Espírito não encarna

Todo conhecedor da filosofia racionalista cristã tem a informação de que tudo no Universo está em constante evolução. Esse processo se manifesta na matéria através de sucessivas transformações que a levam a estados organizados em estruturas cada vez mais complexas. Essas transformações são causadas pela ação de forças, em processos definidos pela lei da evolução.

As forças também estão em contínuo processo de evolução. Aquela filosofia explica que as forças fazem sua evolução atuando em diferentes campos de manifestação. Exemplos particulares desses campos são os reinos da natureza. Cada força passa pelo mineral, pelo vegetal e pelo animal antes de atuar no reino hominal, quando passa a ser denominada de espírito.

O processo evolutivo do espírito requer muitas passagens, ou jornadas, pelo reino hominal. Costuma-se chamar cada  uma dessas passagens de encarnação. Quando chega ao fim de uma passagem, diz-se que o espírito desencarnou.

Ambas as palavras “encarnação” e “desencarnação” tiveram seu papel na escala educativa do ser humano. Foram úteis diante das nossas condições anteriores de entendimento, mas já está na hora de serem deixadas de lado, pois espírito não encarna e, consequentemente, também não desencarna. Procuremos aclarar este assunto.

A palavra “encarnação” dá a ideia de que o espírito adentra um corpo humano, ou que se reveste de carne. Ideias incorretas. O espírito não se encontra no interior do ser humano, nem se cobre de carne nem se envolve ou se mistura com ela. O espírito fica fora do corpo humano, à sua esquerda. Assim sendo, por ocasião do falecimento do ser humano, o espírito não sai do seu interior nem se desfaz de carne. Em não havendo encarnação, tampouco haverá desencarnação.

Se não tem sentido falar-se em encarnação e desencarnação, como devemos expressar-nos para nos referirmos à vinda de um espírito a este mundo-escola e sua volta ao seu mundo de estágio? Em outras palavras: como nos referirmos ao nascimento e falecimento de um ser humano? A resposta está oculta em nossa mente. Falta explicitá-la em palavras. Vejamos.

Já sabemos que a passagem ou permanência de um espírito pela Terra pode ser feita de duas maneiras. Quais são elas? Como estudiosos da filosofia racionalista cristã, já sabemos a resposta. Ou o espírito está aqui trabalhando astralmente sob orientação de outros mais evoluídos, ou está realizando sua passagem animando um corpo físico. Neste último caso, ele é temporariamente chamado de ser humano e, em vez de encarnação, devemos dizer que o espírito passa a atuar sobre um corpo físico, um corpo humano. No processo oposto, o espírito deixa esse corpo para trás e volta ao seu mundo de estágio.

Por praticidade, talvez possamos continuar usando os termos “encarnação” e “desencarnação”, porém, diante do exposto, sempre com consciência de que são inadequados.