Como mudar o mundo
Recentemente, foi feita uma pesquisa por um usuário do Facebook abrangendo um grupo muito grande de pessoas para responder à pergunta: “Você quer mudar o mundo?” O resultado da pesquisa recebeu 95% de SIM e 5% de NÃO. Ou seja, 95% das pessoas não estão satisfeitas com a vida que levam e têm vontade de mudar o mundo. Mas mudar o que e para quê? Infelizmente, estavam respondendo com um olhar materialista do mundo, em vez de buscarem o conhecimento de si mesmos e a prática dos valores morais do homem racional.
Vivemos em uma sociedade complexa e diferenciada, com predominância de desigualdades nunca vistas. Essas são frutos de um conhecimento muito mais voltado para o “modo ter” do que para o “modo ser” de viver, causando desorganização, corrupção e muita maldade em qualquer que seja a sociedade em que vivemos. As aparências procuram esconder a sordidez humana e a hipocrisia impera por toda parte, subordinadas a uma causa primeira que é o materialismo reinante.
De fato, estamos vivendo num mundo caótico, nefasto, obscuro e sórdido, com raríssimas exceções aqui e acolá. Nossos horizontes estão toldados por nuvens negras e espessas causadas por muitos governantes, verdadeiros títeres, agindo como opressores dos povos que governam, exaltando suas arrogâncias, cobiças e vaidades. Faltam neles o respeito pelo próximo, seus conterrâneos e habitantes de outras nações. Mas as dificuldades encontradas podem ser enfrentadas mediante mudanças. É dessas mudanças na forma de olhar a si mesmos e olhar o mundo que trataremos neste nosso tema. Para isso, precisamos encarar os males de nossa sociedade com firmeza de espírito, vencendo o conformismo, que enfraquece a vontade e destrói a esperança de viver corretamente seguindo os ditames da moral cristã. Temos que persistir na boa luta contra as injustiças sociais cujos efeitos estão à vista de toda a gente. Para isso, jamais devemos resignar-nos!
Espiritualidade. Diante de tudo isso, há uma inquietação íntima em cada um de nós e uma energia de transformação dentro de cada coletividade, transbordante de desejos e vontades de mudanças mais duradouras e permanentes que venham deslocar o ponteiro da balança do “modo ter” para o “modo ser” de viver. Ou seja, a humanidade está começando a despertar para a espiritualidade. Ela está carente de espiritualidade e já desconfia que espiritualidade não é a mesma coisa que religiosidade; e muitos já sabem disso e aplicam seus conhecimentos espirituais para terem uma vida sabidamente melhor, mais solidária e psiquicamente equilibrada em relação a muitos bens materiais.
Sabemos que nenhuma pessoa nasce para ser um derrotado; nasce, sim, para evoluir e tornar o nosso mundo muito melhor e mais solidário. Como? Incitando o povo a tomar o poder pelo voto mal pensado ou até mesmo pelas armas? Não, mas através do bom senso e da espiritualidade, usando o seu voto como instrumento de mudança consciente nos costumes e na moral de nossa gente. Para isso, precisamos investir na educação moral e cívica das crianças e jovens, sem discriminação de status social. Ensinar-lhes o respeito ao semelhante e às leis naturais e dos homens. Só assim, muitas injustiças desaparecerão e a corrupção tornar-se-á uma triste lembrança de nossos tempos. Estaremos, assim, pondo fim a muitas injustiças que ocorrem nas circunstâncias atuais. É preciso fazer um “trabalho de formiguinha”, pois juntos, com união de propósitos, iremos alcançar os resultados por muito tempo almejados.
A mudança é uma real e grande verdade por toda a parte no Universo, e também em nosso mundo. Tudo está em constante movimento e transformação. Mas em nosso mundo, devido às distorções que existem entre o “modo ter” e o “modo ser” de viver, aceleram-se as mudanças materialistas e retardam-se as mudanças espiritualistas, tão necessárias para deslanchar a evolução no nosso mundo-escola. Quando isso finalmente acontecer, via transformação interior dos homens, tornar-nos-emos mais felizes, mais saudáveis e mais solidários com nossos semelhantes.
É errado pensar-se que somente a genética proporcionará as mudanças necessárias, de acordo com as leis de Darwin, como muitos biólogos e cientistas em geral pensam. As leis naturais e imutáveis têm uma abrangência bem mais ampla por serem universais Antes disso, é preciso que cada um se conheça como Força e Matéria – espírito e corpo. Força e Matéria, nas suas mais variadas formar de ser e atuar, são os únicos constituintes de tudo e de todos que existem na Terra e no Universo, isto é, atuam tanto nas micro como nas macro estruturas. Está chegando a hora de buscarmos novos conhecimentos na espiritualidade da vida fora da matéria como os difundidos pelos princípios do Racionalismo Cristão, doutrina que atualizou os ensinamentos de Jesus Cristo quando de sua passagem por este nosso planeta Terra para as condições de nosso tempo.
Esperança. De um modo geral, a estrutura social das culturas de todas as nações do mundo abrange, de um lado, as pessoas pessimistas e, de outro, as otimistas. Como somos otimistas por natureza, não é descabido termos esperança (do verbo esperançar) de que estamos caminhando para uma sociedade mais saudável, mais justa e mais feliz com o aperfeiçoamento das leis humanas, permitindo às futuras gerações progresso, prosperidade e evolução impensáveis na atualidade. Nos relacionamentos interpessoais estarão predominando os sentimentos de respeito, simpatia, empatia, compaixão e compreensão dos modos de sentir de cada pessoa, uma vez que todos somos iguais em essência, mas muito diferentes nas nossas vivências, em função do grau de espiritualidade de cada um de nós. Em consequência, saberemos lidar melhor com as diferenças por sabermos que elas são uma consequência das leis evolutivas, às quais, inexoravelmente, todos estamos sujeitos.
Caruso Samel
Escritor, militante da Filial Butantã (SP)