A consciência da constante necessidade de ampliação eficiente e objetiva dos atributos e das faculdades espirituais, por constituir a marca da pessoa espiritualizada, deve inspirar e dignificar todas as ações humanas, estabelecendo, por conseguinte, relações múltiplas de justiça e solidariedade, respeito e confiança. Nesse diapasão, para que os diversos projetos almejados pelo ser humano produzam um efeito positivo, isto é, de completude e bem-estar, é preciso que estejam interpenetrados de pensamentos e sentimentos de valor.
Procuraremos demonstrar nesta reflexão que a construção de um mundo melhor depende, em grande parte, de atitudes eficientes, embasadas na confiança e orientadas pelos valores da espiritualidade divulgada e defendida pelo Racionalismo Cristão, que nos enchem de incomensurável esperança.
Uma vez que o futuro se constitui de elementos especulativos, dedutivos e abstratos, estabelecendo-se de acordo com ações realizadas no presente, devemos concentrar cada vez mais nossa atenção nos fatos concretos que fazem parte do aqui e do agora, e não desperdiçar nosso tempo com especulações e elucubrações.
A percepção dos valores que realmente produzem bem-estar e tranquilidade, assim como o desenvolvimento da confiança em nós mesmos e nos processos que regulam a vida com vistas a seu aperfeiçoamento e plenitude, retira-nos de um estado paralisante de alerta que nos impede de entrar em contato com nós mesmos, de forma que possamos rever posicionamentos e ajustar comportamentos. Nesse sentido, o desenvolvimento da autoconfiança é condição imprescindível não somente para caminharmos neste mundo com segurança e vigor, mas também para aprendermos a confiar nas pessoas, visto que, sem a confiança, a vida se torna mais difícil e os relacionamentos, insustentáveis.
O imenso progresso verificado em diversos setores da sociedade contemporânea em termos de capacidade técnica, organização de informações e disponibilização de bens e serviços demonstra a importância e mesmo a primazia da eficiência de gestão. Contudo, há que ter cuidado para não absolutizar o conceito de eficiência a ponto de desumanizar as relações intersubjetivas e transformar o ser humano em uma máquina.
É impressionante a quantidade de suicídios em empresas cuja busca por eficiência se tornou uma obsessão. Os desgastes emocionais relacionados à vida profissional adquiriram o status de uma doença global, de consequências extremamente deletérias para humanidade.
Mais do que fazer a apologia irrestrita do conceito de eficiência, é preciso revê-lo ou melhor iluminá-lo pelo farol da espiritualidade. A verdadeira eficiência não se relaciona diretamente aos métodos produtivos e laborais; tampouco descamba para o estresse e a ansiedade. Devemos, sim, ser eficientes no desenvolvimento de nossos talentos, faculdades e potencialidades: agindo com inteligência, valorizando o tempo e bem canalizando nossas energias, atingiremos esse objetivo.
A noção de colaboração está diretamente associada à ideia de que todos as pessoas possuem a capacidade de receber novos conhecimentos, produzindo, a partir destes, outros conhecimentos que, por seu turno, hão de contribuir para o enriquecimento da realidade social e para a ampliação dos atributos espirituais latentes em todos os envolvidos. Nesse processo colaborativo, escoimado de preconceitos e distinções fúteis, há um reforço da confiança e uma abertura do ser humano a novas possibilidades, circunstância sob a qual as influências globalizadas que penetram a vida cotidiana por todos os meios podem ser administradas com eficiência, de modo que a pessoa retenha unicamente os conteúdos que promovam e elevem a condição humana.
Na vanguarda das transformações por que passamos, é preciso reconhecer, com lucidez e sinceridade, que os desafios atuais, embora assumam outras terminologias, representam problemas antigos, fundamentados na dúvida, na baixa autoestima, na necessidade de autoafirmação, na carência afetiva, na indisciplina e na incapacidade de organização.
Os estudos e abordagens nas áreas das ciências humanas experimentaram, nos últimos anos, um estímulo notadamente multidisciplinar, reconhecendo-se a importância dos aspectos espiritualistas na estruturação da subjetividade dos seres humanos e em equilíbrio psíquico. Esse avanço inegavelmente positivo traz a ideia de que é sempre preciso buscar soluções inovadoras e originais para o estabelecimento de resultados concretos. Não discordamos dessa ideia; apenas afirmamos que boa parte das soluções depende, em última análise, do reconhecimento do valor da confiança e do real entendimento do conceito de eficiência.
Muito Obrigado!