Cantem em uníssono os que forem de cantar; orem os que forem de orar; repiquem, dedilhem, tamborilem numa superfície qualquer, afinem seus instrumentos os que forem de tocar, cada qual na sua crença, na sua preferência, mas todos jubilosos por entenderem que, acreditamos, é chegado um novo tempo. Pensamos isso nos idos de 1985, mas de lá para cá, quanta negatividade, quanta roubalheira, quanta vergonha nos afrontou! Não queremos e não merecemos isso de novo.
Aí está um novo presidente da República levado ao poder pelo voto popular, sem contestação, sem tramóias ou mutretas. Eleito, diplomado e empossado, o Sr. Jair Bolsonaro é o responsável pelo Estado e pela nação brasileiros pelos próximos quatro anos.
Há, porém, que se desinfetar cada gaveta, cada poltrona, cada piso, cada teto, cada fresta das acomodações do Palácio do Planalto, de modo a expurgar insetos e roedores… e os vícios. É de se esperar que a desinfecção não perdoe nem acoberte. Incendeiem-se os tapetes para facilitar a captura de todo lixo físico e moral que eles possam estar escondendo.
O que esperar dos novos governantes do País? Por certo haverá no caminho pedras que não deverão ser contornadas, para que não obstruam a passagem dos que virão, mas trituradas, ainda que à sombra delas se refastelem ilustres personagens que insistem em não seguir o itinerário que traçaram em direção à cadeia. Mais cedo ou mais tarde estarão na tranca, prestando contas.
Na verdade, já algumas medidas anunciadas geraram certo desconforto no seio de grupos que poderão ser atingidos, mas em contrapartida mereceram aplausos e criaram grande expectativa da maioria da população.
Não se pode ignorar o mal-estar que as suspeitas de corrupção de um serviçal do filho do presidente, eleito senador da República.
Mais da metade dos depósitos em espécie recebidos por um ex-motorista do então deputado estadual Flávio Bolsonaro aconteceram no dia do pagamento dos funcionários da Assembleia Legislativa do Rio Janeiro ou até três dias úteis depois. Análise do relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que apontou movimentações atípicas em contas de assessores e ex-servidores do Legislativo, mostra que 34 das 59 operação financeiras seguiram a mesmo padrão. O restante ocorreu em até uma semana. Muito estranho!
Também certa decepção causou haverem sido elevados dos 15 prometidos para 22 os ministérios. É certo que a farra foi contida, porque em nenhuma cabeça mais ou menos sadia cabe a ideia de 39 estruturas ministeriais sugando as falidas muxibas a que ainda chamam de cofres públicos. Melhor que fossem 15, mas 22, vá lá. Mais que o número de ministérios importa o que farão seus titulares. Daí a busca de respostas para a pergunta: o que se espera, afinal, desse governo?