Terá sido por açodamento? Terá sido por imposição de patrocinadores da campanha eleitoral? Terá sido por desinformação? O que terá levado, afinal, o presidente da República a formar uma equipe ministerial que não se afina e que a menos da metade do caminho começa a esfacelar-se; na verdade um amontoado de ilustres senhores que receberam os mais importantes e bem pagos cargos do Executivo, capacitados ou não.
A cúpula regente do país não se entende. Em um microfone o presidente diz que a palavra final sobre determinado assunto é a do ministro X; noutro microfone sugere comportamento diverso do recomendado por tal ministro. Em que microfone acreditar? O eleitor-contribuinte fica desnorteado, se perde.
O presidente nomeia seus ministros; tem o direito e o poder de demiti-los. Não precisa provocar expectativas, clima de terror, cozinhar o galo em água morna. Se decide exonerar que o faça sem irritar a opinião pública, sem criar suspense.
Os brasileiros acompanharam, estarrecidos, a grosseira brincadeira de cabo-de-guerra entre o presidente e o então ministro da Justiça e Segurança Pública em torno da demissão de um servidor público. Todos sabiam como acabaria o jogo, mas o final foi retardado, adiado. Seguiu-se ferrenha troca de acusações: traíra pra lá, traíra pra cá, libera ou não libera o vídeo da reunião definitiva… enquanto isso os brasileiros se espremiam no alambrado tentando adivinhar o que continha o vídeo que não podia ser divulgado. O que os ministros do Supremo e o povo não podiam saber? Vergonhoso episódio!
Pouco antes desse vexame já o ministro da Saúde havia sofrido um período de fritura até o defenestramento, porque, com o conhecimento de que dispõe, alinhou sua opinião à da Organização Mundial de Saúde com relação aos cuidados com o coronavírus, tema tabu no Palácio do Planalto.
Surge um terceiro vai-vem, este de fundamento puramente ideológico que levou o personagem a professar publicamente simpatia pelo golpe de 1964 e suas consequências. Até que foi.
Quando se pensava que a crise havia sido superada, eis que o novo ministro da Saúde pula fora. Teve lá suas razões.
Ah, a confiança começa a esvair-se! A esperança na recuperação do equilíbrio, fortemente abalado, porém, não se esvai. Ainda é tempo, acredita-se, de acertar, de compor, de afinar o trabalho. E agora, mais necessário que nunca, porque será preciso muita força e coesão para soerguimento da derrubada que a pandemia da Covid 19 está provocando.
Sr. Presidente, ponha a mão na consciência e poupe-nos de suas bravatas e exibições. Não foi para isso que a grande maioria do povo brasileiro lhe entregou o destino do país. Esse povo quer um governo sadio e descomplexado.