Desde que o mundo é mundo, convivemos com as diferenças em vários aspectos e níveis, sejam elas de raça, gênero, crença ou classe social. A diversidade faz parte do cotidiano – a própria natureza demonstra isso; estamos em constante transformação. E assim se constitui a vida, diversa em si mesma e, portanto, única, assim como cada ser humano. Diante disso, muitos se perguntam sobre o motivo de existirem tantas diferenças no mundo.
Pela ótica científica, está comprovado que a capacidade física e mental de cada pessoa é única, ou seja, cada um tem um talento e uma forma própria de resolver seus problemas. E é justamente essa diversidade de atributos, talentos e capacidades que move o mundo: de um lado a Ciência, evoluindo em si mesma seus conhecimentos a respeito da diversidade genética; do outro, os estudos antropológicos e sociológicos, a estudar a diversidade étnica e cultural entre os povos. E assim seguimos na marcha do progresso intelectual e material.
Do ponto de vista espiritual, a abordagem da filosofia racionalista cristã possibilita a compreensão não só do sentido, mas também, e principalmente, da utilidade dessas diferenças para o desenvolvimento moral e espiritual dos seres humanos. E explica que, a cada experiência vivenciada nos mais diversos grupos sociais, o espírito – parcela da Inteligência Universal em evolução – tem a oportunidade de observar melhor a si mesmo, corrigindo seus erros e aperfeiçoando seus atributos.
Com a evolução da Ciência ao longo dos anos, hoje é possível diagnosticar muitas doenças, dentre elas malformações genéticas, antes vistas com misticismo e preconceito, por conta do véu da ignorância. Graças a esses conhecimentos, a nossa sociedade aceita melhor essas diferenças, porém ainda há um grande caminho a percorrer.
Muitos pais, por exemplo, não compreendem o motivo de terem tido uma criança com necessidades especiais. Alguns a negam e pensam estarem sendo punidos, mas enganam-se e, por isso, sofrem. Aqueles que têm o conhecimento da espiritualidade sabem que, na verdade, eles mesmos escolheram essa luta antes de retornarem ao plano físico e, portanto, sabem que não se devem deixar abater, mas sim ter coragem para vencer essa batalha, com consciência e amor.
Da mesma maneira, durante anos, povos foram massacrados e escravizados por outras nações que se julgavam superiores, seja pela raça, seja pela crença religiosa. Hoje, depois de muitos movimentos sociais, a luta pela igualdade de direitos está cada vez mais intensa, o que demonstra que estamos evoluindo, através da razão e do exemplo.
No que se refere às diferenças sociais, é importante lembrar que a riqueza ou a pobreza não condiciona a intelectualidade, muito menos o grau de moralidade do ser humano. Aqueles que tiveram a oportunidade de nascer em lares mais bem estruturados, certamente terão mais oportunidades de acesso à cultura, e até a conhecimentos espirituais. Mas lares mais simples, com pouca instrução, também são fontes de grande esclarecimento. Ou seja, em cada uma das realidades haverá uma fonte de aprendizagem. Lembrando que, conforme dissemos, o espírito, antes de retornar ao plano físico, planeja as situações que irá enfrentar no planeta-escola Terra.
O preconceito é, sem dúvida, um comportamento inadequado, com o qual nós, racionalistas cristãos, não compactuamos. Como já dissemos, é a diversidade humana que move o mundo.
O espírito veio à Terra com o objetivo de evoluir. E o preconceito apenas retarda a evolução. Por isso, precisamos abrir a nossa mente e observar as diferenças que estão presentes em nossa sociedade, lembrando que cada um é livre para fazer as suas escolhas e decidir que caminho tomar – eis a essência do livre-arbítrio.
Quando nos conscientizamos de que somos filhos da mesma essência, embora convivamos com uma enorme diversidade de evoluções no planeta Terra, paramos de discriminar o outro. E esta é a mais bela demonstração de bondade que podemos contemplar.
Nesse aspecto, é importante lembrar o papel fundamental dos pais na educação dos filhos, para que estes, no futuro, se tornem adultos conscientes que saibam conduzir bem suas escolhas e que, sobretudo, compreendam a importância de respeitar o outro em todos os sentidos em termos de etnia, opinião, crença religiosa, orientação sexual, diferença física, entre outros aspectos.
Desde cedo, é importante que as crianças e jovens saibam lidar com as diferenças e aprendam a aceitá-las, ou melhor, compreendê-las, sem discriminar ou julgar quem é ou pensa diferente.
Importante lembrar que cada um tem um grau de espiritualidade diferente e, portanto, está em uma determinada fase de sua evolução. Mas o que realmente importa é que todos estão caminhando para o aperfeiçoamento moral, de modo a atingir suas metas evolutivas.
Por isso a importância de voltar o olhar para a espiritualidade. Quem possui o conhecimento dos diferentes graus evolutivos consegue compreender melhor as divergências de caráter, personalidade e interesses, sendo, assim, mais tolerante e compreensivo.
A humanidade precisa despertar para as diferenças, pois só assim será possível acabar com o preconceito, grande vilão que tem assolado por séculos a humanidade, destruindo a autoestima de muitos.
Portanto, aqueles que se dedicam aos estudos dos ensinamentos racionalistas cristãos compreendem melhor os diferentes níveis evolutivos dos seres humanos e sua importância para a evolução da humanidade. Por isso, são mais tolerantes com o próximo.
Nesse sentido, para haver maior espiritualização, é necessário que as pessoas estudem mais, sobretudo a si mesmas, buscando a essência espiritual que todos trazem dentro de si.
A luta pela evolução espiritual é o princípio fundamental da vida no Universo. Quanto maior o grau evolutivo, menos sentimentos destrutivos a pessoa desenvolve, como a intolerância, a violência e o preconceito.
Apesar de toda evolução intelectual e material conquistada ao longo de séculos, a humanidade ainda possui um longo caminho até compreender, aceitar e respeitar a diversidade humana. Porém, isso não significa que devemos desanimar, muito menos nos revoltar contra a sociedade. As mudanças são mesmo lentas, não ocorrem de imediato. Cada um, ao seu modo e ritmo, faz parte desse movimento de mudança interna. E é assim, a partir da mudança individual que se promove a transformação do mundo.
A diversidade humana é, portanto, uma das maiores riquezas da humanidade, pois é a partir das diferenças que aprendemos a respeitar o outro. E, não só isso, aprendemos a olhar para nós mesmos. Continuemos nessa trajetória evolutiva.