Necessidade dos princípios espiritualistas

Em todas as épocas e culturas – e tão longe no passado quanto pudermos imaginar –, verificamos que os seres humanos se encontraram sempre expostos a obstáculos e adversidades. Logo, os desafios incidem de forma constante na vida das pessoas, independentemente de aspectos etários, financeiros, étnicos, religiosos ou quaisquer outros.  

As dificuldades e controvérsias próprias deste mundo de escolaridade ora têm lugar na própria intimidade das pessoas, ora se impõem exteriormente na busca pela sobrevivência, ora se concentram na incidência autoritária dos impulsos irrefletidos que escravizam e perturbam. 

Quando o ser humano alcança a consciência do papel que exerce neste mundo – o que se dá por meio do estudo da espiritualidade e do autoconhecimento –, contemplando as inúmeras capacidades que traz dentro de si, abre-se para ele a real possibilidade de retemperar-se a cada momento, adquirindo um renovado vigor que o leva a superar desalentos e aprender com as decepções, como nos ensina o Racionalismo Cristão. 

Só mesmo a abertura ao transcendente e a vivência cotidiana dos princípios racionalistas cristãos do amor ao próximo e ao trabalho, da prudência e da honestidade, da valorização do pensamento e da retidão de caráter conduzem as pessoas à percepção de quão valioso é empenhar-se na solução dos problemas com a certeza de que a cada vitória conquistada o ser humano se eleva e adquire maior liberdade de expressão. 

O êxito na vida baseia-se, em grande parte, na compreensão de que, de todos os embates que o ser humano se vê compelido a travar neste planeta de aprendizados, o único que realmente vale a pena é o que tem espaço na arena de seus pensamentos. É lutando contra os próprios pensamentos e sentimentos sabotadores que a pessoa alcança a vitória que irá conduzi-la à primazia dos valores do espírito. É na luta contra os vícios que ela demonstra bravura e altivez. Que a voz sedutora do materialismo se cale ante o dever de autossuperação que se impõe a todos nós. 

Reiteradas vezes afirmamos que estamos vivendo um período repleto de dramas e incertezas, oscilações e angústias. Nossos lares são invadidos a todo momento por notícias tristes e deprimentes, para não mencionar as falaciosas e inverossímeis, que tentam ofuscar o discernimento das pessoas. Ondas de desordem e injustiça, silenciosas, mas não menos avassaladoras, fomentadas por seres inescrupulosos e egoístas, produzem males e geram insegurança nos mais distintos lugares do globo. Nessa perspectiva, os distúrbios psíquicos se multiplicam entre aqueles que desconhecem o próprio valor e, sobretudo, o poder criador e transformador do pensamento. 

Ao falarmos sobre distúrbios psíquicos somos instados a orientar a todos que rejeitem energicamente os pensamentos inoportunos e malfazejos a partir do momento em que estes principiam, pois as sugestões negativas e inadequadas tornam-se tanto mais poderosas quanto mais se demora em repudiá-las, como sempre afirmou o Racionalismo Cristão. 

O ser humano dá início a um auspicioso processo, que poderíamos chamar de fortalecimento espiritual, quando conscientemente adequa seus pensamentos, emoções e conduta aos estímulos de uma força transcendente, peculiar em seu interior, que o impele ao aperfeiçoamento ético e ao desenvolvimento de suas faculdades. 

O fortalecimento espiritual, como consequência do reconhecimento da realidade transcendente que tudo sustenta e interpenetra, integra-se na consciência da pessoa esclarecida, e esta passa a pautar seu comportamento por elevado grau de moralidade e justiça, pressuposto de uma vida feliz e de uma coexistência social harmônica e produtiva. 

Reconhecendo a amplitude de abordagens que enseja o tema dos desafios e a inegável necessidade dos princípios espiritualistas no processo de superá-los, esclarecemos, nesta conclusão, o sentido do presente trabalho: servir de apoio às atividades críticas e reflexivas dos estudiosos do Racionalismo Cristão que nos acompanham e de tantos quantos se interessam pela análise da realidade proposta a partir de uma visão ampliada e abrangente, que considera, sim, a pluralidade de opiniões, mas que não se furta em falar a verdade. 

Muito Obrigado!