Feliz 1972
Estamos chegando ao fim de 1971 e todos se preparam para receber o Ano Novo – 1972. Anuncia-se o Natal e o comércio promete servir bem a freguesia, oferecendo mercadoria a crédito com prazos longos e às portas de certos estabelecimentos, como pelos jornais e televisão, surgem as tradicionais figuras de “Papai Noel”, com longas barbas brancas a desejar “boas festas”.
É natural que os chefes-de-família, pensem em presentear os filhos, por terem sido estudiosos e haverem passado de ano, e outros, se preparem para as festas de formatura.
Mas, presentear a família contraindo empréstimos e comprando a crédito, é má política financeira e familiar. Todos devem pugnar pelo bom conceito, merecer crédito, mas nunca se envaidecer pela confiança depositada e jamais abusarem do crédito concedido.
Se estamos no fim do ano e as finanças estão fracas, não se confie no futuro assumindo compromissos de honra, porque se pode arruinar a família.
Devemos ocupar o tempo, trabalhar, produzir, ganhar e saber guardar uma parte para fazer pecúlio.
É justo e natural que após um ano de lutas, de dificuldades, se possua uma reserva para alegrar o lar, presenteando a esposa e os filhos, e, no dia 31 de dezembro se reúnam no lar paterno os queridos filhos, netos e até os bisnetos, para um jantar fraternal, sem o abuso de bebidas alcoólicas, se palestre até às 24 horas, quando é anunciado o Ano Novo, e todos toquem suas taças nas taças dos queridos Pai e Mãe, e assim todos, reciprocamente, uns nas dos outros almejando um Feliz Ano Novo.
A família é o centro do amor espiritual, e saiba-se que ela vem periclitando dia-a-dia, justamente por se dar mais importância à matéria do que ao espírito, quando é certo que o espírito é eterno e a matéria tem tempo limitado. O corpo morre e vai para debaixo da terra, mas o espírito alteia-se, sente-se viver, por ser Luz, Inteligência, Força, parte integrante do Grande Foco, Inteligência Universal, Supremo Arquiteto do Universo, Força Criadora, Espírito Criador, Deus, como o chamam as várias religiões, mas que não o sabem definir, cometendo o erro de dar-lhe um corpo e até ser dito que o homem é feito à semelhança de Deus.
Assim se depreende a falta de esclarecimentos da humanidade e daí ela sofrer tanto por ignorância da sua composição como Força e Matéria.
O progresso espiritual é uma necessidade, mas, infelizmente, o materialismo que vem dominando o mundo cria dificuldades, ele atrasa, dificulta a marcha do progresso.
O materialismo prejudica o espírito, entorpece a razão, embrutece as almas e, como se vê, atualmente, há mais materialões do que aqueles que cuidam do espírito. A mocidade vive transtornada, e isso se deve aos lares sem pais e escolas sem mestres.
Ainda recentemente lemos num jornal carioca: Falência da família é o que leva os jovens ao tóxico, afirma especialista.
“A rebeldia dos jovens é uma consequência da falência atual da família, que os leva a procurar amigos indesejáveis e a evasão pelos tóxicos”, disse o presidente da Academia Nacional de Farmácia, professor Evaldo de Oliveira, durante a abertura da lI Semana Nacional de Intoxicações.
Grande verdade disse esse ilustre professor. Ela que sirva de advertência àqueles que pensam e raciocinam e passem a dar mais atenção aos seus lares, à sua família, para que amanhã não tenham de derramar lágrimas por verem seus filhos intoxicados pela maconha e pelo sexo e transviados a cometerem crimes de toda a natureza, terminando na prisão, no hospital de alienados ou no suicídio. São encarnações perdidas.
Diante desses acontecimentos degradantes somos levados, nós, os racionalistas cristãos, a dizer: Despertai antes que seja tarde demais! Sim, é preciso despertar para que seja a vida encarada por um prisma diferente daquele que tem sido visto até aqui. É preciso despertar e cair na realidade da vida para que possa viver com mais inteligência. É preciso acabar com as ilusões, deixando de implorar proteções. É preciso colocar o espírito acima das misérias humanas, que o ser humano se espiritualize, tendo asco do materialismo degradante e assim da brutalidade humana.
A humanidade tem vivido enganada, ludibriada, explorada na sua ignorância sobre o que seja a composição do Universo, esteada em Força e Matéria, e assim que as leis que regem o Universo são comuns, naturais e imutáveis. Ninguém as pode alterar, e por isso é que o espírito tem livre-arbítrio. Ele responde pelo que faz e é o que pensa. Como fizer, assim terá. Não há perdão divino. Há leis, apenas, e por essa razão é que Jesus, o Cristo, afirmou: ”Como fizeres, assim terás.” “Como pensares, assim atrairás.”
É meditando na Verdade de Cristo que nós, que nos conhecemos como espírito e corpo, não desejamos aos nossos amigos “Bom Natal” ou “Boa Consoada”, mas os saudamos com lealdade e sinceridade, desejando-lhes Boas Festas pelo Fim do Ano e Feliz Ano Novo.
Creiam, caros leitores amigos, que nestas colunas há de resplandecer sempre a fraternidade, o amor e o respeito cristãos, tais quais o fundador deste jornal, o grande espiritualista Luiz de Mattos soube difundir para bem da humanidade.
Na dor, como na alegria, nunca haja revolta ou perturbação espiritual, sejamos sempre comedidos.
Tudo passa na vida, e o espírito é eterno. Haja essa convicção e dia a dia haverá mais força para lutar e vencer.
Recebamos, pois, o Novo 1972 – não com promessas ou ilusões, mas com a esperança de que os seres humanos pensem mais alto; os dirigentes dos Povos deem as mãos para que não haja ódio e guerra e sim amor espiritual, visto que, como disse Cristo, os seres humanos, pela essência espiritual, são irmãos. Deve haver entendimento com elevação espiritual. Pugnar-se pelo amor à verdade, ao trabalho, enaltecendo o lar, a família, não deixando haver miséria e fome.
Como espírito, ninguém vem à Terra para ser miserável. A miséria originou-se na criação de castas e fidalguias esteadas na materialidade.
Entre-se em 1972 confiantes em dias melhores. Ame-se o Brasil!
Antonio Cottas
Publicado em novembro de 1971