Como aprender a controlar nossos pensamentos, para que o seu conteúdo positivo seja favorável à nossa evolução?

Como aprender a controlar os pensamentos? Constata-se aí um questionamento prático e ao mesmo tempo rico em possibilidades e de múltiplas facetas. Pelo interesse que de imediato desperta e o sentimento que suscita, estabelece-se, muitas vezes, a dificuldade de uma análise mais rigorosa acerca de sua força e profundidade.  

Embora matizadas de tonalidades afetivas e expressões subjetivas, é válida, oportuna e digna de todo o crédito a ideia de que o controle do pensamento altruístico e a disposição psíquica inclinada ao autodesenvolvimento constituem valiosíssimos instrumentos para atenuar a onda de desânimo e pessimismo que permeia a estrutura psíquica do planeta. 

Depois de constatar o desenvolvimento da sociedade em sua organização exterior nas mais visíveis manifestações de sua pujança, principalmente no que se relaciona aos crescentes progressos da ciência e da tecnologia, torna-se imperioso ao estudioso da transcendência examinar e considerar pormenorizadamente o elemento interno e íntimo que permite não só a vitalidade do tecido social – e, em certo sentido, sua evolução –, mas também o seu próprio crescimento enquanto parcela da Inteligência Universal. Que elemento é esse? O pensamento forte, elevado, definido e ordenado, como sempre se destacou no Racionalismo Cristão. 

Em nossa reflexão analisaremos as diversas possibilidades que envolvem o presente tema, procurando demonstrar não só a eficácia dos pensamentos elevados na edificação de um mundo melhor, mas também a necessidade de controle sobre o conteúdo de tais pensamentos, que influencia, inicialmente, seu próprio emissor, mas em um segundo momento, em maior ou menor proporção, o conjunto dos demais seres humanos. 

A natureza integral do ser humano o coloca em contato com duas realidades distintas, ainda que indissociáveis: o espírito e a matéria. Este é o fundamento do edifício dos conhecimentos que nos propomos a divulgar e defender em todos os nossos encontros, artigos e alocuções, apoiados nos ensinamentos racionalistas cristãos. 

Desprezar os fatores extramateriais, quais sejam, psíquicos, emocionais, sentimentais e espirituais, em sua autenticidade e abrangência, para analisar apenas a ação dos elementos materiais, perceptíveis pelos imprecisos sentidos físicos, é simplificar e reduzir demasiadamente a apreciação dos problemas e dramas vivenciados por homens e mulheres nas mais distintas épocas e regiões do planeta. 

A preocupação e o cuidado com o teor e a qualidade dos pensamentos irradiados exercem um papel preponderante no questionamento acerca de quais sentimentos devem ser cultivados e acalentados e quais devem ser suprimidos e desconsiderados. Este balanço íntimo possibilitará à pessoa aceitar a verdade dos fatos com mais facilidade e segurança. Nessa visão, é válido salientar que o raciocínio, como atributo do espírito, é reconhecidamente uma das dimensões fundamentais do ser humano, de tal modo que seu exercício, isto é, a operação racional, o auxilia consideravelmente na seleção e organização de seus pensamentos.  

Assim sendo, a razão desempenha uma função moral de grande importância no que diz respeito à execução dos atos humanos e também no que se relaciona com as articulações no campo mental, como a análise dos pensamentos e das irradiações emitidas. Estas devem ecoar, inequivocamente, uma disposição interna à reflexão, ao exame criterioso, ao cultivo das virtudes e à busca pela ampliação do senso moral, pois assim o ser humano estará exercendo uma forte influência positiva no conjunto das intenções e pensamentos que preenchem um campo invisível – mas não imperceptível – a que podemos chamar de atmosfera fluídica da Terra. Esta poderá, aliás, tornar-se “irrespirável” se os seres humanos, em seu conjunto, não despertarem para os valores da espiritualidade. 

Estando à margem de qualquer dúvida a estreita ligação entre o pensamento e a realidade, também não se deve ignorar a relação que, por força dessa circunstância, se estabelece entre o controle dos pensamentos – que se obtem com disciplina, método e força de vontade voltada para a prática constante e desinteressada do bem – e a paz de espírito a que tanto almeja o gênero humano. 

As irradiações ligadas aos pensamentos nobres e elevados consubstanciados com leituras amenas e instrutivas realizadas pelo ser humano consciente do valor do trabalho honesto e benfeito têm o poder de neutralizar vícios e alimentar virtudes, primeiro do próprio emissor, depois de todos aqueles que tiverem força de vontade para seguir-lhe o exemplo. Note-se que há, na base desse conceito, um tipo de pensamento que nobilita quem o cultiva: é aquele que fomenta a reação enérgica de uma pessoa diante do mal que se lhe depara e a quer dominar. Dito pensamento, contudo, pressupõe fortaleza de ânimo – consequência da convicção na vida espiritual e da disposição de viver em profunda serenidade, apesar de todas as circunstâncias crônicas, lancinantes e insidiosas que a vida humana não cessa de oferecer. 

A pessoa que, negando a transcendência dos fenômenos, se amesquinha na visão estritamente material é incapaz de pensar bem e favoravelmente, de criar, por meio do controle de suas reflexões, quadros mentais alvissareiros e elevados que visem ao bem comum. Cativo na desordem de suas ideias e cogitações, torna-se réu de tudo o que ele mesmo julga, conforme sua observação simplista e deformada da realidade. 

O materialista, egoísta por definição, deseja unicamente a cessação de seus problemas. Em vista disto, alimenta, no mais das vezes, pensamentos de autodestruição, e em momentos de total desespero, isto é, de absoluto descontrole psíquico, poderá até almejar o seu aniquilamento; este, porém, jamais lhe advirá, posto que a vida é eterna e o espírito, imperecível. 

Em um período histórico como o que vivenciamos, permeado de tantas dúvidas e divisões, violências e preconceitos, em que os autênticos valores são constantemente invertidos e, em alguns casos, até mesmo anulados por mentalidades fúteis, frívolas e irresponsáveis, em uma época em que abundam discursos de paz e solidariedade sem que no campo prático haja a passagem da teoria para o ato, aparece-nos felizmente como uma luz norteadora a concepção de que as irradiações de nossos pensamentos, quando controladas e bem dirigidas, podem alterar, em parte, a realidade que nos envolve. Aproveitemo-la.  

Consciente da dinâmica articulação entre pensar e viver, entre pensar e agir, a pessoa sai de um estado de passividade para assumir um protagonismo cada vez maior em nossa sociedade contemporânea, tão carente de referenciais verdadeiros, tão preocupada em fruir benefícios materiais que, por sua própria natureza, são efêmeros e ilusórios. Este aspecto é fundamental e de máxima importância, uma vez que a vida em seus contornos exteriores reflete os conteúdos internamente acalentados. 

Todo progresso autêntico perceptível pelos sentidos físicos, seja ele de natureza econômica, moral, científica ou ética, revela um progresso interior, sempre sustentado por pensamentos positivos, emitidos por pessoas que aprenderam a controlar sua mente por meio de uma vida disciplinada, produtiva, reta, honesta e voltada para o exercício das virtudes e para a prática do bem. Breve e vazia de sentido é toda conquista que não é sustentada por uma verdade interiormente comunicada e moralmente ordenada. Sem o pensamento de amor ao próximo, nada vale a busca pelo autodesenvolvimento; por outro lado, todo pensamento que procede do amor desinteressado, por menor e mais insignificante que pareça, produz incomensuráveis benefícios, tanto para o seu emissor, como para toda a família humana. 

Há que ressaltar, todavia, que não basta depurar a mente dos elementos perturbadores que lhe são introduzidos pelo problemático ambiente contemporâneo, fortemente influenciado pelo consumo e pela busca incessante do prazer. É preciso um passo a mais, um incremento de sensibilidade, por assim dizer, para discernirmos melhor as intuições e inspirações que nos chegam, entendendo-as não como uma imposição exterior que se sobreponha a nosso livre-arbítrio, que negue nossa autonomia, mas sim como instrumentos válidos e valiosos que nos auxiliam e engrandecem, desde que nos empenhemos em viver sob o influxo das mais sublimes e autênticas aspirações, como nos ensina o Racionalismo Cristão. 

Muito Obrigado!