De maneira geral, os pais e responsáveis direcionam aos filhos grande parte de sua energia e atenção, sobretudo quando estes são pequenos. Buscando orientação nos mais diversos meios, tornam-se participantes assíduos e interessados em todas as conversas que versem sobre a criação da prole.
Porém, à medida que os filhos se tornam, aparentemente, menos frágeis, o processo educativo entra, por assim dizer, no automatismo, como se todos os cuidados e preocupações devessem se concentrar unicamente nos primeiros anos da criança, naquela fase inicial de grandes descobertas e de necessidade constante de estímulos.
Quando o filho assume certo grau de autonomia, alguns pais ficam desorientados, sem saber como agir. Por certo, muitos pais que enfrentam sérios problemas com os filhos adolescentes, por exemplo, sentem-se tomados pelo sentimento de culpa: pensam que agiram errado no passado, julgam-se negligentes em não ter percebido sinais, interrogam-se dramaticamente se foram rígidos ou demasiadamente liberais, enfim, não sabem como lidar com a situação.
Como a ampliação do olhar é própria do estudo da espiritualidade defendida pelo Racionalismo Cristão, convidamos a você que é pai, mãe ou responsável de uma criança, de um pré-adolescente ou adolescente a ajustar a educação psíquica e emocional desta ou deste através do prisma amplificador da espiritualidade. Mas o que isso significa? Significa pensar a educação de um modo novo, mais amplo e abrangente. É necessário estar consciente de que muitos dos recursos e métodos utilizados no passado não são mais eficientes para o período em questão. Os pequenos não precisam somente de alguém que lhes dê ordens, mas também de um amigo em que possam confiar.
Aos pais e responsáveis não compete, portanto, mandar arbitrariamente, mas influenciar positivamente. É imprescindível desconstruir a ideia de que o excesso de informações, a internet e as influências digitais tão comuns nos dias atuais são essencialmente perniciosas; o que é pernicioso é a indisciplina, a falta de senso de prioridade e a ausência de exemplos em casa que permitam às crianças e aos jovens absorver os conteúdos realmente interessantes, educativos, instrutivos e edificantes, fartamente ofertados nos dias de hoje. Deve-se construir a compreensão de que muitas das atitudes do educando representam um clamor, uma necessidade de anunciar ao mundo que ele precisa encontrar seu espaço.
Não devemos nos eximir do dever precípuo da presença e da vivência em meio àqueles que educamos. exige-se, portanto, que nos portemos com calma, dignidade, austeridade e discernimento e o entendimento acerca da importância do diálogo, estabelecido em linguagem acessível às crianças e aos jovens. A conversa nunca deve ocorrer em tom de artificialidade, pois sua eficácia tem como pressuposto a espontaneidade.
Impõe-se ainda uma observação a respeito da maneira como os filhos devem ser abordados e dos critérios de orientação. Não se deve confundir rigor com rigidez nem agir com arbitrariedade, tendência que ainda se mostra bastante acentuada. Como compreender um pensamento dominado pela impulsividade, exteriorizado em um comportamento muitas vezes antissocial? Como compatibilizar afirmações manifestamente contraditórias com a necessidade de auxílio?
Amigos, é o amor dos pais ou responsáveis que veiculará a resposta a essas questões e lhes permitirá superar muitas dificuldades. Alimentando-se diariamente desse amor e fortalecendo-se com ele, serão capazes de alcançar a grandeza moral e o equilíbrio; tornar-se-ão uma referência, um porto seguro para os que estão sob sua tutela, quando estes se encontrarem eventualmente à deriva por conta dos delicados e complexos desafios que a vida apresenta.
Para findar nosso comentário, gostaríamos de deixar claro que nossa motivação e inspiração vem do material disponível na literatura racionalista cristã, como por exemplo o próprio livro Racionalismo Cristão, em obras escritas por Olga Brandão, Luiz de Souza, Maria Cottas e outros, sempre com uma abordagem elevada e transcendente sobre a educação dos filhos.
Mas, lamentamos o ainda incipiente nível de interesse da sociedade contemporânea por assuntos espiritualistas e o deficitário grau de conhecimento do público geral em relação aos aspectos transcendentes da vida, temos uma sociedade cada vez mais individualista e, por conseguinte, alienada de seu valor e de sua missão. Eis a raiz da dificuldade do processo educativo.
Defendemos uma educação de qualidade e o constante aprimoramento intelectual dos pequenos. Contudo, quando se negligencia, no processo de aquisição de conhecimentos e informações, o aspecto espiritual, ou seja, quando não se contemplam os valores ético-morais que sustentam uma vida digna, a formação das crianças e jovens será sempre precária, e estes perderão em qualidade de vida e bem-estar.
Sim, senhores pais e responsáveis: é diante do conflito entre a impetuosidade e o bom senso que, muitas vezes, vocês se encontram no momento de exercer a educação. Para qualquer lado que se voltem, percebem que estão em meio a grandes desafios. Superarão esses desafios se tratarem de passar para seus filhos e educandos as grandes verdades explanadas pelo Racionalismo Cristão, com a mesma força e evidência com que elas se impuseram a seus espíritos.
Muito Obrigado!