Ter uma visão ampla e inclusiva sobre a realidade significa ter um olhar espiritualista que permita analisar os fatos, estudar as circunstâncias, ver as coisas não apenas a partir de sua exterioridade e superficialidade, mas penetrar em sua essência, a fim de suscitar intuições e acolher inspirações.
Procuraremos demonstrar nesta reflexão que a correta interpretação da vida requer despojamento e uma forte disposição de buscar compreender todas as coisas pelo ângulo da transcendência.
Muitas pessoas reclamam que não lhe chegam, com a frequência que desejam, ideias e inspirações. Ora, não estariam tais pessoas fechadas para a vida em sua dimensão transcendente? As intuições afloram quando nos encontramos com a autêntica e firme disposição de nos abrirmos à espiritualidade, dispostos a ouvir nossa voz interior, despidos de preconceitos e vaidade.
As boas ideias e as intuições mais felizes, que nos permitem uma visão ampla e inclusiva, também dilatam admiravelmente nosso horizonte existencial. Elas podem surgir em âmbito doméstico, na rua, no trabalho, em um passeio, nos momentos de estudo e até mesmo em horas difíceis e desafiadoras. Há que ter em mente o seguinte: a vida ganha relevo e importância quando valorizamos cada detalhe que a integra.
Reiteramos: Toda visão que seja refratária à influência do espírito e suas manifestações, como soem ser a intencionalidade, a cogitação e o pensamento, torna-se limitadíssima, para não dizer improdutiva e vazia. O ser humano que, negando a transcendência dos fenômenos, se amesquinha na visão estritamente material é incapaz de pensar bem e favoravelmente, de criar, por meio do controle de suas reflexões, formas mentais promissoras e elevadas que visem à ampliação de suas capacidades perceptivas.
Uma visão mais ampliada e integradora deve sempre se fundamentar no desenvolvimento de hábitos sadios e no consequente aprimoramento da própria personalidade quanto ao valor da atitude, exteriorizada em gestos dignos, probos, honestos e íntegros que redundem inevitavelmente no bem comum.
É pelo cultivo das virtudes e pela lapidação do caráter que o ser humano aprende a conciliar as demandas da vida prática com os elevados preceitos da espiritualidade, sem negar a objetividade da realidade física ou a subjetividade do ser humano, que deve buscar incessantemente seu aperfeiçoamento moral e muito avança nesse sentido quando bem aproveita suas intuições e as inspirações que lhe chegam pelos canais da espiritualidade, como nos esclarece o Racionalismo Cristão
Cativo na desordem de seus pensamentos e cogitações, aquele que não tem um olhar para a espiritualidade, torna-se vítima de si mesmo, das superficiais e cristalizadas ideias que inadequadamente acalenta, conforme sua observação simplista e deformada da realidade.
Em conformidade com os princípios divulgados e defendidos pelo Racionalismo Cristão, nosso objetivo consistiu, ao longo desta reflexão, em tornar acessíveis os importantes conhecimentos que proporcionam a visão integradora da espiritualidade – inclusiva e ampla, por excelência – e que constituem, para o ser humano contemporâneo, um diferencial incomensurável na edificação de uma vida feliz.