Conforme o programa de comemorações do 70º aniversário do Racionalismo Cristão no Paul e em Santo Antão (Cabo Verde), iniciado em 2016, em 30 de novembro de 2019, presente grande público, que lotou o salão da Filial Ilha de Santo Antão do Racionalismo Cristão, procedeu-se, na cidade das Pombas, sítio do Vicente, o lançamento do livro Convicto de que sou racionalista cristão – Fragmentos da vida e obra de Manuel Nobre Martins.
Estiveram presentes o presidente da Câmara Municipal do Paul, Dr. Antonio Aleixo Martins; o juiz e o procurador da República da Comarca, respectivamente Dr. Afonso Lima Delgado e Dra. Luísa Helena Soares; o presidente da Filial Monte Sossego, João Baptista Brito; e o presidente da Filial Ribeira Grande, Antonio João Rodrigues, além de muitos companheiros e amigos frequentadores da Filial Santo Antão e de vários pontos da Ilha de Santo Antão, de São Vicente e da Praia, ilha de Santiago.
A organização e coordenação do livro estiveram a cargo dos irmãos e militantes da filosofia racionalista cristã, José Manuel e Rosendo Pires Ferreira; a capa foi concebida pela designer Margarida Kol de Carvalho, residente em Portugal; a revisão foi da responsabilidade do casal Maria Guadalupe e Rosendo Pires Ferreira; a diagramação e paginação, da Burótica de São Vicente; e a impressão e acabamento, da Gráfica do Mindelo. O livro, com tiragem de 500 exemplares, é propriedade da Filial Ilha de Santo Antão do Racionalismo Cristão.
Para a cerimônia, as cadeiras foram dispostas no salão em forma de semicírculo, para a apresentadora, Dra. Marina de Sousa Ramos Semedo, militante e professora aposentada, as filhas do homenageado D. Manuela Martins e D. Maria Paulistana Martins, o presidente físico da Filial, Feliciano Domingos do Rosário, os organizadores e coordenadores do livro, José Manuel e Rosendo Pires Ferreira, e a mestre de cerimônia, a médium D. Celina Gomes.
A cerimônia começou com a entrada de D. Celina Gomes lendo o poema If (Se) – o Poema da Sabedoria Humana, de Rudyard Kipling, que consta de páginas 165 e 166 da obra objeto da apresentação pública. Em seguida foi feita a leitura da mensagem do presidente do Racionalismo Cristão, Gilberto Silva, dirigida ao presidente da Filial Ilha de Santo Antão, Feliciano Domingos do Rosário, assim concluída: “Receba, estimado amigo, na data do lançamento desse magistral livro (…), e estenda a todos que contribuíram para a realização dessa feliz ideia, a nossa expressão de apreço e gratidão, em nome dos racionalistas cristãos de todo o mundo. Fraternal abraço”.
Rosendo José Silva Pires Ferreira afirmou ter convicção de que tudo tem o seu tempo certo. Parafraseando Richard Bach, escritor norte-americano, nascido nos anos 30 do Século XX, disse que, efetivamente, “Nada acontece por acaso. Não existe a sorte. Há um significado por trás de cada pequeno ato. Talvez não possa ser visto com clareza, imediatamente, mas sê-lo-á antes que se passe muito tempo.
Prosseguindo nessa linha, afirmou que teve “a responsabilidade de sugerir aos companheiros a escolha da capa”, a que mais lhe marcou por a cor de fundo conter os parâmetros que considera indispensáveis nesse tipo de trabalho: clareza da imagem; reflexo do título e do seu conteúdo; beleza visual; atração pela cor ou cores utilizadas e seu contraste, enfim incentivo à leitura.”
O orador afirmou a seguir que ele lia e observava o que está e como está escrito Convicto do que sou como racionalista cristão e que “essa é a substância da obra que perpassa pelas suas 166 páginas. Fragmentos da Vida e Obra de Manuel Nobre Martins, o subtítulo, um artifício para dizer que essa obra não contém tudo o que se poderia ou se deveria dizer sobre esse grande Espírito de Luz que, antes de o ser, já o era em vida física”.
Seguiu-se a intervenção da D. Maria Paulistana Martins Pereira, muito breve e carregada de emoção e simbolismo, pois como ficou claramente demonstrado no livro e nas apresentações, foi ela quem, sem o saber, abriu os horizontes de Manuel Nobre Martins para o Racionalismo Cristão. D. Paulistana Martins, como é mais conhecida, falou em nome próprio, no da irmã presente, D. Manuela Martins, e do irmão residente no Brasil, Antonio Manuel Martins.
Homenagem a um homem nobre na vida terrena
Paulistana Martins afirmou: “Penso que já foi tudo dito, por isso resta-me agradecer a todos quantos tomaram parte neste grande trabalho, principalmente ao José Manuel e ao Rosendo Pires Ferreira, pelo empenho para que o livro fosse hoje uma realidade.
Trago também um grande abraço amigo do meu irmão, Antonio Manuel, aos irmãos Pires Ferreira pela amizade que sempre houve entre as duas famílias e pelo que fizeram de tão grande”.
A apresentadora do livro, a racionalista cristã Dra. Marina Ramos Semedo, afirmou que “Manuel Nobre Martins, no decurso dessa senda até à independência de Cabo Verde, que veio a proclamar o país como estado laico (muito embora só se viesse a reconhecer a Associação do Racionalismo Cristão em 1990, ou seja, tornou-se oficialmente reconhecido após 80 anos de difusão da filosofia racionalista cristã no arquipélago, contribuiu sobremaneira para a evolução espiritual de muitos, porque ele mesmo já era um espírito muito evoluído” que, “para cumprir o sonho/missão de fundar uma casa racionalista cristã de raiz no Paul, doou o seu próprio terreno”.
Acrescentou que a pessoa e o espírito objeto do livro em lançamento “mereceu o seu apelido Nobre, pois a nobreza não está na riqueza, não está nos títulos e cargos desempenhados, mas no espírito de cada um e é demonstrada pelas ações no dia a dia, nas relações humanas”. E concluiu afirmando que ele foi um Homem Nobre, na sua vida terrena.
O presidente da Filial Ilha de Santo Antão, Feliciano Domingos do Rosário, afirmou que, com o ato em curso, estava-se a “culminar o programa de comemorações dos 70 anos da implantação do Racionalismo Cristão no Paul e em Santo Antão”, atividades que se iniciaram “em 2016 com a colocação de uma placa alusiva à data, descerrada pelo presidente internacional do Racionalismo Cristão, Gilberto Silva, para depois inaugurarmos um busto em homenagem a Manuel Nobre Martins e, hoje, com muita alegria e satisfação, estamos aqui a apresentar o livro”.
Acrescentou que, “com a apresentação desta obra, que retrata partes importantes da passagem de um grande homem por este plano físico, que mesmo em momentos difíceis e conturbados em que o mundo vivia, estamos a referir-nos particularmente à conflagração da segunda guerra mundial e à fome que assolava Cabo Verde, com muita determinação e ousadia Manuel Nobre Martins introduziu o Racionalismo Cristão nesta ilha de Santo Antão, mais propriamente no Concelho do Paul, sua terra natal.”
Passou a “agradecer a todos que estiveram envolvidos na organização e preparação deste livro”, tendo mencionado “os nomes dos nossos companheiros José Manuel Pires Ferreira, Rosendo Pires Ferreira, D. Maria Guadalupe e D. Paulistana Martins, Olívio Pires, as pessoas entrevistadas a D. Arleth Lima e a D. Celina, e a Gráfica do Mindelo, na pessoa do seu administrador, Nuno Vasconcelos.”
Agradeceu, também, “à Dra. Marina Ramos que aceitou deslocar-se do Mindelo e vir aqui apresentar este livro e partilhar a leitura desta obra e assim facilitar-nos a compreensão do que nela está registrado”. Em seguida afirmou que, como se sabe, “a impressão de um livro tem os seus custos, e recursos é do que não dispomos nesta Casa, uma vez que estamos voltados para trabalhos espiritualistas em que damos de graça o que de graça recebemos das Forças Superiores”.
Neste sentido, ainda acrescentou que “a materialização deste projeto e edição desta obra foram feitas com empréstimos de duas pessoas amigas”, às quas agradeceu e disse que não mencionava seus nomes porque “preferem o anonimato” e que, se não fosse a gentileza dessas duas pessoas amigas, certamente teríamos que aguardar por mais algum tempo para publicar esta obra”. Expressou “um muito obrigado aos dois pela sua disponibilidade posta ao serviço deste importante projeto.”
Terminou a sua intervenção agradecendo, mais uma vez, “a presença de quantos honram o ato com a sua presença” e convidou a todos “para um momento de convívio, na casa onde viveu Manuel Nobre Martins” e teceu agradecimentos “a todas as companheiras e a todos os companheiros que, voluntariamente, abraçaram essa iniciativa e concretizaram-na sem quaisquer custos para esta Filial.”