A elaboração deste artigo, pensado para ser de fácil compreensão, teve como objetivo suscitar importantes reflexões, tais como a importância da cortesia, o valor da atenção e a relação de causa e efeito entre esses dois conceitos. Visamos, com este trabalho, reunir subsídios práticos e entregá-los aos estudiosos do Racionalismo Cristão, que, sabemos nós, buscam inteirar-se cada vez mais sobre as linhas fundamentais para a edificação de uma vida consciente, produtiva e feliz.
É necessário abordar, sobretudo na atualidade, o conceito de “atenção”. Vivemos imersos em um contexto em que as coisas acontecem em um ritmo acelerado e, não raro, convulsionado. O imediatismo passou a ser a filosofia de vida de inúmeras pessoas, que querem obter informações rápidas, absorvidas de uma só vez – são os adeptos da cultura manualesca e dos conteúdos simplistas. Há inclusive quem acredite que, por uma simples leitura ou estudo expresso, poderão penetrar em conhecimentos transcendentes. A atenção se desenvolve e se cultiva no dia a dia, na observação demorada dos fatos e fenômenos, no foco e na concentração, na leitura e na escrita, no respeito à tradição e à cultura, no saber ouvir mais do que falar.
O autoconhecimento, a autoanálise, a percepção do valor e da utilidade dos talentos e faculdades espirituais, enfim, o entendimento da vida em seu aspecto mais abrangente, como nos mostra o Racionalismo Cristão, exigem, inicialmente, concentração, reflexão harmônica, meditação criteriosa e, sobretudo, atenção.
A todo instante, somos surpreendidos por pensamentos e intuições dos mais variados matizes. Se não formos portadores da capacidade de prestar atenção contínua a esses conteúdos, como poderemos nos proteger das ideias inadequadas que acorrem a nossa mente? Como poderemos absorver e praticar as inspirações e intuições que se nos mostram luminosas e adequadas?
Para bem viver, impõe-se ao ser humano a seguinte condição: que tenha atenção. Claro está que a pressa, a inobservância, a ansiedade e o descuido são invariavelmente prejudiciais à boa condução da vida e à manutenção da saúde integral.
O conceito de “cortesia” pode ser tomado em várias acepções. A cortesia praticada pelo ângulo estritamente material, embora muitas vezes exteriorizada em tom de esmerada educação, é sempre interesseira e eivada de segundas intenções; por buscar oportunidades imediatas, não se sustenta em longo prazo. Por outro lado, a cortesia considerada pelo prisma da espiritualidade visa um objetivo mais elevado: enaltecer as relações humanas e despertar bons sentimentos nas partes envolvidas.
Essa concepção transcendente da cortesia não é obtida pelo estudo acadêmico e especializado; deve, antes, ser incorporada aos hábitos por esforço e empenho próprios na compreensão dos princípios éticos que promovem a dignidade humana. O ser humano autenticamente cortês não só conquista a benevolência e o apreço da pessoa ou grupo com que se associa, como também inspira ações semelhantes por meio de sua conduta, o que culmina no aumento dos índices de civilidade e respeito na sociedade.
Quando estudamos a relação existente entre a cortesia e a atenção, surpreendemo-nos com sua autenticidade. Ao ser educada, polida e cordial com o semelhante, ao expor seus pontos de vista com ordenação, ao transmitir sua mensagem com amabilidade, a pessoa, além de conquistar consideração, suscitar confiança e elevar o diálogo, também prende a atenção de seu interlocutor, de modo a transmitir-lhe com mais facilidade sua mensagem e seu conhecimento.
O estudo do Racionalismo Cristão se caracteriza por sua originalidade e pelo desdobramento de princípios éticos que impulsionam o ser humano a encontrar-se consigo mesmo e, a partir dessa autodescoberta, desenvolver suas aptidões e tarefas com maior empenho e responsabilidade. Nessa perspectiva, aborda conhecimentos relacionados não somente com a vida interior, mas sobretudo com os aspectos práticos de sua existência. Assim sendo, para que a pessoa alcance ideais tão sublimes e elevados, é imprescindível que incorpore em sua vida cotidiana, consoante demonstramos ao longo desta reflexão, os princípios da atenção e da cortesia.
Muito Obrigado!