Neste artigo falaremos sobre imunidade, considerando-a a partir da perspectiva do fortalecimento e revigoramento da composição integral do ser humano. Interessa-nos então tratar da imunidade em seus aspectos físico e mental, posto que o ser humano se compõe dessas dimensões – que não são estanques, mas possuem íntima relação uma com a outra, como vimos asseverando em escritos e alocuções.
Como somos conscientes de que o pensamento é a antessala da realidade material, ou seja, de que tudo aquilo que tem existência física fora antes pensado, quer pelo ser humano, quer Inteligência Universal, não nos será difícil inferir, com base no atributo da lógica, que jamais devemos acalentar em nossa mente o que não desejamos que se materialize em nossa vida, ensina-nos o Racionalismo Cristão.
Pensamentos de medo, por exemplo, reduzem consideravelmente nossa imunidade mental, ampliando, por outro lado, os problemas. Não raro, trazem para o presente situações que deveriam estar sedimentadas no passado. Ora, o passado tem utilidade somente quando é capaz de oferecer lições para o presente. Sem isso, reduz-se a cinzas inúteis na memória. O aprendizado é algo vivo; embora se ligue ao que passou, não está restrito aos limites do tempo.
Os pensamentos e sentimentos de coragem e confiança, por seu turno, permitem que nos concentremos no presente, no aqui e no agora, e que reajamos positivamente aos estímulos vitais, com a certeza de que tudo na vida passa, exceto os valores espirituais.
Para que se possa revigorar a saúde mental, é importantíssimo aprender a gerir os pensamentos, emoções e sentimentos, respeitando nossos limites e considerando nossos talentos. A saúde não está na imposição, mas na gestão.
Uma vida equilibrada, harmônica, pacífica e, portanto, saudável pode ser compreendida como entediante, monótona e desagradável somente por quem não saboreou a paz de espírito resultante da observância dos deveres, e sobretudo por quem não se entregou de corpo e alma ao combate da vaidade. De fato, sem uma luta constante contra ela, a imunidade mental se torna uma quimera. Quem poderá nutrir a mente de bons pensamentos e sentimentos e, ao mesmo tempo, esforçar-se para ostentar uma personalidade vaidosa?
Vejam, amigos: descobrimos na humildade, o oposto da vaidade, um poderoso fomentador e fortalecedor da imunidade mental.
O vivo interesse acerca dos assuntos e conteúdos relacionados estritamente ao campo ilusório das sensações materiais ativa acentuadamente as emoções humanas, ao mesmo tempo que causa empolgação e entusiasmo. Não chega, porém, a constituir um valor para a saúde mental, mas muito pelo contrário: quando a pessoa se põe a vivenciar emoções intensas e acachapantes, incide na perda de suas energias físicas e mentais.
Enquanto o ser humano se identifica apenas com os aspectos exteriores da vida, os problemas e os desafios o dominarão, esvaziando, por conseguinte, sua energia vital. Todavia, quando a pessoa se abre para a realidade do espírito, passa a compreender, por um lado, a transitoriedade da Matéria e, por outro, a imutabilidade da Transcendência. Isso lhe aporta calma e serenidade, de modo que a pessoa passa a gozar de considerável equilíbrio mental, fundamento da saúde física.
Sim, há que ter, no campo de apreciação da saúde humana, uma visão ampliada, holística; o ser humano deve ser sempre considerado como um ser integral composto simplificadamente, como esclarece o Racionalismo Cristão de espírito, corpo fluídico e corpo físico. Nesse sentido, a prudência e a moderação lhe são imprescindíveis para a conservação e a ampliação de sua imunidade, quer física, quer mental ou espiritual.
De todos os aspectos abordados nesta sintética reflexão, há um que merece ser destacado: a simplicidade com que tratamos o tema da imunidade. Quem reparou nesse detalhe captou a essência da mensagem que queríamos transmitir.
Por que criar uma teoria complicada para resolver uma questão que atinge a todos nós? Entendemos que toda tese que não tenha uma aplicação simples e prática é inviável como solução para os problemas cotidianos. A imunidade nos termos em que a tratamos não consiste numa ideia, senão numa prática real e concreta. Quando se inventa uma teoria engenhosa e sofisticada, ela acaba por se tornar mais um elemento de complicação do que de solução, além de ser, no mais das vezes, inadequada e imprópria.
Demonstramos que o principal elemento da imunidade mental é a humildade. Percebem como é simples compreender essa verdade? Ao encarar com humildade todas as situações da vida, eliminamos naturalmente de nossa estrutura integral as toxinas da ambição, da raiva, da vaidade, do egoísmo, da maledicência e da ânsia de poder. Despejando tais elementos sabotadores de nossa mente, reforçamos também nossa imunidade física. É claro que tudo está interligado; harmonicamente interligado, aliás.
Com mais propriedade entenderemos a real conexão entre espírito e corpo quando nos tornarmos mais livres. Não há dúvidas de que quando o ser humano se liberta dos grilhões do medo, do ódio, da dor, da divisão e do preconceito, sua mente se torna serena e pacífica.
Muito Obrigado!