No próximo dia 25, segunda-feira, será comemorado, em âmbito mundial, nas casas racionalistas cristãs, o Dia da Espiritualidade, como ficou convencionada essa importante data que corresponde à fundação do Racionalismo Cristão, ocorrida em 26 de janeiro de 1910, pelos nossos mestres Luiz de Mattos e Luiz Thomaz. Assim, nessa data estaremos comemorando também 111 anos de fundação da nossa Filosofia de vida, através de reuniões cívico-espiritualistas presenciais ou a distância, dependendo das condições da pandemia do novo coronavírus nas regiões em que se encontram as nossas Casas.
Janeiro é um mês de muitas datas significativas para o Racionalismo Cristão e, além da citada e importantíssima data de fundação, destacamos apenas algumas, que nos são muito gratas: dia 3, nascimento de Luiz de Mattos, no ano de 1860, em Portugal; 15, seu falecimento, em 1926, no Rio de Janeiro. Mas janeiro é também o mês em que renovamos nossas esperanças em dias melhores. Esperança de que traga dias bem mais satisfatórios do que os que vivenciamos em 2020, embora tenham deixado muito aprendizado à humanidade, mas com muitas perdas de vidas físicas, em todo mundo.
Por falar em esperança, num dos últimos programas Conversa com o presidente de 2020, em nossa Crônica do Dia, assim falamos sobre esse tema:
“Há indivíduos – e não são poucos – que interpretam a esperança de maneira muito reduzida, pensando consistir em uma atitude de espera passiva de benefícios. Dessa forma, a esperança restringir-se-ia à ideia de expectação. Tal posição encontra-se espelhada na vida de inúmeras pessoas, que, ao ostentar uma posição esperançosa, acabam por fortalecer, contraditoriamente, as redes da desesperança e da imobilidade.
A esperança deve ser iluminada pela espiritualidade, que o Racionalismo Cristão explana, e alimentada por pensamentos e sentimentos de valor, pois assim impulsiona atitudes que revigoram e dignificam os seres humanos e que nenhuma espécie de manipulação pode alcançar. Traduz-se em atitude e protagonismo para aqueles que aprenderam a fundamentar a vida a partir de parâmetros transcendentes, imprescindíveis para a superação do dramático e doloroso momento que ora vivenciamos.
A esperança, amigos, considerada em seu sentido abrangente, relaciona-se diretamente com a solidariedade. Com ela, converte-se em um poderoso instrumento para que se possa restabelecer a centralidade do equilíbrio e do discernimento. Ela é abertura para o futuro, para o novo, com base na convicção de que a realidade sempre se altera positivamente. Convicção e esperança sintetizam a unidade própria da vivência humana: a absorção dessa verdade permite à pessoa que sofre encontrar caminhos que a conduzam à paz interior.
Numa contraposição de sentido, a ideia de desesperança, que emerge toda vez que o indivíduo se perde na observação superficial dos fatos, contentando-se com os aspectos mais externos da ação humana, faz com que se desprezem as lições subjacentes dos conflitos, levando o ser humano, alienado, a precipitar-se no terreno do desequilíbrio psíquico. É preciso, pois, reagir energicamente contra a desesperança.
Fixando-se em suas potencialidades, sobretudo em sua capacidade de raciocinar, o indivíduo esclarecido é levado a reconhecer que acima da desesperação sobrepaira a esperança. Com esse sentido real e elevado, procura integrá-la sempre e cada vez mais a sua vida, em todos os tempos e em todos os lugares. Se alguma vez, sob a influência de forças antagônicas, declina a atitude esperançosa, como possui em seu âmago as condições de superação da crise, retoma ele sua caminhada, procurando constantemente o ideal de fraternidade, que reside inelutável na consciência humana.
A presente crônica pretende estimular uma dimensão da esperança que fomente a saúde psíquica e a harmonia interior, que promova o raciocínio e a ampliação de perspectivas, enfim, que auxilie efetivamente os que se encontram angustiados e sem chão diante das incertezas causadas por esta persistente pandemia.
Muitas pessoas insistem em dizer que os seres humanos são limitados. Não há dúvida: realmente o somos. Porém, prestem atenção: a limitação não é um defeito, mas um indicador que assinala que temos muito que aprender e em que nos aperfeiçoar. Sem dúvida, para que as limitações diminuam e as potencialidades se concretizem, não há nada melhor do que sermos racionalmente esperançosos”.
Para reflexão, extraímos da obra Clássicos do Racionalismo Cristão, volume 3, de Maria Cottas, página 72, o seguinte: “As pessoas precisam ter esperança de dias melhores, para que os aborrecimentos desapareçam, as alegrias surjam, e a vida se torne mais agradável. Ter esperança em um futuro promissor faz bem, porque os que pensam assim não são pessimistas. Os partidários do pessimismo acham que tudo que os rodeia é desagradável. Com pensamentos negativos, com ideias conturbadas, deixam de formar à sua volta ambiente de saúde e prosperidade.”
Assim, jamais devemos perder a esperança de dias melhores, mas lutando sempre em prol do bem comum e, nesse Dia da Espiritualidade, que será comemorado, como dissemos, em todas as casas racionalistas cristãs, a nossa palavra de reconhecimento pelo magnífico trabalho voluntário prestado pelos militantes do Racionalismo Cristão em prol dos elevados ideais dos nossos mestres Luiz de Mattos, Luiz Thomaz, Antonio Cottas e Humberto Rodrigues.
Boa leitura!