Este artigo dedica-se à eloquente exaltação da virtude da alegria, que imprime um grande estímulo à conquista de elevados ideais. Referimo-nos à alegria oriunda de uma experiência de vida firmada nos princípios da ética, na prática do bem e no respeito ao ser humano. As informações e subsídios que aqui reunimos sinteticamente têm por objetivo auxiliar os homens e mulheres de nosso tempo a compreenderem o valor da autêntica alegria, que habilita ao amadurecimento espiritual e possibilita a estruturação de uma personalidade livre, forte e vitoriosa.
É relevante destacar que a vivência da alegria, interpenetrada de espiritualidade e racionalidade, produz uma energia capaz de anular grande parte das manifestações de afetação, comodismo, individualismo e pessimismo tão presentes na sociedade atual. A alegria espiritualmente considerada suaviza, inspira, renova e revigora, incentivando, por conseguinte, novos comportamentos e atitudes que passam, necessariamente, pelo autoconhecimento e pela autorreflexão.
Virtude que potencializa os pensamentos. Tradicionalmente mencionamos o alto valor dos bons pensamentos e o quanto eles auxiliam no fortalecimento do espírito e da vontade. Sim, de fato, eles são importantíssimos. Todavia a virtude da alegria potencializa de maneira admirável os pensamentos nobres e benfazejos, conduzindo o ser humano à vitória: em primeiro lugar, à vitória sobre si mesmo, sobre seus impulsos inadequados e sabotadores; em segundo lugar e por consequência, à vitória na vida. Já perceberam que os vitoriosos estão sempre alegres?
A consciência da estreita ligação que há entre a alegria e a vitória, aqui mencionada, deve estar interpenetrada pelo discernimento. É este que permite compreensão de que a alegria, embora contenha uma força poderosa capaz de grandes realizações, deve ser sempre direcionada a um fim possível e objetivo, e jamais servir de alimento a uma fantasia imatura, que faz com que o ser humano se desgaste e se frustre. A alegria que não se funda na razão não significa mais que uma caricata e vazia presunção.
Temos dito reiteradas vezes: a alegria enseja no ser humano consciente de sua essência espiritual uma força revigorante, capaz de produzir harmonia e satisfação. Aquelas situações desagradáveis, aqueles males que tanto causticam e estigmatizam a humanidade despreparada perdem significado onde impera a alegria. Esta, analisada à luz da espiritualidade proposta pela Racionalismo Cristão, se mostra como consequência imediata do entendimento de que tudo concorre para o bem; de que o mal, essencialmente considerado, só existe na mente de quem ainda não compreendeu a imensidão e a abrangência do processo de aperfeiçoamento no qual se encontra inserido.
Fonte de alegria. Sabemos, por meio dos ensinamentos racionalistas cristãos, que a missão fundamental do ser humano neste mundo é o autoaperfeiçoamento. Nesse sentido, é necessário reconhecer que, por muito difícil que seja o empenho para o desenvolvimento dos atributos espirituais, não se exclui dessa trajetória um sentimento de profunda alegria. É verdade: se, por um lado, o processo de crescimento espiritual é por vezes doloroso (qual é o crescimento que não importa em dor?), por outro, a felicidade oriunda desse processo é fonte de indescritível alegria.
Ao concluirmos queremos destacar que o esclarecimento espiritual, que fundamenta e sustenta uma experiência de vida digna, além de imprimir ao ser humano uma confiança robusta em si mesmo e nos processos que envolvem a vida, permite que ele vivencie cotidianamente momentos de singela e profunda alegria.
O esclarecido é naturalmente alegre. A pessoa esclarecida é naturalmente alegre, porque sabe que tem em seu íntimo poderosos instrumentos para a superação dos desafios que se lhe apresentem. Dessa forma, esperamos de maneira sincera e otimista que todos que nos acompanham se aprofundem cada vez mais no conhecimento de si mesmos e no da espiritualidade divulgada pelo Racionalismo Cristão, a fim de vivenciarem a alegria em sua plenitude, renovando os próprios comportamentos e inspirando no próximo as mais elevadas atitudes.