Você já fez colonoscopia?
1. Por que fazer colonoscopia, quando e com qual frequência?
Por várias razões: os cânceres do intestino grosso e reto são frequentes; quando aparecem os sintomas, na maioria das vezes, estão em estágios muito avançados. Existem lesões benignas pré-cancerígenas assintomáticas que podem ser diagnosticadas através de colonoscopias e retiradas durante os exames. O pólipo, quando não retirado, pode evoluir para câncer, nos anos seguintes. Quando realizar: após os 50 anos, para a população em geral e antes dos 50 anos para os indivíduos com história familiar ou predisposição genética. Opinião pessoal: não estaria errado realizar a primeira colonoscopia aos 45 anos, na população geral, visto que não é desprezível o aparecimento a partir dessa faixa etária. Frequência: após a primeira colonoscopia, repetir o exame em intervalos a serem definidos, de acordo com indicação médica. Alguns pacientes formam pólipos com muita frequência e rapidez, e necessitam fazer até mais de uma vez ao ano, outros, de dois em dois anos, ou com intervalos maiores.
2. Quais os cuidados para uma colonoscopia segura?
Alguns problemas de saúde podem piorar com o preparo da colonoscopia, pois o indivíduo receberá medicamentos para induzir diarreia, podendo causar queda de pressão, desidratação e hipoglicemia (queda do açúcar no sangue). Recomenda-se fazer a limpeza do cólon em regime de internação hospitalar nos casos em que haja fatores de risco para o procedimento. Recomenda-se a hidratação com soro endovenoso para evitar as complicações. O médico tem condições de avaliar, individualmente, se o paciente tem indicação de realizar o procedimento internado. O preparo e realização do exame pode levar à bacteremia (circulação de bactéria no sangue e levar a febre, calafrios e queda de pressão, principalmente nas pessoas mais idosas. Opinião pessoal: utilizar antibiótico profilático com metronidazol e ciprofloxacino por 48 a 72 horas. Início das medicações na noite anterior ao exame.
3. Neoplasia de cólon (câncer): o que eu preciso saber?
O câncer colo-retal é uma doença comum e letal, quando não diagnosticada precocemente. Estima-se que 135.430 novos casos de câncer de intestino grosso (colon e reto) são diagnosticados nos EUA. Aproximadamente, 50.260 americanos morrem de câncer de intestino grosso por ano. Apesar da diminuição na mortalidade nos últimos anos, é a terceira causa de óbito por câncer em mulheres americanas e a segunda causa em homens. O diagnóstico de novos casos em pacientes com menos de 50 anos tem aumentado nos últimos anos, à custa de cânceres do cólon esquerdo e reto. Entre esses pacientes, 86% apresentam sintomas no momento dos diagnósticos e estão associados a doenças em estágios mais avançados e evolução da doença mais grave. O câncer pode ser diagnosticado em exames preventivos (colonoscopia e pesquisa de sangue oculto nas fezes), com a presença de sintomas clínicos, como alteração no hábito intestinal, fraqueza decorrente da anemia e desnutrição, sangramento retal, dor abdominal, alterações em exames laboratoriais ou de imagem (tomografia, ressonância ou PET Scan) ou internações de urgência decorrentes das complicações, como sangramentos, obstrução ou perfuração intestinal pelo crescimento do tumor, peritonite, anemia severa, emagrecimento ou infecções. Apesar de sabermos que os exames preventivos detectam casos assintomáticos em estágios iniciais e podem levar à cura e diminuir a mortalidade, a realização dos exames preventivos de rotina ainda é baixa para a população geral. Campanhas de conscientização são importantes para alertar a população sobre a necessidade de medidas preventivas para o diagnóstico precoce. Quando os sintomas aparecem, em grande parte dos casos a doença está mais avançada e o tratamento é mais difícil.
Jorge Alexandre Fares
Nefrologista, presidente da Filial Santos