Há 114 anos a humanidade recebia a verdade do RC

Casas racionalistas cristãs do Brasil e do exterior comemoraram, em 26 de janeiro, o 114º aniversário de fundação do Racionalismo Cristão. Nessa data, em que se festeja também o Dia da Espiritualidade, os portugueses Luiz de Mattos e Luiz Thomaz ofereceram ao mundo, em Santos, São Paulo, os princípios e conceitos, de uma filosofia espiritualista que se propõe dar à humanidade os meios de alcançar evolução espiritual, uma filosofia com base na razão e nos ensinamentos de Cristo, daí chamar-se Racionalismo Cristão.

Na solene reunião comemorativa na sede mundial do RC, seu presidente, Gilberto Silva, proferiu discurso em que destacou os motivos que justificam a celebração, afirmando: “Prezados, esta reunião cívico-espiritualista é a esplêndida ocasião que temos para celebrarmos dois importantes acontecimentos que, interligados, representam também dois elevados valores como polos simétricos e harmônicos de uma realidade, ao mesmo tempo generosa e integradora. É com muita alegria que comemoramos nesta data os 114 anos de fundação do Racionalismo Cristão e o Dia da Espiritualidade, por ser assim considerada pela comunidade racionalista cristã em âmbito mundial a implantação dos ensinamentos de nossa filosofia de vida na Terra”.

Destacou o presidente: “A genialidade e a grandeza tanto de Luiz de Mattos quanto de Luiz Thomaz ao fundarem o Racionalismo Cristão, possibilitaram a estruturação de uma perene e sólida filosofia espiritualista, capaz de fornecer os conhecimentos e estímulos necessários ao aprimoramento ético e moral da humanidade, e que. ao completar mais um ano de existência, demonstra, além da sua força, a relevância de seus autênticos conceitos e princípios no fortalecimento, esclarecimento e espiritualização dos seres humanos”.

Acrescentou o presidente: “A autenticidade dos conceitos e princípios racionalistas cristãos – como reiteradamente afirmava Humberto Rodrigues, nosso querido antecessor na presidência física e, hoje, Presidente Astral do Racionalismo Cristão – resulta de sua universalidade e clareza, pois possibilitam aos seres humanos articular verdades espiritualistas com a realidade individual que vivenciam, ou seja, com os próprios desafios cotidianos. É essa a principal característica que lhes confere notável autenticidade, ilustrando o realismo da espiritualidade em sua forma mais pura e elevada”.

Valor da espiritualidade. Exortou Gilberto Silva: “Minhas amigas e meus amigos, o dia de hoje representa uma excelente oportunidade de elevação espiritual, uma esplêndida ocasião para, a um só tempo, percebermos com nitidez os legítimos traços de originalidade da filosofia de vida do Racionalismo Cristão e refletirmos com profundidade acerca do imenso valor da espiritualidade contida nos seus conceitos e princípios, que fornecem aos seres humanos a eles receptivos um ângulo de visão que lhes abre um panorama de vida libertador, por meio do qual os pensamentos, sentimentos, gestos e procedimentos assumem um sentido maior e mais abrangente”.

“Ficamos também felizes ao constatarmos o entusiasmo, a lealdade e o empenho de nossos militantes espiritualistas, não apenas os da sede mundial, mas os das filiais e os dos correspondentes do Racionalismo Cristão no Brasil e em dez outros países: Angola, Bélgica, Cabo Verde, Estados Unidos, França, Holanda, Luxemburgo, Portugal, Senegal e Uruguai, todos empenhados em ajudar as pessoas que procuram as casas racionalistas cristãs em busca de soluções para os problemas existenciais por que passam, esclarecendo-as acerca do próprio valor pessoal e da magnitude de seus atributos e suas faculdades espirituais.”

“Nossa militância espiritualista combate, direta e indiretamente, o individualismo, o egoísmo e a indiferença para com as coisas sérias da vida.”

Tríplice composição do ser humano. Prosseguiu o presidente: “Inspirada em um humanismo inclusivo e espiritualista, a filosofia racionalista cristã, ao formar uma significativa e influente rede de fortalecimento espiritual em âmbito planetário, agrega às atividades benéficas, meritórias e de amor ao próximo encontradas atualmente nas sociedades organizadas uma valiosa e singular contribuição, a de provocar nessas estruturas organizativas, mediante iniciativas racionais e acessíveis, a compreensão de que o ser humano é muito mais do que um conjunto de células, tecidos e órgãos, pois tem, na realidade, uma tríplice composição, porque é formado de espírito, corpo fluídico e corpo físico. É nessa integralidade que estão contidos todos os instrumentos que o tornam capaz de enfrentar e vencer as dificuldades que a vida cotidiana lhe impõe e que são utilíssimas no campo do seu autodesenvolvimento.

Estamos convictos de que a obra espiritualista de Luiz de Mattos e Luiz Thomaz, passados 114 anos de sua implantação na Terra, conseguiu, perante as gerações que os sucederam, alcançar os fins por eles pretendidos e o brilhante conjunto de espíritos do Astral Superior liderados pelo de Antonio Vieira, a maior expressão luso-brasileira do século XVII.

No contexto por nós delineado, alguém poderá indagar: “por que dedicar um dia exclusivo à espiritualidade se durante todo o ano o que mais se ouve em nossas Casas é falarmos sobre ela?” Em primeiro lugar, porque se trata de uma realidade que nos envolve e influencia diretamente no dia a dia e que, por ter tamanha importância, merece, a nosso sentir, ser lembrada periodicamente a partir de uma visão celebrativa em ocasião especial. Em segundo lugar, porque esse dia representa uma oportunidade a mais de nos unirmos física e espiritualmente, de consolidarmos nossos vínculos de amizade e consideração mútua, que nos unem em um contexto festivo único, tão sublime quanto elevado.”

Amigas, amigos, moças e moços, acrescentou, “para compreendermos, de forma mais completa, a amplitude e a grandeza deste momento festivo, é obrigatório assumirmos o compromisso de vivenciarmos, ao longo de nosso itinerário de progresso material e de desenvolvimento espiritual, os valores e princípios que interpenetraram e sustentaram este pronunciamento. Por conseguinte, convidamos a todos os presentes a praticar, de forma cada vez mais intensa e constante, os ensinamentos espiritualistas de nossa já centenária, mas sempre jovial, filosofia de vida.”

Queremos que no mundo tão materialista em que nos encontramos, saibamos provocar nas pessoas com as quais convivemos sentimentos elevados de benquerer, de intransigente lealdade e indesviável retidão no cumprimento dos deveres e, acima de tudo, de firmeza de caráter!

É neste clima de resplandecente grandeza espiritual que vibramos pensamentos direcionados aos mestres da espiritualidade Luiz de Mattos, Luiz Thomaz, Antonio Cottas e Humberto Rodrigues e agradecemos a presença de todos com nosso abraço fraternal.

Atenção aos bens materiais sem esquecimento das qualidades morais

Também discursou na cerimônia da sede mundial o diretor-bibliotecário, Jefferson Cunha, que chamou a atenção: “Em todas as épocas da história vimos seres humanos de inteligência poderosa e atividade infatigável mergulhados no mundo material, sem a menor noção do aspecto espiritual da vida.

Seria porém um despropósito afirmar que não necessitamos de nos preocupar com as coisas materiais. Sim, precisamos, porém essa atenção deve ter fixação no caminho que conduz ao realce das qualidades morais dispensadas aos interesses em mira. Nada mais. Se preferirem entender como uma receita, experimentem”.

Afirmar essa realidade não permite desprezar dois elementos cruciais: convicção e virtude. As virtudes de que tanto se ocupa a literatura em geral, há que constituir um hábito que oriente as pessoas a consciente e cotidianamente reproduzi-las nos meios em que circulam.

As maiores virtudes. E falando em virtudes não podemos deixar de destacar aquelas que se demonstram através do desprendimento, organização, otimismo, paciência, respeito, cooperação, e sobre uma imaginação devidamente educada que reduza momentaneamente a influência da vida comum e permita um rápido ingresso na região dos sonhos cuja realização o futuro promete.

Foram essas circunstâncias que muito provavelmente animaram Luiz de Mattos e Luiz Thomaz a investirem na convicção plena de que, com a sensibilidade bem gerida, daria fruto a realização de uma obra tão importante quanto a desta Instituição que hoje completa 114 anos.

Abrir as portas de uma casa racionalista cristã exigiria, como de fato exige até hoje, ter a postos, militantes espiritualistas prontos a receber aqueles que confiaram em nós, depositaram e depositam suas esperanças no que aqui aprendem e vivenciam. Sim, assim aconteceu e permanecerá acontecendo indefinidamente, porque aprenderam os militantes que a “vida boa” é aquela dedicada ao semelhante em que o desabrochar do próximo é o maior valor, e dessa forma, nossa atividade assume grande relevância.

Atenção ao público. Se bem observarem, toda a estrutura da Casa é para o público, nosso principal foco, da porta de entrada, ao salão, nos floridos jardins que rodeiam a edificação, no espaço reservado para o grupo de estudos, na sala destinada às crianças, na livraria, nas telas que exibem ensinamentos espiritualistas, no atencioso atendimento, na disciplina dos horários, enfim, toda a nossa disposição é dirigida ao nosso semelhante.

Esse empenho se justifica, também, por sabermos quanto as pessoas trazem de convicção de que acertaram na escolha de aqui virem; pessoas que não conhecem o tema da espiritualidade e que acreditam encontrar nessa Casa imponente a sublimação humana, aquela que, além da conquista, transborda os limites da comodidade material e ganha relevo no conforto moral das realizações diárias. A contrapartida estampa a empatia, o comprometimento de transmitir de graça aquilo que de graça recebemos: o esclarecimento e o fortalecimento espirituais.

É sabido por todos nós que aqui trabalhamos por aqueles que chegam convulsionados nas escolhas, nas emoções e vendo seus bens materiais e imateriais em desalinho. Nós enxergamos isso, e abrimos mão, às vezes, dos interesses pessoais para aqui estarmos a tempo e hora. Para que isso tudo dê bons resultados é necessário um espaço como este, de onde emana uma disciplina espiritualista que se agiganta em cintilações, e que envolve e distribui ao mundo condições de esclarecimento e fortalecimento de almas.

Saibam que figuras de destaque na história da humanidade aqui estiveram, não em seus corpos físicos, mas com o que possuem de melhor: a consciência esclarecida da eternidade da vida. Saibam também que a convicção absoluta, já por nós mencionada, é a de que nossos assistentes experimentam aqui neste recinto a melhor, para não dizer a única, forma de bem conduzirem suas vidas enquanto estiverem neste mundo. Sendo assim, justa e merecida a homenagem que se tributa nesta data.