O esgotamento nervoso provém, na maior parte das vezes, do cansaço e da fadiga mental e muscular, causados pelo trabalho ininterrupto e atribulações que o homem ou a mulher têm de suportar, mantendo-se num estado constante de depressão física.
As excitações, o excessivo trabalho mental, a moderna vida social, o uso do fumo e do álcool muito contribuem para o estado de debilidade orgânica e cansaço dos nervos.
Muitas pessoas não procuram dar ao seu organismo um descanso reparador. Esgotam a sua resistência, não conseguem dominar-se, passam a ser vítimas dos seus nervos.
Os nervos cansados podem produzir os mais funestos resultados. Muitas desinteligências, mal-entendidos, algumas desavenças em certos lares provêm quase sempre de um desequilíbrio nervoso. Muitas vezes, o chefe da família perde o domínio de si mesmo, torna-se rude e faz uso de palavras e expressões que ofendem e magoam profundamente a esposa e os filhos.
O cansaço de nossos nervos leva-nos também a sermos violentos e ásperos para com os nossos melhores amigos.
O homem esgotado física e psiquicamente torna-se um joguete da vontade alheia e vítima de todas as espécies de dificuldades. Torna-se injusto com os seus subordinados e desumano para com todos os que dele dependem.
Quando não pudermos controlar a nossa vontade, quando sentirmos a mente perturbada, devemos isolar-nos e, então, calmamente, recuperarmos a serenidade e o domínio de nós mesmos.
A insônia, a angústia, o desânimo e a tristeza, são sintomas de nervos cansados.
Todo indivíduo que apresentar esses indícios, deve procurar modificar os hábitos de sua vida, viver racional e cientificamente, com método e disciplina. Evitar certas drogas medicamentosas e fazer uso de alimentos que lhe tonifiquem o sistema nervoso. Uma alimentação substancial, o exercício ao ar livre e o convívio de pessoas alegres são o melhor remédio.
Há certos sofrimentos morais que abatem profundamente a criatura e, quando esta não está preparada para recebê-los, quando está possuída de grande esgotamento nervoso, fica tão deprimida, que acaba sucumbindo.
O homem não deve ser escravo do trabalho a ponto de gastar toda a sua força, toda a sua energia. O indivíduo que trabalha sem descanso, sem distrações, sempre na mesma rotina, acaba se destruindo, torna-se irritadiço e deixa de ser feliz.
Razão tem o povo norte-americano de haver introduzido as férias anuais e o descanso aos sábados.
Depois de alguns dias de folga ou férias, o indivíduo sente-se melhor, acha o corpo mais leve, o espírito mais lúcido e o raciocínio mais claro.
Não só o trabalho físico como o mental, exige descanso e tranquilidade espiritual.
Deixamos de ser as mesmas pessoas, quando nossos nervos estão esgotados por um trabalho excessivo, por uma preocupação moral ou pela deficiência de alimento próprio.
O trabalho faz parte da saúde. O preguiçoso, o indolente, não goza saúde, é um eterno inválido.
Quem tem saúde física e mental, possui pensamentos equilibrados, energia e um ideal na vida.
O esgotamento nervoso pode contribuir para a prática de muitos crimes e tragédias conjugais. Muitos homens deprimidos lançam mão de bebidas para se reanimarem e sob o efeito do álcool cometem e praticam os maiores absurdos, sujeitando-se às maiores misérias.
É a vida desregrada, fruto de uma sociedade impura e corrupta, que leva o ser humano às mais variadas neuroses.
Todo homem que tenha saúde e nervos equilibrados aumenta a confiança em si e no seu semelhante. Torna-se portador de uma força poderosa, quase magnética. É admirado por todos, respeitado e acatado, porque o seu semblante não só irradia simpatia física, mas atração espiritual.
As imaginações e convicções doentias levam a criatura à debilidade e às perturbações físicas e psíquicas. São os seus nervos fracos e cansados que a fazem pensar constantemente nos males, na infelicidade e nas desgraças.
Para que haja saúde e nervos fortes é necessário restabelecer o equilíbrio mental e ser perseverante em vencer todos os prejuízos e vacilações do espírito.
Publicado em 20 de novembro de 1964