A inteligência é a chave-mestra dos atributos ou dons do espírito, cuidando de exteriorizar os pensamentos e as ações do espírito, seja no mundo transcendental seja no mundo-escola – Terra. É ela que age como se fosse a maestrina que conduz as intenções do espírito para a pratica de suas ações que deve direcionar principalmente para a prática do bem, com vigor construtivo e eficácia.
Diz o livro essencial da filosofia Racionalismo Cristão: “Da inteligência dependem, pois, os outros atributos espirituais que se criam, crescem, ampliam e aprimoram, de acordo com a evolução do espírito”. E mais: “A inteligência é a base do raciocínio, provendo-o dos meios necessários ao seu desdobramento. Ela dá alcance ao horizonte do espírito, é o instrumento capaz de clarear a mente do ser humano, proporcionando-lhe maior discernimento sobre a vida espiritual. Grande aliada da perfeição, a inteligência faz com que a pessoa reconheça suas falhas e procure evitá-las”.
Traços históricos: evolução do conhecimento. Nas mais remotas eras o homem começou a desenvolver a sua inteligência para conviver com os recursos da natureza em seu proveito para adaptação ao meio, nas culturas e nas sociedades que criou ao longo da Pré-história e da História. O primeiro grande salto ocorreu no apogeu egípcio e helênico. Com a Revolução Industrial ou Tecnológica na Inglaterra a partir da segunda metade do século XVIII ocorreu o segundo grande salto na demanda da educação formal numa crescente escala pelas escolas. Isso garantiu a rápida demanda na educação escolar pelas indústrias e atividades comerciais. Foi, então, que entraram em cena três grandes vultos que trouxeram grande contribuição aos métodos de ensino e aprendizagem com o objetivo de aprimorar e reforçar o crescimento da inteligência de modo geral e as habilidades tecnológicas.
A Inteligência – uma definição. Pode-se definir a inteligência como a capacidade de abstração, lógica, compreensão, autoconsciência, aprendizado, conhecimento emocional, raciocínio, planejamento, criatividade, pensamento crítico e resolução de problemas. Ou, ainda, como a capacidade de perceber ou inferir informações e retê-las como conhecimento a ser aplicado em comportamentos adaptativos dentro de um ambiente ou contexto.
Trabalhos pioneiros de Jean Piaget. Jean Piaget (1896 – 1980) nasceu em Neuchätel e morreu em Genebra, ambas cidades situadas na Suíça. Psicólogo conhecido internacionalmente por ter dedicado sua vida ao estabelecimento de metodologias do desenvolvimento da educação infantil. Declarou, em 1934, que “só a educação é capaz de salvar nossas sociedades de um possível colapso, seja violento, seja gradual”. Sua teoria do desenvolvimento cognitivo é uma teoria abrangente sobre a natureza e o desenvolvimento da inteligência humana. Ela nasceu em 1919 com os trabalhos de Piaget na Alfred Binet Laboratory School, em Paris, onde ele observou e “ficou intrigado com o fato de crianças de diferentes idades cometerem diferentes tipos de erros ao resolver problemas”. Desde então, os educadores continuaram a incorporar estratégias baseadas no construtivismo ao ensino escolar.
Trabalhos de Alfred Binet. Alfred Binet (1857 – 1911) idealizou e aplicou, em 1908, o primeiro teste de Inteligência, atualmente conhecido como teste de QI, depois de ter passado por diferentes versões. Eles foram destinados e utilizados para explicar o fracasso escolar, avaliar candidatos a empregos etc.
Não demorou muito para, nos Estados Unidos, os psicólogos passassem a utilizá-lo para avaliar e comparar pessoas. Essa prática contaminou não só toda a comunidade científica, como também toda a sociedade americana, que viu nele um grande instrumentos para testar a inteligência.
Teoria das Inteligências Múltiplas de Howard Gardner. Com a evolução das ideias e o conhecimento sobre a natureza da inteligência dos trabalhos de Alfred Binet e Piaget surgiu o conceito de inteligências múltiplas. Esse conceito foi criado por Howard Gardner na Universidade de Harvard no ano de 1983. Gardner (1943 – ainda vive) concluiu que a inteligência humana é como um quebra-cabeça composto por sete peças, tendo todas elas o mesmo valor e importância. E essas inteligências são capacidades e habilidades inatas que cada pessoa possui e desenvolve ao longo de sua vida.
Gardner percebeu, ainda, que cada pessoa pode apresentar um tipo de inteligência dominante. Daí, a dificuldade dos professores obterem bons resultados de todos os alunos de uma mesma sala de aula ao mesmo tempo mediante o uso de apenas um único método de aprendizagem. É notório que muitas pessoas se comunicam melhor com a palavra escrita, enquanto outras com mídias visuais. Foi dessa descoberta que surgiu o conceito de inteligências múltiplas, que chamou a atenção dos educadores de todo o mundo.
Assim, por definição, as múltiplas inteligências são o conjunto de habilidades que compreendem as inteligências do ser humano. O próprio Gardner propôs sete formas ou tipos e são raras as pessoas que conseguem desenvolver todas elas ao mesmo tempo. Quando assim acontece, essas pessoas são chamadas de gênios, como, por exemplo, poderíamos atribuir a Leonardo da Vinci, pois ele foi matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e também músico.
Com seus estudos iniciais sobre as múltiplas inteligências, Gardner definiu, em 1983, a existência de sete tipos de inteligência: lógico-matemática, linguística, interpessoal, intrapessoal, corporal, espacial e musical. A sua teoria foi bem aceita e pouco tempo depois foram acrescentados mais dois tipos, a inteligência existencial e a naturalista, totalizando atualmente nove tipos. No artigo de mês de setembro/2022 vamos desenvolver e comentar cada uma delas.
A questão do QI – Quociente de Inteligência. Segundo Gardner, o famoso teste de QI, que envolve conhecimentos de lógica, matemática e afins, é insuficiente para determinar a inteligência humana de maneira global. Gardner defendia que as habilidades cognitivas das pessoas envolviam outros tipos de faculdades e inteligências que usou para descrever o seu modelo de múltiplas inteligências. Esse modelo serve melhor e descreve com mais precisão os tipos de capacidades dominantes de inteligência que trataremos no próximo artigo.
Conclusão provisória. Do que foi exposto neste artigo, muitos educadores e teóricos da cognição criticam a teoria das múltiplas inteligências de Howard Gardner, preferindo, ainda, aplicar os tradicionais testes de QI. Outros proclamam que os testes das múltiplas inteligências vieram para ficar como o melhor instrumento para testar as inteligências dominantes em cada pessoa e aplicá-los na educação. Qual deles prevalecerá? Continuaremos no próximo artigo.