As forças inatas do espírito

A filosofia espiritualista racionalista cristão ensina e afirma que o espírito, quando em seu mundo de luz, antes de constituir o seu corpo físico, o qual lhe servirá de invólucro durante a sua passagem pelo planeta Terra, escolhe e determina tudo por que tem de passar na sua trajetória.

Reveste-se ele de faculdades importantes, tais como a intuitiva, a auditiva, a vidente, o livre-arbítrio e de forças poderosas, como o pensamento e a vontade, além de outras por nós ainda desconhecidas.

Com esses predicados ele encarna, escolhe pai e mãe e o país onde deverá desempenhar as suas obrigações e cumprir os seus deveres, para seu maior progresso e evolução. Se bom uso fizer dessas faculdades, ele bem se desobrigará dos seus encargos, mas muitas vezes o espírito, quando de posse do seu corpo físico, empolga-se pela vaidade, luxo e ostentação, deixa-se levar pelos preconceitos sociais e esquece os compromissos assumidos em corpo astral.

Se o espírito encarnado utilizasse todas as suas forças na conquista da paz interior, da alegria de viver, da saúde mental e física, outro seria o viver humano, os homens se entenderiam e compreenderiam mais racionalmente.

Essas forças ou energias espirituais têm tal poder, que o homem ainda não está à altura de bem as compreender.

É a elas que devemos as grandes intuições, os fenômenos psíquicos, a cura de muitas doenças, as inspirações, o escaparmos a um desastre, as chamadas ideias luminosas e os milagres (que não existem) e que nada mais são que reações e fenômenos naturais.

Cada um de nós possui forças ou energias, mas poucos as sabem aproveitar. A maioria despreza-as, não lhes dá a mínima importância ou valor. Daí a vida intranquila e lastimável que muitos levam.

O homem que apenas vive por viver, sem um ideal, um objetivo, e que vive somente para si, torna-se vítima de recalques, complexos, doenças morais e psicoses.

O homem pode conhecer e medir as proporções de suas forças, através da ação do seu espírito. Se assim é, o homem por meio da alma pode atuar sobre as enfermidades. A alma, portanto, tem o poder de afastar do corpo as doenças.

Somos verdadeiros reservatórios de energias inatas, que ainda permanecem adormecidas e inexploradas. Ainda não atingimos o grau de evolução necessário para bem aproveitar as forças ocultas do nosso espírito, essas energias psíquicas que já se fazem sentir em alguns seres humanos, mas que ainda permanecem em estado embrionário na maioria deles.

A vida desordenada, tumultuosa, incerta, cheia de obstáculos e imprevistos, de lutas inglórias, conturba de tal forma o espírito, que o incapacita e torna impotente para utilizar-se de suas energias.

Todos nós possuímos em nosso interior, no fundo do nosso ser, essas reservas, essas forças psíquicas, e uma vez conhecedores da sua existência, de acordo com o nosso grau de evolução, devemos aproveitá-las ao máximo, tendo confiança em nós próprios.

Quanto mais forte moralmente for o homem, mais confiança terá em si, no seu poder e na certeza de vencer.

Nas maiores dificuldades de nossa vida, devemos recorrer sempre às nossas forças íntimas, ocultas, aquelas que existem em nosso espírito, em nossa alma, para podermos desenvolvê-las e usá-las com energia.

O homem enérgico faz despertar essas energias no momento preciso e sabe aproveitá-las para sair sempre vitorioso, em qualquer embate da vida física.

Publicado em 15 de janeiro de 1962