Mês de agosto chegou, parece que ainda ouço o som daquele cavaquinho tocado por dedos cansados de uma longa labuta, lá no banco da Farmácia Popular: seu Alarico Rezende Costa, meu velho pai – hoje apenas a saudade guardada do lado esquerdo do peito, ainda viva nas doces lembranças.
Seu Alarico, ou seu Larico como era chamado pela gente simples que ele servia diariamente na sua farmácia, em Limeira do Oeste, uma construção de madeira lá no Triângulo Mineiro.
Dentre as músicas instrumentais que executava recordo da Marcha do Marinheiro, Abismo de Rosas, Tico Tico no Fubá, algumas vezes acompanhado ao violão pelo seu compadre Zé Chico, hoje somente uma saudade.
Todas essas lembranças vivas que tenho do meu velho pai são reforçadas do exemplo de vida, de perseverança, de fazer o bem ao ser humano, de exercer uma profissão com amor, dedicação, de valorizar a família. Mesmo não tendo tido a oportunidade de se formar na profissão, a exerceu com dignidade, algumas vezes foi até médico naquele sertão, que, na sua época, não tinha médico, atendendo até na roça apenas com a luz de um lampião.
Iniciou sua farmácia com apenas uma pasta de remédios, muito trabalho, assim criou e educou quatro filhos, ao lado de dona Mariá, minha mãe, que foi professora, a primeira vereadora no Legislativo de Iturama-MG, autora da letra do hino de Limeira do Oeste-MG, hoje também município.
Seu Larico foi um iluminado, fez o bem a tanta gente, em vida teve o carinho dos quatro filhos, dos netos em sua trajetória neste mundo-escola. A sua história é um exemplo de vida que o tempo não pode apagar. Por isso, é preciso lembrar sempre dos momentos bons, do exemplo deixado. Como nos ensinam as obras do Racionalismo Cristão: tocar em frente sem sentimentalismo, mas relembrando doces momentos vivenciados.
Pai a gente ama todos os dias, não apenas numa data de agosto de cada ano. Aproveita a companhia desse velho pai que está do seu lado todos os dias, o amor é o esteio da vida, é o ponto de equilíbrio da família!