Os atributos espirituais consistem em um conjunto de potencialidades inerentes ao espírito e indispensáveis ao ser humano no estabelecimento de uma existência alinhada com seus objetivos evolutivos. O desenvolvimento consciente, positivo e, tanto quanto possível, simultâneo dos atributos espirituais é condição propiciadora de uma vida digna e fecunda, como sempre é enfatizado no Racionalismo Cristão. 

Não há um rol determinado e fixo de predicados do espírito. As necessidades de aprimoramento variam intensamente e, de acordo com o contexto histórico, econômico e social em que o ser humano desenvolve suas atividades, novas demandas podem surgir, suscitando a descoberta de potencialidades latentes e, muitas vezes, até então desconhecidas. É precisamente a pluralidade de talentos próprios do espírito que confere a sua trajetória uma beleza inigualável. 

Em geral, todo atributo exprime uma capacidade de aprimoramento, que pode ter espaço no campo mental, emocional ou sentimental. Por essa razão, o estudioso da transcendência não poderá deixar de levar em conta a conexão íntima e indissolúvel entre a compreensão do valor e do alcance de suas potencialidades e uma vida plena de vigor, moderação e superação. Portanto, quem toma contato com as sublimes realidades do espírito e não se empenha em ampliá-las abala pelo alicerce a própria dignidade. 

Quando o ser humano não tem em conta a amplitude do poder espiritual de que é portador, surge para ele o perigo, por assim dizer, de que o egoísmo e a indiferença em relação ao transcendente prevaleçam sobre as exigências evolutivas que lhe tocam. Quando, porém, ele exercita e amplia seus recursos internos, verifica o quanto eles são essenciais para o cumprimento das responsabilidades e dos deveres e, por conseguinte, para o alcance da felicidade. Vejam os amigos a importância do estudo e da vivência dos ensinamentos racionalistas cristãos que divulgamos.  

Não é demasiado insistirmos: quanto mais a pessoa se empenhar na ampliação de suas qualidades e faculdades e no desenvolvimento de seus atributos espirituais, tanto melhor saberá agir diante dos casos concretos que a vida não cessa de lhe apresentar, pois seus atos refletirão os conteúdos retos ditados por sua consciência. A reflexão atenta, comedida e ativa, que é alimentada pela seiva intuitiva do pensamento ético e vigoroso, proporciona uma célere e acertada tomada de decisões, sendo o veículo privilegiado do discernimento e da prudência. 

Sem dúvida, é necessário reconhecer que, por muito dificultoso que seja o empenho para o desenvolvimento ordenado dos atributos espirituais, não se exclui dessa trajetória um sentimento de profunda alegria. É verdade: se, por um lado, o processo de crescimento espiritual é por vezes doloroso (qual é o crescimento que não importa em dor?), por outro lado, a felicidade oriunda desse processo excede toda alegria provisória e efêmera, própria da materialidade e cujas consequências são danosas e imprevisíveis. 

Rememorar a importância dos atributos do espírito, tema frequente em nossos artigos, é suscitar uma análise capaz de abranger uma profusão de aspirações legítimas e éticas, às quais jamais deve o ser humano renunciar. Esse tesouro interior é a fonte de que as pessoas esclarecidas extraem os elementos para o enfrentamento das mais diversas situações. Não se pode, na verdade, avaliar de maneira completa o quão significativo são os atributos espirituais para o aprimoramento da personalidade, pois sem o raciocínio, a sensibilidade e a criatividade – só para citar alguns –, não lograria o ser humano conquistar a liberdade, que é seu maior bem. 

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