A mentalidade do jovem, que tem um poder de fixação admirável, possui, naturalmente, a tendência para imitar, gosta de experimentar e por curiosidade procura fazer o que mais lhe agrada, mesmo contrariando princípios de moral e até de higiene.
É que, não sabendo distinguir o que mais lhe convém, quer fazer aquilo que os de outros países fazem, coisas muitas vezes absurdas, desagradáveis que o prejudicam tanto moral como fisicamente.
Não tendo o jovem absorvido uma educação em termos reais, é assaltado por vacilações: não tem a mente fixa em objetivos definidos. Carece de quem o oriente e pontifique pelo exemplo.
Os usos e costumes atuais não devem ser pautados pelos normas antigas. O homem evoluiu mentalmente, ampliou seus conhecimentos sobre higiene, alimentação e tudo mais que é uma garantia para a saúde do corpo e do espirito, por isso mesmo se torna impossível a sua volta ao passado, sem que retroceda.
Admitir nos rapazes o uso de roupas ligadas ao corpo e cabelo comprido, cobrindo as orelhas, contraria frontalmente as regras de higiene física. O corpo precisa de movimentos amplos para facilitar a circulação, bem como o cabelo curto é de fácil limpeza e conservação. Assim, o jovem deve adotar princípios higiênicos salutares e que deem boa aparência. Não se pode compreender a adoção de coisas que o expõem ao ridículo, a não ser que o senso de realidade tenha desaparecido.
Ao se folhear a história, há de se encontrar muita coisa boa e útil que os antigos adotavam. É verdade que cada época criou suas características próprias, consoante a sua evolução. Vive-se hoje a era da indústria, do rádio, da televisão, em que as atividades humanas exigem desembaraço, rapidez e simplicidade, o que não acontecia antigamente. Deve-se primar pela abolição do supérfluo e optar pelo natural e essencial. A complicação é uma grande inimiga da evolução. O tempo hoje vale muito mais do que outrora.
Os vícios e os excessos também influem na saúde do corpo e do espirito, roubam a força vital, dilapidam economias, tornam o homem um vencido. É natural que se use as boas coisas, porém com moderação; as coisas más não se deve querer ou, muito menos, nelas pensar.
O jovem que possui imaginação fértil e inteligência viva não pode se apegar a coisas fúteis, desnecessárias e inadequadas, senão pela ausência completa de conhecimentos verdadeiros da vida, das leis que regem a saúde moral e física.
Tenha, pois, jovem o cuidado de não permitir que ingressem na sua mente os miasmas do passado; você que deseja coisas novas não deve retroagir a uso de práticas que estão fora de época e são inconvenientes a sua formação.
Publicada em 20 de agosto de 1966.