Sensação e percepção

Aprendemos, desde os primeiros anos de escola, que nos relacionamos  com o mundo por meio de nossos cinco sentidos físicos e seus órgãos de captação (entre parênteses) que são a visão (olhos), a audição (orelhas), o olfato (nariz), o paladar (boca) e o tato (mãos e pele). Todavia, alguns autores enumeram muitos outros sentidos físicos, chegando a apresentar e descrever até 33. Desses, em nosso artigo publicado pelo jornal A Razão de janeiro/2021, intitulado Quantos sentidos tem o ser humano?, apresentamos os 12 sentidos físicos mais importantes. São os órgãos sensoriais que servem para captar os estímulos que nos chegam por via dos sentidos.

Agora, vamos procurar entender sua verdadeira natureza e como elas agem entre si através dos estímulos, sensações e percepções e o que significam. Existem pelo menos três teorias para explicar os mecanismos de ação envolvidos, propostas por cientistas e filósofos, todas de natureza materialista, mas delas não trataremos neste artigo.

Sensação. Temos sensação de sede, fome, frio, calor e tantas outras captadas de fora para dentro de nosso organismo ou mesmo algumas já internalizadas. São os sensores, verdadeiros nervos ou células nervosas especializadas, que fazem esse trabalho, enviando os estímulos ao cérebro, que os decodifica e interpreta.

Com base nessas considerações, podemos definir sensação como sendo o ato de captar, converter e transmitir estímulos através de nossos órgãos sensoriais, o que constitui um processo fisiológico. Todas as sensações são, por natureza, seletivas.

O processo da sensação compreende, portanto, três etapas:

1. detecção – as células nervosas especializadas detectam os estímulos através dos órgãos sensoriais;

2. transdução ou codificação – o estímulo é convertido em impulso nervoso e transmitido até o cérebro: e,

3. interpretação ou decodificação – o cérebro interpreta o estímulo nervoso e envia uma mensagem dessa interpretação de volta ao órgão sensorial onde o estímulo vai ser percebido através do fenômeno da percepção, Daí, a percepção ser o ato de interpretar um estímulo deflagrado através dos mecanismos sensoriais.

Portanto a percepção é um processo mental que se consuma no cérebro, que, por sua vez, reproduz o conhecimento e as capacidades cognitivas que são direcionadas ao corpo fluídico da pessoa, onde tudo, de fato, acontece sob o comando e controle do espírito.

Do que foi exposto, se infere que sensação envolve a estimulação dos órgãos sensoriais e que percepção é o ato de prestar atenção, organizar, selecionar e interpretar a sensação. A partir daí, a sensação transforma-se em percepção, com base no aprendizado e no conhecimento adquirido. Conforme a origem, as sensações provêm do ambiente (externoperceptivas), do  interior do corpo (internoperceptivas), proprioperceptivas (como por exemplo, a dor, a fome etc) e cinestésicas, que são de movimento e captam várias origens combinadas ao mesmo tempo, como o movimento.

Percepção. A percepção é algo bem mais complexo e envolve funções cognitivas, interpretação dos sentimentos e emoções que têm a ver com os estímulos trazidos pela sensação. É o encontro da cognição com a realidade do indivíduo. Além disso, ela depende das informações do meio ambiente e do significado que a pessoa que as recebe atribui a elas. Essas informações podem incluir diversos fatores como atenção, observação, consciência do que está sendo observado etc. Assim, a percepção não depende somente dos estímulos recebidos (sensações) pelo cérebro, mas é, de fato, o resultado final integrado com os fatores, as expectativas e o conhecimento que a pessoa já tenha acumulado a respeito (habituação) do assunto ou do fato.

Há muitas outras situações específicas envolvidas no processo de interpretação das percepções. Uma delas é a habituação que ocorre quando a pessoa se habitua com o estímulo, prestando menos atenção a ele. Outra situação é a da adaptação sensorial que ocorre quando as células sensoriais receptoras não disparam enquanto não ocorrer uma alteração na estimulação. Nesses casos, a pessoa deixa de perceber o estímulo.

Mais fantástico ainda acontece quando o que a mente percebe não corresponde necessariamente aos estímulos das sensações captadas pelos órgãos sensoriais e levadas até ao cérebro. Nesse caso, ocorrem as ilusões perceptivas, como, por exemplo, as tão conhecidas ilusões de ótica.

Outra noção importante no caso das percepções é a que diz respeito à quantidade de energia necessária para se perceber um determinado estímulo. Isso é conhecido pelo nome de limiar. Neste particular, temos o limiar absoluto, que é a estimulação mínima (sensibilidade) necessária para detectar-se um estímulo. Esse grau de sensibilidade é sempre diferenciado entre as pessoas. E há, ainda, o limiar relativo, que é a diferença mínima entre dois estímulos para eles serem percebidos.

Apesar dessa tecnicidade relacionada à percepção, cabe ainda saber que existem fatores que afetam a nossa atenção e, portanto, os nossos limiares, como a fadiga, uma noite mal dormida, o cansaço, álcool, drogas etc. Daí as pessoas sujeitas a essas condições necessitarem de um estímulo maior para serem percebidos. Um exemplo clássico é a distração, que precisa de um estímulo maior dos órgãos sensoriais envolvidos para ser detectado o seu efeito. Ao contrário, com esforço de concentração precisamos de um estímulo menor para ser detectado.

Para terminar, podemos afirmar, com a compreensão do que foi exposto neste tema, que o corpo do ser humano dispõe de órgãos sensoriais e poder de percepção desenvolvido ao longo da evolução das espécies nos três reinos da natureza que o precederam. Eles são afinados com sua evolução espiritual. Para finalizar, o corpo humano é uma máquina maravilhosa estruturada para servir ao espírito que o comanda e o controla.