Muitas pessoas não avançam em seu relacionamento com a espiritualidade, deixando de haurir as incontáveis possibilidades existentes nesse campo, por descurarem da necessidade de expandir a consciência e ampliar a maneira de pensar. O pensamento compõe um horizonte quase ilimitado para o progresso espiritual do ser humano. Procuraremos demonstrar nesta reflexão que pensar diferente, no contexto dos estudos do Racionalismo Cristão, significa pensar de forma inteligente, ou seja, abstrair os condicionalismos, os preconceitos, as reduções do senso comum, os clichês desgastados e os conceitos impostos.
A transformação do pensamento resulta, inicialmente, da ação vigorosa da força de vontade direcionada ao aperfeiçoamento intelectual, ético e moral do ser humano. Requer o uso adequado do livre-arbítrio e uma experiência de vida pautada no estudo e na observação dos fatos e fenômenos que se desenrolam na História.
A imaginação é, se dúvida, um recurso formidável para a expansão das possibilidades no campo do pensamento. Sem imaginação, a pessoa bloqueia a criatividade e a espontaneidade, de modo que sua experiência de vida se torna estéril e seus pensamentos reproduzem, no mais das vezes, as manifestações irrefletidas que ela absorve do senso comum.
Na história da filosofia, muitos conhecimentos válidos e úteis foram transmitidos por meio de imagens, contos e fábulas, donde se pode entrever a força da imaginação como elemento de transformação e de formação humanística.
Há que ressaltar que por mais valiosas e fecundas que sejam a imaginação, a concepção, a criatividade e a inventividade, essas faculdades só promovem um pensamento diferente e proveitoso quando são orientadas pelo raciocínio e o bom senso. Sem eles, aquelas se convertem em fantasia e devaneio, ambos inimigos da virtude e da saúde mental.
O pensar diferente apenas por querer ser diferente – e não por buscar ser inteligente e útil a si e à coletividade – constitui vã aspiração que muito facilmente desemboca num sentimentalismo tão negativo quanto perturbador. Evitemos o inadequado impulso à originalidade vaidosa e interesseira e busquemos a inovação do pensamento com o objetivo precípuo de auxiliar. Assim, já estaremos pensando de forma diferente e eficiente.
Se levarmos em conta – e devemos fazê-lo – nossa condição de seres imperfeitos e de eternos aprendizes, concluiremos que todas as possibilidades e formas de pensamento, sintetizadas na faculdade da imaginação, devem se submeter ao império da razão. Ao raciocinar com calma e serenidade, equilíbrio e atenção, eliminamos da mente os pensamentos inadequados que nos fazem perder tempo e malgastar nossas energias vitais, ao mesmo tempo que reconhecemos, com maior acuidade, aquelas ideias que, em princípio, se nos apresentam inofensivas, mas que, carregando em si o germe da vaidade, podem nos trazer, hoje ou amanhã, prejuízos emocionais e espirituais se não forem extirpadas.
Não há, amigos, pensamento destituído de eficácia. Todos os pensamentos irradiam efeitos concretos, importando sempre em inovação da realidade existente. Quando sugerimos “pense diferente”, isto é o que queremos dizer: “Pense de forma inteligente e ampliadora, aderindo antes de tudo aos princípios reguladores de uma vida sã, como a ética, o respeito, a tolerância, a solidariedade e a sinceridade.”
Muito Obrigado!