um viver pleno, vez que, consciente o ser humano das suas capacidades espirituais, morais e físicas.” Assim o diretor bibliotecário da Sede Mundial, Jefferson Cunha, abriu seu discurso na comemoração dos 111 anos do Racionalismo Cristão, no qual deu alguns detalhes de sua história. Prosseguiu:
“O ano de 1910 se agitou com a indústria automobilística de Henry Ford e o surgimento de assembleias religiosas. Assim, a fé na conquista do dinheiro, na ânsia de consumo, e a fé nas proteções bíblicas moveram parte da sociedade a acreditar mais nas exterioridades, dispensando-se comodamente das indispensáveis verificações íntimas. Foi nesse ambiente, aparentemente imprensado que o ERC Cristão despontou com toda a força, impelido pela relevância do conhecimento, sublimação do amor, lucidez na confiança, sensibilidade para a beleza, e irrestrita decência integradora da ética.
A filosofia espiritualista que se mostrava foi elaborada com estudos, bastante dedicação, e uma gigantesca vontade de fazer o bem. A quatro mãos, essa riqueza de ensinamentos começou a delinear seu percurso visando à solidificação de uma instituição: o Centro Espírita Redentor. Luiz de Mattos, o timoneiro da pesquisa, do cotejo, da elaboração conceitual dos princípios doutrinários e o seu amigo Luiz Thomaz, o entusiasta da fixação e ampliação das bases locais de divulgação do inédito procedimento de bem viver, mobilizava recursos para dar visibilidade e perenidade à grande obra.
Ganhava força e forma a Filosofia da Verdade. A Inteligência e erudição de Luiz de Mattos, treinado num jornalismo palpitante, embevecia aqueles que acorriam para ouvi-lo, do mais humilde ao mais instruído. Assim, conquistou respeito e admiração. Não tardou, e avolumou-se um contingente de voluntários dispostos a ajudar na realização atividades espiritualistas. É certo que objeções surgiram, porém todo o cuidado observado pelo grande mestre, dentre outros evidentemente, foi o de não alimentar ilusão nas pessoas afastando-as do desejo de manterem contatos além-túmulo, pelos riscos possíveis de consequências danosas ao seu equilíbrio psíquico, quiçá à sua higidez física. Num constante desenrolar de acontecimentos as pessoas viram períodos de euforia e de abundância serem confrontados com etapas de tristeza, doenças e carências. Contudo, sempre presente, o agora já RC com sua posição esclarecedora, fortalecedora, o amigo inseparável dos seres, incorporado nas melhores orientações filosóficas e espirituais para as tomadas de decisões.
Completados 111 anos, registramos que até 18 de abril de 2012 o RC foi dirigido no mundo físico por Luiz de Mattos, Antonio Cottas e Humberto Rodrigues; daí aos dias atuais por nosso presidente Gilberto Silva. Por eles, todos os seres terão, em algum momento de suas trajetórias, especial admiração e reconhecimento por seus feitos. Em verdade, a motivação dessas grandes figuras humanísticas foi o desejo de ver as pessoas conscientemente felizes: por isso a luta, a entregados “melhores anos” de suas vidas aqui na Terra.
Assim caminhou o RC, ao longo do século XX até os dias de hoje. Aspectos frisantes dessa gloriosa jornada são destacados pelo invariável concurso de dedicados militantes, amigos da Causa, empolgados divulgadores, que dão vida à poesia de Sir Elton John, na canção Circle of life; Ciclo da Vida, que diz em um de seus trechos: “há mais a fazer do que jamais poderá ser feito”. Assim, cientes dos compromissos, não se percam, jamais de suas infinitudes, ricas que são em possibilidades distributivas do bem.
Quando o RC for bem estudado, bem aplicado e bem compreendido por todos e, que nele, expurgado das equações pessoais, se reconheça conscientemente a verdadeira fonte da sabedoria, então estará achada a estrada do progresso espiritual, consequência incontrastável do progresso moral e intelectual.
Nos últimos lances desse singelo texto, fica a admiração e o respeito por nós, raça humana, que aceita o desafio de aqui estar. Saudações ainda a todos os colaboradores do Redentor. Finalizando, parabenizo todos os militantes, e em especial atenção ao fervilhar de nossas consciências sugiro uma consulta intimista que nos provoca por vezes a saber: por que, mesmo, nos tornamos racionalistas cristãos?”