Mamãe, beijo-te com saudade

No dia 1º de dezembro de 1919, nascia em Paracatu (MG), a criatura mais perfeita por dentro e por fora que eu já conheci, indiferentemente de um dia ter sido a minha mãe. Filha de Leocádio de Souza Gonçalves e Dona Corália Gonçalves de Aragão casou-se com Virgílio Rodrigues Bijos, no dia 16/11/1935. O ato civil foi realizado em casa de residência do Sr. Manoel da Silva Pereira, nesta cidade de Paracatu, pelas 15 horas, perante o juiz de paz, o cidadão Affonso de Novaes Pinto, e as testemunhas Josefa José Gonçalves, Josefina Santana, Joaquim da Silva Pereira e Aristeu Gonçalves de Aragão.

Dizem as pessoas mais antigas de Paracatu, que assistiram à cerimônia de casamento religioso que foi um evento muito bonito, embora simples. Desse casamento nasceram 14 filhos: Sebastião Virgílio, Diógenes, Herbert, Maques, Corália, Curtis, Nice Gabriela, Jairo, Maria Isabel, Elias, Leocádio, Odete, Virginete e Iara.

Eu e meus irmãos temos muito orgulho e privilégio de ter tido uma mãe como a senhora. Além de muito bonita, era meiga e soube repassar-nos o “amor e respeito de mãe”, orientar-nos com o passar dos anos dando o exemplo de como conduzir a vida, inclusive nos momentos mais difíceis. Como esquecer do cuidado em zelar pelo nosso pomar, plantando e colhendo frutas, cuidando da criação, aprendendo os afazeres da casa, como: cozinhar, lavar, passar, fazer os chás, adoçando com mel de nossas abelhas para os irmãos que estavam doentes, com febre, dor de garganta etc.

Mamãe, recordo o quanto a senhora esteve ao lado do papai para auxiliá-lo na Padaria Bijos, de onde vinha o sustento da casa. Sempre esteve ao seu lado na sua trajetória política em Paracatu, como vereador, por diversas legislaturas, sem qualquer remuneração, pois naquela época se trabalhava como vereador por amor, patriotismo, responsabilidade e respeito à população seguindo criteriosamente nossa Constituição.

Era impressionante o conhecimento nato que a Dona Odete tinha, mesmo tendo apenas o curso primário. Como esquecer o receio que ela tinha se um filho ficasse sem tomar as vacinas oferecidas pelo governo. No dia de vacinar mais parecia que íamos para uma festa. Pela manhã as mães da Rua Eduardo Pimentel (antiga Rua do Sacramento) reuniam-se: Sras.: Odete, Iraci, Benedita, Teodora, Maria do Parto, Benzica e Carminha, e a criançada toda para as vacinas no Hospital Municipal de Paracatu.

Odete Gonçalves Bijos faleceu em Paracatu em 8/7/2003, e foi sepultada no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília, cidade que admirava, amava e tinha muita gratidão pela acolhida de nove de seus filhos, que trabalharam, constituíram família e se aposentaram na Capital Federal.

Foi uma mulher que amou intensamente os filhos, que era capaz de ouvir o silêncio, adivinhar sentimentos e encontrar a palavra certa nos momentos incertos. Foi a fortaleza da família quando tudo ao nosso redor parecia ruir. Sábia, nos acolhia com um olhar e nos fornecia o combustível necessário para prosseguir.

Deixo aqui registrada uma singela homenagem pelo seu centenário em meu nome e de meus irmãos que esperamos que a receba, esteja onde estiver. Saudade, saudade, saudade….

Sua filha,

Maria Isabel Rodrigues Bijos Laureano