Como lidar com nossos pensamentos

A questão do pensamento ocupa, no Racionalismo Cristão, um lugar central. Em todas as nossas alocuções e artigos temos tido grande preocupação com o equilíbrio emocional e a responsabilidade de nossos estudiosos diante dos problemas existenciais e sociais, bem como a busca de valores de caráter ético. 

Como aprender a lidar com os pensamentos? Constata-se aí um questionamento prático e, ao mesmo tempo, rico em possibilidades. É válida, oportuna e digna de todo o crédito, a ideia de que o controle do pensamento e a disposição psíquica inclinada ao autodesenvolvimento constituem valiosíssimos instrumentos para atenuar a onda de desânimo e pessimismo que permeia o planeta Terra no momento. 

Depois de constatarmos o desenvolvimento da sociedade em sua organização exterior nas mais visíveis manifestações de sua pujança, mormente no que se relaciona aos crescentes progressos da ciência e da tecnologia, torna-se imperioso ao estudioso do Racionalismo Cristão examinar e considerar o elemento interno e íntimo que permite não só a vitalidade do tecido social – e, em certo sentido, sua evolução –, mas também seu próprio crescimento enquanto humano. Que elemento é esse? O pensamento forte, elevado e definido. 

A preocupação e o cuidado com o teor e a qualidade dos pensamentos emitidos exercem um papel preponderante no questionamento acerca de quais sentimentos devem ser cultivados e acalentados e quais devem ser suprimidos e desconsiderados. Este balanço íntimo possibilitará à pessoa acolher a verdade dos fatos com mais facilidade e segurança. É válido salientar que o raciocínio, como atributo, é reconhecidamente uma das dimensões fundamentais do espírito, de tal modo que seu exercício, isto é, a operação racional, o auxilia consideravelmente na seleção e organização de seus pensamentos.  

Assim sendo, a razão desempenha uma função moral de grande importância na execução dos atos humanos como a análise dos pensamentos emitidos, que devem ecoar uma disposição à reflexão, ao exame criterioso, ao cultivo das virtudes e à busca pela ampliação do senso moral, pois assim o ser humano estará exercendo uma forte influência positiva no conjunto das intenções e pensamentos que preenchem um campo invisível – mas não imperceptível – que é a atmosfera fluídica do planeta. Esta poderá, aliás, tornar-se “irrespirável” se os seres humanos, em seu conjunto, não despertarem para os valores da espiritualidade.  

Estando à margem de qualquer dúvida a estreita ligação entre o pensamento e a realidade, também não se deve ignorar a relação lógica que, por força dessa circunstância, se estabelece entre o controle dos pensamentos, que se obtém com disciplina, método e força de vontade voltada para a prática constante e desinteressada do bem, e a paz de espírito, a que tanto almeja o gênero humano. 

As irradiações ligadas aos pensamentos nobres e elevados consubstanciados com leituras amenas e instrutivas realizadas pelo ser cônscio do valor do trabalho honesto e benfeito têm, sem dúvida, o poder de neutralizar vícios e alimentar virtudes, primeiro do próprio emissor, depois de todos aqueles que tiverem força de vontade para seguir-lhe o exemplo.  

Dito pensamento, contudo, pressupõe fortaleza de ânimo – decorrência da convicção na vida espiritual como nos ensina o Racionalismo Cristão e da disposição de viver em profunda serenidade, apesar de todas as circunstâncias crônicas que a vida humana não cessa de oferecer. 

Sabemos pela experiência que pensamentos firmes, claros e bem definidos são uma ferramenta poderosa, por meio da qual o ser humano é capaz de vencer inúmeros obstáculos que se opõem a seu progresso. Quando, contudo, pensa mal, a pessoa se deixa vencer pela intransigência dos vícios e maus hábitos, experimentando a tristíssima sensação de ver esvair-se sua dignidade 

Na medida em que nos comportamos, do ponto de vista mental, sábia e virtuosamente, evitamos incontável número de infortúnios. Nosso sincero desejo, amigos, é que reflitam sobre o que aqui expusemos, absorvam e pratiquem os subsídios expostos ao longo desta reflexão e que, acima de tudo, pensem bem para bem viver. 

Muitos poderão argumentar que há uma distância incomensurável entre os projetos que acalentamos e a concretização desses mesmos projetos. A estes, diremos convictamente: tal distância se reduz conforme ampliamos nossos pensamentos na direção do bem comum. 

Muito Obrigado!