O cientista Eratóstenes (276-194.C.) nasceu na cidade de Cirene, território do Egito enquanto reinou nesse país do norte da África a dinastia dos Ptolomeus – fundada por Ptolomeu I Sóter (366-283 a.C.) –, que fôra um dos generais macedônios de Alexandre, o Grande.
Ao completar o então chamado “ginásio”, Eratóstenes seguiu para Atenas a fim de continuar seus estudos e depois concluí-los em Alexandria. Aí foi aluno de importantes mestres gregos, como o filólogo e gramático Zenódoto de Éfeso; o filósofo Aríston de Quios; o poeta, humanista, gramático e crítico literário Calímaco; e o gramático Lisânias de Cirene.
Quando seus pais se mudaram para Atenas, o jovem Eratóstenes voltou para essa cidade, onde viveria, não se sabe se casado ou em companhia dos genitores, até o ano 236 a.C.
Na cidade de Alexandre. A essa altura, já famoso como cientista e conhecido como Eratóstenes de Cirene, transferiu-se de vez para a cidade de Alexandre. Pois fôra convidado por Ptolomeu III Evérgeta, rei do Egito, para trabalhar como bibliotecário-chefe da histórica Biblioteca de Alexandria e como professor do filho desse soberano, o príncipe Filopátor, futuro Ptolomeu IV Filopátor.
Agora, estabelecido na grande metrópole, centro da cultura grega, Eratóstenes teria entre seus discípulos não apenas o príncipe, filho de Ptolomeu, mas também outras figuras importantes da época. E, devido a sua diversidade de conhecimentos, passaria a ser reconhecido como um dos principais cientistas de então, se não o maior.
Era, na verdade, acima de tudo, grande matemático, astrônomo, gramático e geógrafo, mas era também versado em história, filosofia e biblioteconomia, além de ser, ora veja, bom poeta.
E, como se tudo isso fosse pouco, foi ainda pioneiro e protagonista em outros importantes feitos científicos, como o de medir, pela primeira vez, com pequeno erro, a circunferência da Terra e o de elaborar o mais perfeito mapa do mundo então conhecido.
“Crivo de Eratóstenes”. Mas, não sendo possível apontar neste espaço todos os feitos científicos de Eratóstenes, concluo mencionando apenas um de seus trabalhos sobre números primos, o chamado “crivo de Eratóstenes” (“algoritmo e método simples e prático para encontrar números primos até certo valor-limite”), que ainda constitui importante ferramenta da “teoria dos números”, um dos ramos da matemática pura.
Diz-se que, em virtude de sua diversidade de conhecimentos, chamavam Eratóstenes de “pentatleta”. Comenta-se também que ele teria nascido no período da 126ª Olimpíada e que, depois de ter perdido a visão, com a idade de 82 anos, deixou-se morrer de fome, findando assim seus dias em 194 a.C., já no reinado de Ptolomeu V Epifânio, que reinou de 205 a 180 a.C.
Aristófanes de Bizâncio. Entre os vultos históricos que foram alunos de Eratóstenes de Cirene, encontrava-se Aristófanes de Bizâncio (c. 257-180 a.C.), famoso também por sua variedade de conhecimentos.
Nasceu em Bizâncio, mas aí viveria pouco tempo, pois, como tantos jovens intelectuais da época, desejava morar e concretizar seus projetos científicos ou culturais em Alexandria. Na metrópole de seus sonhos, Aristófanes frequentou três excelentes professores: Zenódoto de Éfeso, o poeta Calímaco e ninguém menos que Eratóstenes, que, ao morrer, seria sucedido pelo discípulo na direção da Biblioteca de Alexandria.
Aristófanes viria a celebrizar-se não só por sua importância como humanista, lexicógrafo, gramático, filólogo e crítico literário, mas também por seus manuscritos sobre ilustres poetas clássicos da Grécia antiga, como Homero, Hesíodo, Anacreonte, Píndaro e o filósofo Platão.
Obras de maior destaque de Eratóstenes
– Sobre a Medição da Terra (nessa obra, ele consegue, de maneira surpreendente, medir a circunferência de nosso planeta)
– Sobre as Seitas Filosóficas
– Sobre o Libertar-se da Dor
– Sobre os Significados (importante livro de geometria)
– Astronomia ou Catasterismos
– Platonicus (acerca da matemática que fundamenta a filosofia de Platão)