Educação

Educação – passaporte do futuro
O passaporte do futuro – um mundo melhor – é a educação, mas uma política de educação inclui relações pais-filhos, homem-mulher, individuo-semelhantes.
Em todas essas dimensões, deve a vida de sociedade, no interior da família, ser subordinada.
Tanto na relação pais-filhos como na homem-mulher, a confiança é a base, ainda que prejudicada pela vaidade e presunção de infalibilidade do adulto, cuja tendência ao domínio é a valorização.
Se é certo que a paternidade confere ao homem uma certa dignidade, essa dignidade deve ser válida, porque a relação entre homem e mulher tem de ser mútua.
Se o orgulho é a fonte de todas as enfermidades, o amor, como fonte de associação, satisfaz as três condições mencionadas. Tão importantes é conhecê-las como, muitas vezes, difícil suprimi-las.
A delinquência infanto-juvenil está implorando rigorosa profilaxia, que tem por base a implantação de uma política de educação que inclui o bem-estar do menor abandonado e a satisfação de uma vida de paz. Segundo as estatísticas, temos 15 milhões de menores de até 18 anos em completo abandono. O menor tem de encontrar um emprego para suprir o próprio sustento, o custo dos estudos e, muitíssimas vezes, a ajuda da família.
Educar é fazer compreender que o dever de dar dos pais é tão importante quanto o de receber dos filhos. Identificar a criança é intervir antes que cometa alguma falta grave; é uma medida a ser posta em prática. O ponto alto da educação deve firmar-se na preparação da criança no sentido biopsicossocial.
Atravessa-se uma época em que não é mais possível viver por viver, mas viver para viver. Podem os pais preparar-se para aceitar a afirmação de independência dos filhos e facilitar o movimento de emancipação dos adolescentes. Isso, porém, não quer dizer que tomem uma atitude da permissão culposa.
Os casamentos diminuem, e uma grande satisfação precede o divórcio. Por que a mãe moderna sufoca no próprio domínio e sente-se mais súdita que rainha? Talvez o culpado seja o homem moderno, o marido, o pai.
Certos homens, pelo fato de trazerem o dinheiro para casa, aproveitam-se disso para escravizar a companheira ou esposa. A mulher atual não quer mais depender de um homem em quem não encontra segurança material e sentimental e seu desejo de evasão vem do fato de não viver mais num contexto de amor.
Neste século XX, a profissão, incluindo a liberal, está em vias de devorar a mãe e o pai de família. As profissões estão minadas da sedução do ganho, e a indumentária, da sedução do atavismo.
O curso integrado, recentemente implantado, ainda não encontrou o figurino para revelação de vocações, nem o passo indispensável para a adequação da personalidade à profissão.
A juventude não se caracteriza por determinado período de anos nem por pertencer a determinado grupo social, mas por um estado de espírito que reconheça a trajetória de uma mudança psicológica.
A juventude tem de ser considerada do ponto de vista biopsicossocial como uma fase da existência. Instalada a função reprodutora, terminada a evolução dos centros nervosos, a personalidade pelas influências ambientais (família, escola, formação de grupos sociais, encontro com o parceiro sexual e postulação da carreira) passa por uma fase de violentas oscilações emocionais, em busca de padrão de identidade.
Entre os atritos que surgem em casa, estão os provocados por desordem no arranjo dos próprios objetos e nos de casa em geral: cumprimento e principalmente do regresso noturno à casa; escolha de companhias; assiduidade e rendimento escolar; namoro.
Outros aspectos, como abuso de drogas e conduta sexual desviante, são, certamente, motivos de maior preocupação.
O que caracteriza a juventude é a formação de grupos em torno da mesma atividade: esporte, músicas, divertimentos, dança, incluindo jovens-adultos que se recusam a assumir obrigações e responsabilidades da idade que alcançaram.
A moeda corrente é a velocidade e a maior tolerância para a indumentária e o linguajar: cabelos compridos, barbas grandes, “jeans” desbotados, colares, penteados, para não dizer despenteados… Um dos ídolos da juventude é a velocidade, causa da alta mortalidade por excesso de imprudência. Formam-se grupos de neuróticos perigosos que aliam a velocidade à ingestão de bebidas alcoólicas.
– Estudo integrado inclui preparo para o casamento de verdade? Que se tem feito para consegui-lo? Casados ou não, emocionalmente maduros ou não, todos os adultos são capazes de procriar.
Até hoje a sociedade nada fez a fim de preparar os casais para a importante tarefa, a da aceitação das responsabilidades do casamento. Infelizmente, milhares de crianças vêm ao mundo para satisfazer necessidades neuróticas de dois adultos. Esse casar e separar atual resulta do avanço frenético da tecnologia a provocar uma crise socioeconômica, a impedir a adaptação da família no mundo atual.
Hoje, ufanem-se os que não sentem a ausência da figura paterna como fato marcante. Considerem-se felizes os filhos cujos pais, racionais, morais e sociais, lhes legaram obtenção de maturidade, identificação e imitação.
Urge que a família se atualize para sentir que a figura paterna terna é um fato marcante e que o isolamento, gerando a falta de diálogo, está se acentuando tanto, que o pai acaba parecendo aos olhos dos filhos como um proprietário ausente ou um convidado especial.
Compreende-se que as mulheres podem fazer tudo que se decidirem a fazer, mas no relacionamento homem-mulher, o homem deve ser chefe da família, sem contestação por parte da mulher.
Olga Brandão C. de Almeida, professora
Publicado em 9-11-1977