É pacífico o entendimento de que hoje a sociedade como um todo se encontra em um processo de profunda transformação. Os altos índices de desenvolvimento tecnológico e principalmente a ampliação da expectativa de vida colocaram os seres humanos em contato com uma inédita e surpreendente realidade.
Os desafios vivenciados por todos na chamada era do conhecimento não são unicamente intelectuais, mas remontam à necessidade de dar um significado positivo à vida. Buscamos, com isso, desenvolver a consciência de que, independentemente da idade em que a pessoa se encontre, é preciso, para seu próprio benefício, que ela desperte para a importância do aprendizado contínuo.
No mundo globalizado em que estamos inseridos, é fácil perceber, a partir da observação da realidade que nos envolve, que é inegável a interdependência dos acontecimentos nas esferas ambiental, política, social, tecnológica e humana. Tal constatação deve levar a humanidade a um profundo reexame de paradigmas e valores culturais.
No âmbito da busca por um estímulo ao conhecimento e ao aprendizado independentemente da idade, surge a imperiosa e fundamental necessidade de mudança da atitude interior, que passa pelos pensamentos, sentimentos e percepções. Realmente, a análise do processo histórico da humanidade demonstra que diversas sociedades e civilizações, após atingirem o ápice de sua vitalidade, acabaram por declinar do caminho, perdendo expressivamente seu vigor cultural, artístico, filosófico e científico. O elemento-chave para a compreensão desse fenômeno, na visão dos mais sérios estudiosos, é a perda da flexibilidade.
Ao tornar-se inflexível, a sociedade tende ao colapso. Sem dúvida, o mesmo se dá com o ser humano, que é parte integrante do tecido social, quando este imagina que já passou ou ainda não chegou o tempo de adquirir novos conhecimentos e evoluir. Portanto, as pessoas devem compreender que é na vontade de aprender sempre e cada vez mais, de aperfeiçoar-se moral e culturalmente, que elas ampliarão sua criatividade e, por conseguinte, sua capacidade de responder aos desafios que a todo instante a vida lhes apresenta.
É complexa a tarefa de estabelecer com exatidão os contornos dos padrões culturais que estruturam a sociedade contemporânea. Contudo, uma coisa é certa: quem quer que deseje compreender seriamente os fenômenos que o cercam, isto é, a própria realidade da qual faz parte, não pode assumir uma postura estática e descompromissada frente à necessidade de aquisição de conhecimento. A expressão essencialmente dinâmica da realidade imprime na consciência humana a indelegável missão de aprendizado constante e, ainda mais importante, de abertura ao transcendente.
Quando falamos em aprendizado, não pretendemos limitá-lo à esfera acadêmica, importantíssima, sem dúvida, mas insuficiente para o desenvolvimento integral do ser humano, que deve buscar em si próprio, na convivência com os semelhantes e na sabedoria dos mais experientes os subsídios para que possa despertar para a espiritualidade, que é, por excelência, uma fonte de conhecimento válida e inesgotável, como mostra o Racionalismo Cristão.
Ao reconhecermos a existência do dever moral de estar sempre receptivos ao aprendizado verdadeiro e às informações atualizadas, que constituem parte integrante e inseparável do referencial mais amplo de uma vida saudável, reconheceremos também que a violação a essa necessidade evolutiva de constante ampliação de perspectivas pode consubstanciar uma grave falta de que, mais cedo ou mais tarde, o próprio ser humano se ressentirá.
As reflexões suscitadas anteriormente nos permitem concluir que o aprendizado, independente de conceitos passageiros, é um princípio que norteia uma vivência nobre e engrandecedora, e que esse aprendizado não se deve reduzir a padrões curriculares preestabelecidos. E isto é realmente verdadeiro, senão vejamos: de que valem o conhecimento, a cultura e a erudição se não promovem a paz e a felicidade humana? Pensar na possibilidade de desenvolvimento, em qualquer ramo ou especialidade, sem o concurso da ética e da moral é descambar no terreno da irracionalidade, cujas consequências tendem ao infortúnio.
Uma das mais relevantes lições que os novos tempos nos trazem é a de que sempre é tempo de aprender, além das evidências de que os incontáveis conceitos e teorias utilizados para a descrição do mundo são limitados, precisamente porque ao longo da história tem-se desprezado o elemento transcendente que lhes dá suporte. Então, tenhamos como certo que a consciência espiritualista imprime um formidável impulso ao desprendimento, ao respeito às diferenças e à valorização da vida como oportunidades de crescimento espiritual e, por essa razão, é o fundamento da harmonia interior e da estabilidade emocional do conjunto humano.
Muito Obrigado!