O título desse artigo expressa duas condições mentais de natureza psicológica que aparentemente são sinônimos, mas que na verdade esses dois substantivos – dependência e submissão apresentam nuances bem diferenciadas entre si. Seus adjetivos – dependente e submisso seguem, de perto, esta mesma afirmação. O espectro de sinônimos e usos desses vocábulos é amplo. Vejamos alguns sinônimos para dependência indicados pelos dicionários: condição de quem é dependente, sujeição, subordinação, falta de autonomia, necessidade física ou psicológica de receber ajuda de alguém, distúrbio resultante da incapacidade de agir por vontade própria. Do mesmo modo, temos para submissão: ato ou efeito de submeter ou submeter-se; condição de quem se sente obrigado a obedecer a uma regra, autoridade ou aos poderes constituídos; subordinação, sujeição, disposição a obedecer ou aceitar o controle ou tutela de alguém; obediência, subalternidade, subserviência, humilhação. Esses três últimos de natureza pejorativa. Curiosamente, o vocábulo sujeição aparece em ambas as listas. Esses vocábulos comportam adjetivação bem variada conforme sua aplicação. Nós vamos desenvolver aqui a dependência emocional e psicológica entre pessoas.
2. Desenvolvimento. Todos nós somos dependentes desde o nascimento, porém gostaríamos muito que as dependências fossem mais voltadas para o compartilhamento, em que todos ganhassem com as ações de uns e outros, não apenas uns ganhassem e outros perdessem. E o que isso quer dizer? Isso significa que quem pauta sua vida fundamentado no conhecimento das leis evolutivas do Universo está ajudando e recebendo ajuda num verdadeiro processo de simbiose reflexiva e espiritual que segue a lei de causa e efeito. Estaremos, assim, dando sentido mais amplo às nossas vidas. Entre os vários tipos de dependência, neste artigo estamos considerando apenas a dependência emocional e, nos casos extremos, a submissão.
3. Atitudes de dependência emocional. Não é difícil reconhecer quando uma pessoa se torna dependente emocional e vai precisar de ajuda. Em primeiro lugar, isso acontece quando a pessoa desconhece sua potencialidade para usar seus atributos ou talentos espirituais, colocando-se como carente de ajuda em situações em que não necessitaria. Em segundo lugar, quando sua demanda de ajuda recai sobre uma única pessoa fixando nela a satisfação de seus desejos. Essa alienação psíquica é destrutiva de sua personalidade. Podemos distinguir algumas atitudes de dependência emocional, a saber: a) a pessoa se vitimiza com frequência nos seus diálogos e relacionamentos para que a outra pessoa sinta pena dela; b) a pessoa se sente carente de afeto e c) a pessoa tem medo de perder a ajuda que já vinha recebendo e se sente desprotegida. Esse é o quadro desalentador na mente da pessoa com dependência emocional.
4. Dependência comportamental e emocional. A dependência emocional se apresenta como um mecanismo pelo qual a pessoa está permanentemente buscando certeza e proteção em outra pessoa para completar a sua própria segurança. O dependente emocional conta com a ajuda de outra pessoa para tomar decisões complexas ou até mesmo mais habituais na medida em que elas se tornam muito desafiadoras para realizá-las sozinho. O dependente emocional necessita do suporte e alimenta a expectativa de validação da outra pessoa para viver em paz e tranquilidade ao tomar suas próprias decisões. E por que ela se comporta assim? Porque possui baixa autoestima e seus pensamentos refletem alta vulnerabilidade, ambos produtores de variações no sentimento de segurança da pessoa que busca ser feliz e ser amada. Dito de outra forma, a pessoa sente-se prisioneira dessa situação que lhe causa ansiedade, muito difícil de afastar voluntariamente.
Para curar as situações mais leves de dependência emocional recorre-se a um tratamento psicológico conhecido como Terapia Cognitivo Comportamental ou Terapia Cognitivo Emocional. Nos casos mais graves, já com sintomas de depressão, o profissional indicado é um médico psiquiatra, que pode receitar antidepressivos. Esse último caso é considerado como um transtorno mental conhecido como Transtorno da Personalidade Dependente, em que o dependente estaria tentando fazer com que os outros cuidem dele. São comuns situações em que o dependente pode até simular uma submissão, devido à sua baixa autoestima.
O profissional, psicólogo ou psiquiatra, nas circunstâncias citadas, procura orientar o tratamento no sentido de incutir certa imunidade para a pessoa relacionar-se de maneira descomplicada e tranquila, criando na mente do paciente atitudes de autossuficiência. Esse objetivo pode ser alcançado usando três estratégias ou princípios, a saber:
l Sentido da vida: aprender a arte de se isolar e refletir sobre os valores da vida sem sentir solidão. Para isso é preciso muita força de vontade, buscando desenvolver a espiritualidade. Reconhecer que aplicando seus atributos ou talentos naturais vai conseguir alcançar uma independência psicoafetiva sobre suas emoções prazerosas sem depender da presença de outra pessoa.
l Diversificação: procure diversificar suas amizades, não colocando todas as suas expectativas de realizar-se e ser feliz na dependência de uma única pessoa. Procure expandir sua motivação, incluindo outros ambientes para seu próprio bem-estar. Dessa forma, a pessoa vai adquirir maturidade emocional que é tudo que ela precisa para desfrutar a vida prazerosamente.
l Independência: As pessoas que têm liberdade de pensar e usam o seu livre-arbítrio para o bem têm motivação e confiança para se desapegarem de qualquer coisa ou pessoas, quando essas deixam de tratá-las com dignidade nos seus relacionamentos.
É preciso reconhecer que os habitantes do mundo-escola Terra em seu processo evolutivo possuem os mais diferentes interesses, características e temperamentos, sendo necessário um esforço contínuo de cuidadosa adaptação para conseguir respeito, dignidade e prazer de viver.
5. Conclusão. Nem sempre é fácil perceber-se dependente, mas para todo e qualquer revés na vida existe solução. Dependência emocional é um problema sério que pode evoluir para ansiedade e até mesmo depressão. Para encontrar solução para seu problema, a pessoa precisa ter coragem e tomar uma atitude ponderada e responsável, A pessoa dependente emocional precisa fazer exercícios de autorreflexão diária, antes de recolher para o sono, sobre seus problemas de dependência emocional tão logo perceba esse quadro sintomático e procurar solução antes que ele se agrave para um transtorno mental mais sério.