Caruso Samel, escritor, militante da Filial Butantã (SP).
No início deste tema, precisamos fazer uma distinção essencial no que se refere aos estudos da vitimologia e da vitimização. Embora em ambos os casos estejamos voltando nosso olhar para as vítimas, no primeiro caso estamos referindo-nos ao ramo da criminologia que é objeto do Direito Penal em que está sempre presente a relação entre delito-delinquente-pena. Não é disso que vamos tratar. Nós aqui estaremos tratando da vitimização, estado comportamental negativo de grande número de pessoas durante parte ou toda sua vida, que obstrui fortemente sua evolução espiritual;
Quem não conhece, entre seus amigos e familiares, pessoas que normalmente fazem o papel de vítimas? Provavelmente, caros leitores, vocês já notaram que com essas pessoas nada dá certo, que reclamam o tempo todo, que se sentem uns “coitadinhos”, são azarados, e têm o hábito de culpar os outros pelas suas próprias culpas.
As causas da vitimização. A vitimização tem por causa uma série de fatores, conscientes ou não. Entre os principais, a falta de autocrítica das pessoas que se vitimizam e estão, frequentemente, em situação de fragilidade por ser mais fácil para elas não assumirem as consequências de seus atos. Considerando-se perfeitas, não admitem erros e, assim, não amadurecem, não evoluem espiritualmente. Daí, essas pessoas culparem os outros por não conseguirem responsabilizar-se pelo que se passa com elas no desenrolar de suas vidas e no cumprimento de seus deveres.
É sabido que as pessoas que se fazem de vítimas normalmente têm baixa autoestima e autoconfiança. São pessoas incapazes de superar os reveses da vida. Faltando-lhes firmeza de vontade e convicção sobre o que pensam e dizem, não conseguem convencer seus interlocutores nem atrair sua admiração por julgarem-nos inferiores a elas próprias. Para isso, é comum essas pessoas manipularem o sentimento de pena ou piedade dos semelhantes. Na verdade, são possuidoras de muitos pontos fracos e não querem deixá-los a descoberto.
As causas mais comuns da vitimização são as seguintes:
- Nunca admitem ter culpa de nada. Mesmo quando não têm razão, as pessoas que se fazem de vítimas tentam mudar a realidade para culparem seus interlocutores pelo que lhes acontece.
- Por despertarem pena nas pessoas, as vítimas procuram influenciar nos pensamentos, sentimentos e emoções dos outros. Frequentemente, elas agem ou tentam agir como pessoas controladoras.
- As vítimas têm carência afetiva e gostam de sentir que precisam ser tratadas com muita afetividade, pois ferem-se com muita facilidade.
- São imaturas. Procuram projetar situações inseguras da infância para a vida adulta para chamar a atenção. Não cresceram em bagagem emocional.
- Consideram seus problemas sempre mais graves e urgentes que os dos outros.
Identificação das pessoas que se fazem de vítimas. Essas pessoas normalmente apresentam certos comportamentos típicos que, para uma pessoa espiritualizada ou mentalmente hábil, não são difíceis de reconhecer. Com esse conhecimento, podem-se evitar muitos transtornos de comunicação e até ajudar as pessoas que se vitimizam consciente ou inconscientemente. Eis os mais destacados e evidentes comportamentos:
- Essas pessoas não demonstram o sentimento de empatia por ninguém.
- Acreditam que todo mundo.
- Em geral, são pessimistas e não conseguem ver o lado positivo da vida.
- Irritam-se com facilidade e fazem do nada uma tempestade em copo d´água.
- Queixam-se constantemente dos problemas da vida. São lamurientas.
- Por não saberem reconhecer seus erros, falta-lhes certa dose de humildade e por isso jamais pedem desculpas.
- São pessoas extremamente impacientes e exigentes com os outros.
- Jamais perdoam os erros dos outros.
Convivência com pessoas que se fazem de vítimas. Nós sabemos que cada pessoa é uma individualidade e. sendo assim, é responsável pelo seu próprio comportamento. Por isso mesmo, podemos e devemos escolher nossas reações em relação aos nossos semelhantes. Por isso mesmo, quando você estiver lidando com uma pessoa que começa a se queixar e se vitimizar, tente mudar de assunto ou peça licença e procure afastar-se um pouco do grupo. Jamais alimente as queixas dessas pessoas. Insira comentários positivos toda vez que ouvir um negativo.
Orientações para ajudar a própria pessoa. Faz muita falta a pessoa não ter sido educada desde a infância num lar espiritualista. De qualquer forma, o primeiro passo é ela reconhecer-se como portadora de alguns ou todos os sintomas descritos anteriormente, e reconhecê-los como hábitos que são prejudiciais na sua vida de relacionamentos. Se a pessoa realmente confia em você, o segundo passo é estimulá-la a exercer realmente sua força de vontade inquebrantável e agir de maneira correta e socialmente adequada. Realizados esses dois passos, é só perseverar na ação. Enfim, a pessoa precisa sair da zona de conforto de sua vida (mudança de rumo) em que se colocou (posição de inferioridade) durante o seu crescimento pessoal e desfrutar da vida com bom senso. Ativar a vontade da pessoa e perseverar na ação corretiva.
Num processo gradativo, assuma as rédeas de sua vida, responsabilizando-se pelas escolhas que faz. Aprenda a pedir desculpas quando erra e parar de culpar os outros por tudo que acontece de ruim com você. Se precisar, conte com a ajuda de um psicólogo, o que poderá abreviar o seu processo de correção e adaptação da personalidade.