Solenidade completa

Amigos, celebrar a espiritualidade é exercitar a esperança:

Hoje, no dia 26 de janeiro de 2021, comemoramos o Dia da Espiritualidade e o aniversário de fundação do Racionalismo Cristão, duas datas que guardam uma estreita e sublime relação de reciprocidade, emoldurada pela beleza e pela espontaneidade.

A celebração desses dois eventos em um mesmo dia enseja estabelecer unidade de vistas quanto à identidade substancial que ambos encerram. Nesse contexto, a data de hoje traz o selo de uma solenidade completa.

Dos inúmeros pontos de intercessão existentes entre o Dia da Espiritualidade e a filosofia racionalista cristã, convém destacar que ambos desempenham uma função legitimadora quanto à necessidade de pôr em relevo, sobretudo na época atual, os sublimes valores da transcendência, a fim de que os seres humanos desorientados e sequiosos de explicações racionais relacionados à vida possam cotejar a superioridade dos princípios e da vivência espiritualista com a frivolidade própria da superficial experiência materialista, que bloqueia o aprimoramento do espírito e o impede de manifestar, favoravelmente, suas potencialidades.

Decorrido mais de um século de fundação do Racionalismo Cristão, mantém-se, embora adaptado às circunstâncias históricas, como, aliás, determinaram seus fundadores, o sentido principal de sua existência: esclarecer a humanidade acerca de sua essência espiritual e do valor dos atributos espirituais que cada ser humano possui em seu interior. Nessa perspectiva, os princípios de nossa Filosofia de vida abarcam o que há de individual, próprio e pessoal, bem como o que há de coletivo, comum e impessoal no conjunto dos seres humanos. Tais princípios, há décadas divulgados e postos ao alcance de todos, passaram a ser patrimônio da Humanidade: estão à disposição de quem deles queira se apropriar para se aprimorar.

Na época atual, especialmente propícia para a reflexão e para a revisão de conceitos, em que os problemas sociais e psíquicos se aguçaram pelas inevitáveis transformações introduzidas pela pandemia, comemorar o Dia da Espiritualidade é, de certa forma, celebrar a Humanidade de maneira integradora, ou seja, no que ela tem de mais elevado e substancial.

As diversas dimensões da cultura – o teatro, a pintura, a literatura, a sociologia, a filosofia etc. –, quando dissociadas do transcendente, ressentem-se de conteúdo e de importância. Tenha-se em mente que os perniciosos influxos materialistas que promovem uma relação de exclusão entre as dimensões do humano e da experiência espiritualista têm prejudicado o processo que conduz à maturidade emocional e, a bem da verdade, à saúde integral.

Mais do que a tolerância às manifestações ou conceitos espiritualistas, queremos ressaltar neste dia o inconfundível e magno valor da Espiritualidade, que redunda no reconhecimento e no cuidado da dignidade e igualdade essencial de todos os membros do tecido social.

Situando-nos no horizonte da reflexão transcendente, vemo-la ser alçada a seu ponto culminante no momento em que a ética e a moral se articulam em uma poderosa síntese espiritualista capaz de ressignificar todos os atos humanos, desde os mais comuns até os mais extraordinários.

Celebrar a Espiritualidade, amigos, é exercitar a esperança, é iluminar a consciência, é valorizar a dignidade humana, é exteriorizar um profundo senso de compromisso com o bem comum. Nesse contexto, expressamos nossa gratidão a tantos quantos nos honraram com sua presença no dia de hoje, que, por fortalecer, a um só tempo, laços de autêntica amizade e convicções espiritualistas da mais alta significação, será certamente inesquecível.