Harmonia e integração

Os estudos filosófico-espiritualistas que empreendemos se fundamentam em um conjunto harmônico e ordenado de princípios transcendentes divulgados pelo Racionalismo Cristão que apontam para uma mesma direção, qual seja o esclarecimento espiritual com vista à prática constante e desinteressada do bem. Tal noção é extremamente relevante e será desdobrada, ainda que sinteticamente, no presente artigo.

Princípios. Os princípios espiritualistas do amor ao próximo e da valorização do trabalho, da ética, da moral e da honestidade, que sustentam e direcionam nossos estudos, devem ser interpretados e aplicados na vida cotidiana de modo harmônico, coerente e integrado. Sob tal prisma, o estudioso da espiritualidade deve ser moderado, prudente, cuidadoso, honesto e sincero em casa, na rua, no trânsito, no trabalho, no lazer e em qualquer lugar em que tenha tarefas a desempenhar. Na verdade, não há que falar em vida material e em vida espiritual. Tal separação não existe, já que a vida é una, da mesma forma que somos uma unidade composta de espírito e corpo.

Principais objetivos. O esclarecimento espiritual e a prática do bem, objetivos principais de nossos estudos, jamais são alcançados de forma definitiva pelo ser humano, uma vez que todos estão inseridos em um processo evolutivo que é contínuo. Tal consciência deve encorajar o estudioso da espiritualidade proposta pelo Racionalismo Cristão a se empenhar cotidianamente para crescer nas virtudes e expandir seus atributos e faculdades inerentes, a fim de que o dinamismo da vida o projete rumo a descobertas cada vez mais surpreendentes e felizes.

Identificação. As pessoas que se identificam com os princípios racionalistas cristãos, independentemente das tarefas que desenvolvam na sociedade, além de estarem sempre receptivas a novos aprendizados devem, sempre que possível, estender a mão a quem sinceramente necessita de um auxílio, tendo em mente que muito auxilia a humanidade quem se empenha efetivamente em manter sempre elevados os próprios pensamentos.

Universalidade. A universalidade dos princípios que estudamos e nos empenhamos em vivenciar todos os dias remetem ao entendimento de que todos nós, cada qual com suas características e peculiaridades – no lar, no exercício de sua profissão, na expressão de sua cidadania, na busca de seus direitos e no cumprimento de seus deveres –, devemos, estimulados pelo esclarecimento espiritual, dedicar-nos a fazer o bem de maneira prática e efetiva.

Desenvolvimento espiritual. O desenvolvimento espiritual das pessoas implica consciência da interdependência entre os seres e do dever moral de fazer o bem de maneira sincera e desinteressada. Essa é a fronteira entre a experiência espiritualista e a consciência afetada pela materialidade. Desponta, atualmente, a necessidade de maior abertura para os valores transcendentes, para que os seres humanos ajam de modo responsável em relação ao próximo, valorizando a generosidade e conservando o equilíbrio e a harmonia interior por meio do cumprimento dos deveres para consigo mesmo, a família e a sociedade.

Conclusão. O esclarecimento espiritual e a prática do bem, analisados no presente artigo, não se restringem a uma mera atitude de abertura ao transcendente e de generosidade para com o próximo; vão além, são mais profundos. O esclarecimento espiritual identifica-se com a coragem de ultrapassar comodidades e limites e penetrar em uma realidade maior, que dá sentido à vida. A prática do bem, além da ajuda financeira e material, relaciona-se com o comprometimento interior de nutrir pensamentos altruístas e sentimentos de valor, a fim de exteriorizar condutas proativas que repercutam em favor de toda a sociedade, sem distinções de qualquer espécie.

Diante de toda a materialidade presente no mundo atual, nós, que temos acesso a conceitos tão elevados e libertadores como são os proporcionados pelo Racionalismo Cristão e expressos neste artigo, temos de demonstrar o quão significativo é esclarecer-se espiritualmente. E como o faremos? Fortalecendo a vontade para praticarmos diuturna e desinteressadamente o bem a um número cada vez maior de pessoas.