Aquele sentimento natural de amor, por meio do qual os pais estimam os seus filhos e os filhos, os seus pais. (H. Stephano, Thesaurus Graecae Linguae, Vol. IX)
Os filhos representam a continuidade da vida. Esse entendimento tem raízes históricas. Na Antiguidade, quando os conhecimentos espiritualistas sobre a imortalidade da alma ainda não eram nítidos, os gregos e romanos eram cultores da ideia de que os filhos representavam a esperança do futuro, uma visão que, de certo modo, exprime um senso de espiritualidade.
A maternidade humana, embora seja biologicamente análoga à de outros seres vivos, distingue-se de modo fundamental e exclusivo por sua natureza espiritual.
Assim, o corpo físico gerado no ventre materno não pode ser considerado isoladamente, uma vez que é a materialização de um projeto espiritual que excede, muitas vezes, a acanhada percepção humana. A partir do conjunto formado por essas duas dimensões – a física e a espiritual –, compreende-se nitidamente o valor irrenunciável do ser humano: este possui uma propensão natural à espiritualidade e é estimulado, durante toda a vida, a replicar o amor espiritual que recebeu de sua genitora. Animados por essa certeza, plasmamos aqui, com enlevo e afeto, algumas nuances que cercam o conceito de “amor” e, em concreto, o amor maternal, por excelência, a maior expressão de afeto.
A natureza espiritual da maternidade é um tema que nos solicita, profundamente, uma reflexão. Por que afirmamos que a maternidade possui natureza espiritual? É simples: não se trata de um processo que se inicia na concepção e se conclui no parto. A maternidade é uma missão de amor – um amor profundo, desinteressado, abnegado, verdadeiro. A plenitude desse sentimento encontra fundamento nos valores transcendentes do espírito.
É imperioso exaltar, em meio à difícil época que vivemos – tempo de inversão de valores –, a vocação à maternidade, pois esta significa a esplêndida valorização da vida. As novas gerações não podem se esquecer dessa realidade. Ser mãe é, antes de tudo, primar pela vida. Se nossas mães assim não pensassem, estaríamos nós aqui neste momento? Talvez não. O respeito e o amor filiais são os critérios fundamentais para que os membros de nossa sociedade se tornem mais compassivos e menos violentos, mais humildes e menos pretensiosos.
Meus amigos, a compreensão real do amor maternal exige a abertura para uma visão metafísica da maternidade e da família, ressaltando a força invisível dos laços afetivos e parentais, que não podem ser desfeitos ao sabor de convencionalismos alienantes e teses esdrúxulas, descoladas da realidade e da tradição.
É inquestionável que a maternidade implica em profundas transformações na mulher. Os eventos da gestação, parto e puerpério promovem alterações físicas e emocionais. Porém, destacamos que, quando se torna mãe, a mulher é ativada com um sentido que antes desconhecia: a partir do momento em que ela assumir um novo ser como parte integrante de sua vida, jamais será a mesma.
Uma vez que somos todos filhos, sabemos todos que a sublime missão de ser mãe é tarefa das mais difíceis e ao mesmo tempo fundamental para a humanidade. Historicamente árduo e desafiador, o desempenho da função materna sempre se traduziu em incomensurável benefício espiritual, intenso benquerer, acentuado estímulo à prática do bem e considerável progresso no campo ético-moral.
ADOÇÃO: UM GESTO DE AMOR REDOBRADO
Na vida conjugal, cuja união se fundamenta no amor recíproco e na capacidade de partilhar, a figura do filho é fundamental. Entretanto, certo é que, quando a maternidade não pode ter espaço pela via biológica, a possibilidade de adotar uma criança deve ser considerada, porque precisamente aí emerge exuberante a natureza espiritual da maternidade.
Esse gesto expressa a subjetividade do amor e dá início a um dinamismo de altruísmo e solidariedade entre realidades sociais muitas vezes completamente distintas. É imperioso exaltar, sobretudo em uma época marcada pelo egoísmo e pelo consumismo, o valor humano da adoção. A vida do casal que adota uma ou mais crianças se completa e se realiza, porque a partir desse convívio não deixarão de sentir a importantíssima presença filial em suas existências e sua própria participação na existência filial. Portanto, a adoção criteriosa e responsável representa um gesto de generoso acolhimento e deve ser incentivado.
Os filhos adotivos também são destinatários de um amor maternal inteiramente gratuito. Devem sentir-se impelidos a retribuir tal manifestação de afeto e cientes de que estão se aprimorando moralmente ao desempenhar o dever ético da gratidão.
Nesta conclusão, devemos abordar mais uma faceta da questão. Falar de maternidade sem falar de dor, meus amigos, é descambar no terreno da fantasia. A maternidade implica em restrições e dores físicas. A entrega de si mesma à experiência da maternidade é sublime: faz que a mulher seja tocada pela dor, mas também que ela sinta o declinar dessa dor diante da felicidade de ser mãe.
E por que as mães são tão corajosas e hábeis em sublimar a dor? Porque a amplitude da maternidade transcende às imposições físicas. Com certeza, a natureza espiritual da maternidade promove a coragem e a habilidade nas mães de encarar as situações mais difíceis com os olhos fitos no futuro, pois são capazes de imensos sacrifícios pessoais para que sua prole se projete e se realize na vida. Aprendamos, portanto, com as mães e sejamos-lhes gratos, porque na maioria das vezes que nos superamos na vida, fazemo-lo apoiados nos ensinamentos e exemplos de nossas abnegadas mães.
É muito bonito ver aquelas imagens de mães junto de seus bebês tranquilos dormindo em seus braços, como também desperta grande sentimento a beleza que envolve a cena da mãe que amamenta o filho. Essas representações, na verdade, têm muito a nos ensinar. Simbolizam superação, mas também despertam em nós um sentimento elevado que nos revela que as verdadeiras relações humanas são marcadas pelo amor. A descrição do dinamismo das virtudes na alma materna suscita em nós elevada emoção. Transformemo-la em atitude concreta de benquerer em relação a nosso próximo e homenagearemos realmente nossas mães.
Muito Obrigado!