Qualquer desavisado pode tornar-se vítima do conto do vigário ou ter o anel de ouro surrupiado por uma “cigana” que lhe vá ler o futuro nas linhas da mão; pode, ainda, por distração ou por excesso de preocupações a lhe toldar os pensamentos, embarcar numa condução errada e somente se dar conta do erro no ponto final. Qualquer pessoa pode ser lesada por uma propaganda enganosa que ofereça negócio imperdível de lucro certo e fabuloso.
Em resumo, estamos todos à mercê de espertalhões, mas todos confiam em um ou outro candidato a cargo eletivo. Tanto mais confiável quanto sua capacidade de convencimento de que é a pessoa mais indicada para gerir os negócios e administrar seu condomínio, bairro, cidade, estado, país.
Influirão para sua escolha a pose, um ou outro dado positivo de seu passado e a capacidade de deixar seus concorrentes de saia justa. Tem sido assim desde que se adotou o sistema eleitoral. E foi assim na última eleição para governador do Estado do Rio de Janeiro. Posudo, bem falante, ganhou a confiança da maior parte do eleitorado e foi parar no Palácio Guanabara.
Assim como se diz que a uma mulher não basta ser séria, ela precisa parecer séria, também a um governador de estado não basta ser sério, ele precisa também parecer sério. Quando o mandato desse governador é questionado e a permanência dele no cargo passa a ser decidida pelo Poder Legislativo através da votação de impeachment, ele já não parece sério, qualquer que seja o resultado da votação.
O governador do Estado do Rio está sendo questionado na Assembleia Legislativa pela suspeita de envolvimento em escândalos de corrupção na área da Saúde frente às despesas consequentes da pandemia da Covid 19. Ele diz ser inocente e afirma que as acusações são levianas. Ainda que absolvido, ainda que não se provem as acusações de que foi alvo e que resultaram no pedido de impedimento, restará a mancha no currículo.
Não se trata de um confronto partidário, de um argumento para tomada do poder. Trata-se, isto sim, da suspeita de uma situação muito mais seria: o avanço em verbas que deveriam ser aplicadas em benefício de um povo que está ameaçado de morte.