Valioso critério

Talvez hoje, mais do que nunca, a busca pela serenidade se revele como uma atitude prioritária e uma inteligente resposta ante a agitação e a turbulência que marcam os tempos atuais.

Com o espírito sobressaltado e a mente inquieta, dificilmente alguém será capaz de superar os obstáculos que a vida oferece, vencer as dificuldades que se lhe apresentam e concluir os projetos que começou. Daí resulta a importância de cultivar a serenidade, sem a qual o ser humano não consegue exprimir e exteriorizar de maneira coerente e plena seus atributos e faculdades espirituais.

A presente reflexão se propõe a lançar luz sobre o relevantíssimo tema da serenidade, sob a ótica defendida por nossa filosofia de vida, o Racionalismo Cristão.

A serenidade é um valioso critério a ser utilizado para reconhecer com segurança as autênticas intuições e inspirações que chegam ao ser humano através dos canais da transcendência. Tal realidade, constatada por todos aqueles que buscam conhecer-se melhor e espiritualizar-se cotidianamente, geram uma grande certeza, reascende a vontade de harmonia interior e dilata os horizontes de compreensão e discernimento.

O esclarecimento espiritual e a maturidade emocional a ele inerente nos impelem a vivenciar de maneira prática e constante a humildade, a disciplina, a atenção aos ciclos da vida e incontáveis outras virtudes que oferecem magníficas ocasiões para cultivarmos a paz interior, a harmonia das emoções e, sobretudo, a alegria espiritual, que dissolve o sobressalto e a tensão impostos pela agitação do dia a dia a seres de todas as idades em múltiplas ocasiões.

O sentimento predominante na mente da pessoa arrogante e materialista transparece em suas atitudes, gestos e relacionamentos: trata-se da inquietação, quando não o desacerto. Diuturnamente e em vão, ela busca, por meio da aquisição de poder, status e bens materiais – ou então a partir de hábitos viciosos e prazeres inadequados –, preencher um vazio que o angustia, atordoa e deprime. De modo contrário, o espiritualista vive constantemente um estado de espírito pleno, permeado pela alegria que distinguem as pessoas serenas, calmas e equilibradas, irradiadoras de pensamentos lúcidos e elevados, capazes de alterar positivamente a realidade que as envolve, através da força de seu pensamento, como nos ensina o Racionalismo Cristão.

A serenidade é alimentada e consolidada a partir do diálogo, da cordialidade, da paciência, do entendimento, da ampliação de perspectivas, enfim, da disponibilidade em acolher as oportunidades de crescimento espiritual que a vida oferece a todo momento. Quando fortalecida por tais valores, a serenidade representa – não haja dúvida – um verdadeiro e eficaz escudo contra a hesitação, as oscilações de humor e as arremetidas insidiosas, confusas e desestabilizadoras, sendo especialmente útil a quem atravessa adversidades e reveses.

Diante das dúvidas crônicas e das situações complexas, deve o ser humano ser firme, nunca perdendo a razão, mas encarando os fatos com a serenidade profunda e a paz interior que brotam da vivência da espiritualidade proposta pelo Racionalismo Cristão, que faz calar em si todas as vozes do engano e da mentira.

Vivenciar os valores da espiritualidade, ou seja, colocar em prática, todos os dias, os princípios transcendentes do diálogo, do respeito, da honestidade, da sinceridade e da coerência significa não apenas fortalecer o equilíbrio psíquico, mas criar um ambiente mental propício a uma experiência serena e harmônica.

Que, ao absorvermos os conteúdos e subsídios apresentados na presente reflexão, saibamos afastar de nós as fontes de agitação, sobressalto e ansiedade, que são, no mais das vezes, o desejo de poder, a falta de limites, a desatenção em relação aos valores e às realidades do espírito e, sobretudo, a indisciplina. Só assim havemos de nos fortalecer espiritualmente e cultivar a serenidade, cujos frutos generosos e cativantes nos revigoram ao longo de nosso caminho de autodesenvolvimento.