As maiores tensões e os mais desgastantes sentimentos fazem parte da rotina das pessoas que, por não possuírem convicções autênticas e firmeza de caráter, projetam sua autoafirmação no reconhecimento social. Isso faz com que sua felicidade dependa de aspectos externos, e não da paz interior, aquela que não pleiteia a aprovação de terceiros, mas a consciência de dever cumprido. Tal realidade é frequentemente repetida em nossas reflexões, mas há momentos, como o atual, em que essa noção deve ser intensificada.
As circunstâncias tão complexas que marcam a vida das pessoas na atualidade dificultam o discernimento dos valores que devem orientar suas condutas no sentido de conciliar novos e antigos conceitos. Na verdade, as angústias que assolam o mundo na atualidade estão relacionadas a conflitos que se radicam no íntimo do ser humano, devendo ser superadas por meio da convicção da realidade espiritual e da firmeza de caráter.
O primeiro passo a ser dado nesse sentido é estabelecer uma relação recíproca entre a imagem do mundo, que nos é proporcionada pelo conhecimento histórico, e nossa íntima convicção de que tudo tem uma razão de ser e de que, em última análise, tudo concorre para o bem. É um procedimento legítimo, sobretudo quando queremos ressaltar que nenhuma situação, nenhum fenômeno encontra sentido fora dos domínios da espiritualidade, que ultrapassa as condicionantes históricas e sensíveis.
A elaboração de um modus vivendi em que a convicção e a firmeza venham a ocupar a posição adequada pressupõe o discernimento apropriado de como o ser humano compreende a si mesmo e de como ele percebe a relação existente entre a condição humana e a espiritualidade.
Ao perder a sensibilidade para os elevados conteúdos da espiritualidade, ao se fechar para a realidade transcendente que interpenetra e sustenta o Universo, dificilmente a pessoa compreenderá que os fatos e fenômenos do mundo seguem uma ordenação inteligente.
O enfoque racionalista cristão da convicção fundamenta-se, pois, no entendimento de que ela é abertura para o futuro, para o novo, com base na certeza de que a realidade sempre se altera positivamente. Convicção e esperança sintetizam a unidade própria da vivência humana.
Ao meditar sobre o valor da convicção, reforçamo-la em nós em sua força e em seu poder transformador, o que demonstra a acentuada inter-relação entre convicção e firmeza. Sentimentos como a empatia, a humildade, a abnegação, a renúncia, o altruísmo e a coragem não podem, de forma alguma, ser sustentados por uma pessoa que não possui convicção na espiritualidade e firmeza de caráter. Na verdade, esses sentimentos não podem ser cultivados pelos pusilânimes, tímidos, indecisos e claudicantes; são, antes, qualidades dos fortes de espírito, que se realizam e se plenificam na prática do bem.
Os grandes homens e as grandes mulheres da história souberam, antes de mais nada, nutrir convicções profundas, pensando e agindo com elevação e firmeza. Nessa perspectiva, a irradiação positiva de quem é convicto e firme é capaz de iluminar e alterar as situações de maneira objetiva e eficaz.
Nossa abordagem pertence ao campo da análise filosófico-espiritualista defendido pelo Racionalismo Cristão, que congrega um conjunto de valores que orientam a conduta humana, favorecendo não somente uma postura convicta, mas a ação prática, firme, produtiva e responsável nos diversos campos de atividade. A investigação racional dos aspectos transcendentes, de que paulatinamente a humanidade se dá conta, integra seu percurso evolutivo e histórico e constitui um referencial do qual não se pode prescindir. Se nossa autorreflexão diária for sincera e autêntica, estaremos cada vez mais convictos da transitoriedade dos fenômenos físicos e caminharemos firmes pela estrada do desenvolvimento espiritual, que conduz à felicidade e à paz.
Muito Obrigado!