Como buscar uma aliança mais sadia entre corpo e espírito?

Tema importantíssimo e que atualmente ocupa posição de destaque na relação de preocupações das pessoas que buscam conquistar a saúde integral, a relação entre corpo e espírito tem chamado a atenção de um número cada vez maior de pesquisadores que tentam decifrar os complexos mecanismos da mente.

Decerto grande parte das pessoas possuem o desejo natural de saber, aspirando a conhecer a causa dos fenômenos e entendê-los em sua essência. Contudo, surge uma interrogação: de que servirá o conhecimento se não forem contempladas as dimensões mais sutis do ser humano? Nessa perspectiva, entendemos que não há melhor e mais útil estudo que conhecer a si próprio. Da mesma forma, não há melhor projeto de vida que o empenho na tarefa de vencer as inclinações inadequadas e dar expansão às qualidades que se alinham à retidão moral e à integridade de caráter.

Ter-se consciência de que se encontra em constante processo de aprendizado, pensar positivamente sem prejulgar seus semelhantes, auxiliá-los sempre que as ocasiões o permitam, procurar abster-se de situações conflituosas, respeitar os próprios limites e estabelecer prioridades é demonstrar inteligência, além de indicar que estamos trilhando o caminho do verdadeiro conhecimento, que permite que a mente se serene e se harmonize com os demais elementos que constituem a pluridimensional estrutura humana.

Sempre que o ser humano busca alcançar algo e despreza a necessidade de ordenação do pensamento e de planejamento das ideias, acaba por desgastar-se demasiadamente, uma vez que o sucesso, em qualquer área da atuação humana, está relacionado com a regularidade, a correção, a proporcionalidade, a conformidade e o critério dos registros mentais em relação à ação concreta.

A pessoa age de forma insensata e irrefletida, dissipando sua energia anímica, sobretudo quando despreza a disciplina no método, nos parâmetros da boa conduta e na organização, fatores sobre os quais se edifica uma vida feliz e produtiva. Por outro lado, goza de contínua paz de espírito aquele que se organiza, estabelecendo prioridades na vida, respeitando seus limites, cumprindo seus compromissos, amando e respeitando ao próximo e a si mesmo.

Todos podem vivenciar a paz e a satisfação pessoal quando não se ocupam com a vida e os negócios alheios, quando não pretendem modificar o próximo, quando não dedicam tempo excessivo às coisas transitórias. Ora, todas essas ações impedem a agradável combinação que deve existir entre corpo e espírito. Como pode ficar em paz por muito tempo aquele que, vivendo desordenadamente, se deixa absorver pelos aspectos exteriores da existência, negligenciando sua vida interior?

Uma experiência exitosa, sadia, afetuosa, produtiva e nobre deve encontrar sua forma normal de expressão nos valores contidos no campo da espiritualidade. Nesse processo de intensificação do conhecimento da realidade transcendente proporcionado pelo Racionalismo Cristão, surgem espontaneamente várias qualidades que servirão como instrumentos de orientação para o ser humano ao longo de sua trajetória. É o que ocorre na humildade.

Virtude que permite simultaneamente o reconhecimento dos próprios limites e de nosso potencial, facilitando a interação entre os membros de uma comunidade, a humildade, ao mesmo tempo em que serve de expressão para os sentimentos mais elevados e as ideias mais profundas, permite o exercício da reflexão e simplifica a vida, fazendo que o ser humano se abstenha de superficialidades e aspirações vãs e tenha cada vez mais apreço pela qualidade de seus arquivos mentais que, a bem da verdade, ensejarão consequências diretas em seu organismo.

A verdadeira humildade, produto do amadurecimento espiritual, representa uma componente fundamental das relações harmônicas entre corpo e espírito, produzindo efeitos potencialmente benéficos e contribuindo de forma inequívoca para a eliminação de conflitos internos e para o crescimento do ser humano em todas as fases de sua vida.

Em vista do aprimoramento do ser humano, deve-se sempre buscar com constância e determinação a meta de um criterioso equilíbrio entre os pensamentos que estão sediados na mente, cujo propulsor é o espírito, e a ação concreta e efetiva demonstrada pela conduta. Nesse alinhamento reside o fundamento da saúde integral.

É indiscutível que guarda grande sabedoria o ditado popular: “Prevenir é melhor que remediar”. Nessa perspectiva, guiados pelos ensinamentos racionalistas cristãos, que ampliam sobremaneira a visão de mundo, podemos concluir que as pessoas, longe de ambicionar uma receita pronta, uma panaceia, um passo a passo sobre a prevenção aos desafios a que estão sujeitos, podem e devem assumir o protagonismo de tal processo preventivo, cuidando para que seus pensamentos gerem bons sentimentos e que esse conjunto psíquico, sólido e bem estruturado, harmônico e valoroso se manifeste naturalmente nas ações cotidianas.

Sem dúvida, tanto mais se previne quem tanto mais se esclarece a respeito de sua própria essência e dos mecanismos que integram a vida em toda sua magnitude e pujança. Alimentemos pensamentos elevados e aspirações sublimes, religando-nos à fonte da vida e do bem que é a Inteligência Universal. Assim colheremos, no transcurso de nossas existências, os frutos desse modo de proceder. A reflexão cuidadosa, intensa e contínua sobre a importância de nossos pensamentos e sentimentos, o empenho em acertar e a vontade de praticar o bem derivam da mente esclarecida, que se esforça diuturnamente para responder com coerência e ética às mais diversas demandas da vida.

Muito Obrigado!