Esta reflexão dedica-se à eloquente exaltação da fraternidade e da amizade sincera, ambas fundamentadas no amor desinteressado, que não se ocupa em medir coeficientes de ordem material. As informações e subsídios que aqui reunimos sinteticamente, fundamentados nos ensinamentos do Racionalismo Cristão, nossa filosofia de vida, têm por objetivo auxiliar os homens e mulheres de nosso tempo em sua abertura à amplitude da convivência fraterna, a fim de que esta seja mais valorizada entre nós como um fator preponderante que habilita o amadurecimento espiritual, permitindo a construção de uma sociedade livre, forte e menos egoísta. Exercitar a fraternidade, querer bem a todos e acalentar o sentimento de amizade para com as pessoas de bem: eis o tripé que dá suporte a uma vida plena e feliz.
Sem dúvida, a amizade e a fraternidade, além de guardarem muitas semelhanças em seus aspectos exteriores e expressões análogas e suscitarem sentimentos elevados e sublimes, possuem uma essência em comum, que é precisamente o afeto recíproco e desinteressado. Com certeza, as atitudes altruísticas, que comovem e inspiram as pessoas de bem, são manifestações eloquentes, sólidas e profundas da amizade e da fraternidade.
O primeiro passo para a vivência espontânea e autêntica da fraternidade e da amizade é a consciência de que todos estamos interligados, de que os fatos e fenômenos que se desenrolam no mundo concorrem, em última análise, para o bem. Sem conceber a vida como uma oportunidade de crescimento, ser humano não conseguirá compreender a humanidade no que ela tem de mais valioso: a diversidade, a amizade e a fraternidade. É esta última que enlaça as pessoas e as aproxima de forma admirável.
As esperanças humanas não podem se reduzir a um protesto contra os sofrimentos e os reveses, tampouco à busca constante e absorvente de soluções para evitá-los. Na realidade, a verdadeira realização do espírito está em um campo que ultrapassa o horizonte de uma vida humana estável e de relativa harmonia, que, embora importante, não é tudo. Ninguém pode viver bem sem amigos, ninguém se realiza sem exercitar a fraternidade. A pessoa que persevera alimentada por essa convicção desenvolve um outro olhar em relação aos semelhantes, compreendendo que é por meio da interação fraterna e amistosa com as pessoas a sua volta que depende, em grande parte, sua felicidade e sucesso.
Se a absorção e a vivência dos valores transcendentes da fraternidade e da amizade possibilitam uma vida fecunda e feliz, esta só poderá o ser humano assegurar na condição de viver equilibrado e flexivelmente, afastando de si toda tendência ao egocentrismo e ao desrespeito. É vencendo o egoísmo, a preguiça espiritual e a timidez que o ser expande suas atitudes e as dirige em benefício da coletividade. Só quem despreza as ações mesquinhas, as ideias compartimentadas e os conceitos particularizados, quem contempla o semelhante como uma extensão de si mesmo, dando a devida importância ao enriquecedor convívio social, pode investir seu tempo e suas capacidades no estabelecimento das verdadeiras amizades.
Não permitamos que nada nos impeça de viver e crescer na amizade com nossos semelhantes. A amizade entre duas pessoas que se consideram permite, não raro, que cada uma possa entender melhor a si própria. Não somos limitados nos mesmos pontos; assim, na relação de amizade, cada um poderá, espontaneamente, suprir e completar o outro. Nesse sentido, Kant afirma: “A amizade é a união de duas pessoas por amor e respeito igualmente recíprocos… é uma união puramente moral, que não visa vantagens recíprocas.”
Vimos que a fraternidade e a amizade nos apontam o caminho de uma existência feliz. Podemos concluir que ambas nos colocam em condições de soerguimento e reestruturação diante das mais duras provas da vida, pois quem souber estabelecer amizades sinceras será sempre um vencedor.
Nos dias atuais, mais do que nunca, é extremamente necessário que as pessoas entendam, a partir de uma perspectiva ampliada, o peso e a importância do convívio fraterno, da empatia, do amor ao próximo e da prática do bem. A amizade não se relaciona somente ao próximo; é preciso nutrir forte amizade ao trabalho honesto e a todas as disciplinas construtivas da vida.
A vivência da espiritualidade proposta pelo Racionalismo Cristão permite à inteligência humana a imediata percepção da importância de uma conduta lapidar, da virtude de empregar a palavra de forma amena e oportuna, de um estilo de vida reflexivo e ao mesmo tempo dinâmico, otimista e digno, capaz de valorizar a amizade e exaltar a fraternidade não apenas com palavras, mas com atitudes efetivas.
Muito Obrigado!