Nos dias que atuais, permeados de turbulenta algazarra, de notícias falaciosas e de exageros desconcertantes que promovem o esfacelamento do equilíbrio emocional, é necessário que o ser humano se esclareça espiritualmente e empreenda uma viagem para dentro de si mesmo, a fim de utilizar-se dos atributos do espírito para a solução dos desafios que se lhe apresentam e para a conquista efetiva de seus ideais. Nesse sentido e aceitas essas premissas, apresentaremos uma breve síntese sobre o tema à luz dos ensinamentos do Racionalismo Cristão.
A incapacidade de reconhecer os próprios valores espirituais cria a dependência emocional; a dependência emocional causa a insegurança; a insegurança provoca a ansiedade; a ansiedade origina uma miríade de distúrbios psíquicos, que, por sua vez, desviam os seres humanos de seus mais legítimos anseios. Percebam que tudo nasce da negação dos atributos espirituais, dos valores internos que todos possuem, daí a importância de voltarmos sempre a esse importantíssimo tema, sensato e adequado a todas as épocas.
A valorização dos talentos e dos predicados espirituais, que todo ser humano possui, é assunto que deve ser abordado em todas as camadas sociais e por pessoas de todas as faixas etárias. Principalmente os mais experientes, em salutares diálogos familiares, devem orientar os jovens acerca do imenso valor que possuem em seu interior, pois quando a personalidade está em formação e os sentimentos de separatividade entre o concreto e o abstrato ainda não se tornaram inflexíveis, é sempre mais fácil manter a consciência da unidade do ser. Há que ressaltar que, quando nos dirigimos às crianças e aos jovens de maneira cuidadosa e afetuosa, sem pretender estabelecer uma relação de comando e obediência, eles assimilam mais facilmente as orientações que lhe são dirigidas e mostram nitidamente sua satisfação.
Sem a disposição de voltar-se para dentro de si, de enxergar os valiosos talentos e faculdades que se encontram em seu interior, por mais que o ser humano almeje o êxito na vida, este jamais se manifesta de maneira plena e bem distribuída. Quando eventualmente surge, é de maneira fragmentária; não poucas vezes, ressoa e desaparece, causando frustração, saudosismo e devaneios doentios que culminam na arbitrária e inadequada transferência de responsabilidades.
Raramente, no contexto da existência do ser humano que vive na materialidade e na direção do que dissemos anteriormente, o êxito assume a plenitude e se distribui nas mais importantes dimensões da vida. Assim, quando ele vai bem nos negócios, tem dificuldades nos relacionamentos; quando prospera em sua carreira, falta-lhe a saúde emocional e assim por diante. Isso – ninguém duvide – é fruto de uma percepção reducionista da vida, é consequência direta do querer limitar a realidade ao perceptível pelos cinco sentidos. Com isso, a limitação autoimposta redunda na negação das próprias capacidades, e essa negação se traduz na subordinação da pessoa a um conjunto de forças alheias a ela e contrárias a seu desenvolvimento.
Os ideais interiormente acalentados e a realidade objetivamente vivenciada unem-se, complementam-se e confirmam-se mutuamente quando o ser humano é capaz de contemplar a si mesmo, focalizando a própria essência. Focalizar a própria essência significa assenhorar-se das próprias capacidades e desenvolvê-las simultânea e equitativamente em benefício individual e coletivo. O entrelaçamento e a fusão da inteligência e do raciocínio, da criatividade e da capacidade de amar e de realizar, por exemplo, permitem que a pessoa vença a si mesma, consolide o caráter e assuma o protagonismo da própria vida.
Quando afirmamos, a partir de formulações filosófico-espiritualistas com base nos ensinamentos divulgados pelo Racionalismo Cristão, que todos possuem em si inúmeras e admiráveis capacidades, salientando em nossos trabalhos a estrutura dúplice dos seres humanos – Força e Matéria, dos quais a primeira é portadora de incontáveis atributos –, queremos oferecer ao estudioso da espiritualidade os subsídios fundamentais para a ampliação de seu horizonte existencial.
O resultado prático a que visamos ao divulgar os conhecimentos racionais e benéficos enfeixados nesta sintética reflexão é plenamente atingível quando o ser humano se reveste de humildade e, livre de preconceitos e apegos à aparência, adere conscientemente aos valores da espiritualidade.