A geração de energia fotovoltaica vem ganhando uma dimensão cujo crescimento se assemelha a uma exponencial, sobretudo nos países considerados mais desenvolvidos e onde já está num estágio tecnológico bastante maduro. É irreversível que as energias renováveis serão o esteio para atender a demanda da sociedade por energia elétrica, especialmente a de origem solar, que designo como a mais democrática das energias, pois chega a todos sem qualquer tipo de estratificação. O vertiginoso aumento da sua capacidade instalada a coloca, num futuro próximo, na vanguarda das fontes renováveis. O que nos preocupa e que, embora sejamos um país tropical e próximo da linha do equador, ainda existem grandes entraves burocráticos das concessionárias no que tange a facilitar a tramitação na legalização dos sistemas fotovoltaicos residencial, comercial e industrial.
Os lobbies das concessionárias estão se movimentando para encarecer a energia fotovoltaica, ou seja, no sistema designado como de geração distribuída. Pretendem agir para modificar a Resolução 482, em detrimento dos cidadãos e corporações que objetivam instalá-la nos seus ambientes. Desculpe-nos pelo tecnicismo. Por uma questão de justiça, sou a favor de que seja cobrada a TUSD ( taxa de utilização do sistema distribuição ), mas não a TUST (taxa de utilização do sistema de transmissão), pois se caracterizará como medida que prejudicará o citado crescimento, por inexorável aumento de custo.
Há países europeus que têm capacidade instalada muito maior do que a nossa em sistema fotovoltaico, com por exemplo Alemanha, Estados Unidos, Japão, Espanha etc, embora sejamos um país que recebe incidência solar média de 5,4KWh/m², que é uma das maiores do mundo e, se nos compararmos com a China, temos que sentir vergonha. Esse é o país que está dominando todo o ciclo da tecnologia do fabrico de equipamentos e painéis (módulos) ligados ao setor.
Somos uma nação que teima em remar contra a correnteza. Portanto, para que não sejamos eternos e contumazes pagadores de royalties de mais um setor, é fundamental que se faça investimento para que possamos cumprir o ciclo de desenvolvimento científico e tecnológico, quais sejam: do copiar, imitar e inovar. No plano da execução de projeto existe uma mútua responsabilidade: de um lado os que pretendem ser um projetista e instalador em sistema fotovoltaico, do outro lado a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), as Distribuidoras/Concessionárias de energia elétrica. Quanto ao cliente final é preciso que seja atendido com plena satisfação, pois será o disseminador dos benefícios que a fotovoltaica gera. No contexto macro, essa geração, associada às outras fontes renováveis, com destaque para a eólica, sobretudo na regiões norte e nordeste, poderá contribuir preponderantemente para minimizar ou até evitar a crise de geração hidroelétrica que nos tem afetado nos últimos anos, auxiliando na postergação do uso da geração termoelétrica que, a maioria sabe, é danosa ao meio ambiente, com os males do efeito estufa, chuvas ácidas etc. Paralelamente, são obtidos também benefícios econômicos e sociais.
Segundo a ANEEL , vislumbra-se um horizonte mais otimista e o cenário está mudando, havendo previsão de que até 2024 o setor atingirá a ordem de grandeza de bilhões de reais e que pelo menos 887 mil consumidores receberão crédito, cuja capacidade instalada totalizará em torno de 3,2GW ( três vírgula dois gigawatts). A expansão da energia fotovoltaica trará benefícios evidentes para o meio ambiente e a natureza, e as gerações futuras ficarão gratas. Como epílogo: cuidar da natureza tem um contexto transcendental e está em consonante com as verdadeiras posturas espirituais.