A morna, gênero musical tradicional de Cabo Verde foi proclamada como Património Imaterial da Humanidade pela Unesco. A candidatura da morna foi ratificada na 14ª reunião anual do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco, realizada em Bogotá, na Colômbia.
Presentes ao local, estiveram a cantora cabo-verdiana Nancy Vieira e o multi-instrumentista Manuel de Candinho, que acompanharam o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas. Além da morna, cuja candidatura foi formalizada em março do ano passado, o comitê analisar outras 39 candidaturas, oriundas de vários países.
O gênero cabo-verdiano, nascido no século XIX e popularizado em todo o mundo por artistas como Cesária Évora, junta-se assim a outros gêneros musicais, como os portugueses fado e canto alentejano ou o jamaicano reggae, enquanto Patrimônio Imaterial da Humanidade. No dossier entregue para avaliação, lê-se: “a morna é uma prática musical que se estrutura em três dimensões: melodia, poesia e dança, caracterizando-se pelo compasso quaternário, ritmo lento e predominância dos esquemas tonais menores clássicos perfeitos de influência europeia”.
Versando temas “lírico-passionais, produz-se uma canção melancólica, muito vinculada ao sentimento do amor, ao sofrimento, à saudade, à ternura, à tristeza, à ironia e à boa ou má sorte do destino individual”. A morna é geralmente interpretada por uma voz solista masculina ou feminina – apesar de existirem mornas instrumentais – e acompanhada por viola, cavaquinho, violino e piano, sendo o violão o “instrumento de excelência”.
O comité da Unesco que avalia as candidaturas é composto por representantes da Armênia, Áustria, Azerbaijão, Camarões, China, Chipre, Colômbia, Cuba, Djibuti, Filipinas, Guatemala, Jamaica, Japão, Cazaquistão, Kuwait, Líbano, Ilhas Maurício, Holanda, Palestina, Polônia, Senegal, Sri Lanka, Togo e Zâmbia, sendo as decisões tomadas por unanimidade destes membros.