Quem aprendeu a exercer autoridade sobre si mesmo, orientando os pensamentos para o bem, reprimindo o que é prejudicial, cria uma individualidade forte, desenvolve os bons sentimentos, aperfeiçoa os dons espirituais, torna-se disciplinado e compreensivo, não se deixa influenciar pelas correntes deletérias, ama e respeita os seus semelhantes, mas não compactua com os seus desregramentos, nem com a desordem mental que fere a dignidade, mutila a moral e aniquila a virtude.
Se cada um lançasse um olhar para dentro de si, examinasse detidamente os seus atos, saberia compreender os sofrimentos alheios, saberia tolerar as imperfeições de outrem, seria justo nas apreciações, não havia de querer ser a palmatória do mundo, por reconhecer que a imperfeição é do homem, que o mal é fruto da falta de esclarecimento dos porquês da vida.
Cada um no mundo desempenha um papel de importância, que merece exame, precisa ser bem compreendido, para que todos se ajudem mutuamente e não vivam em demandas, a digladiarem-se, alimentando ódios, vinganças ou outros sentimentos inferiores; isto bem demonstra o grau de pouca evolução espiritual que se observa entre os seres humanos.
O crescimento espiritual não sobressai através da desgraça, lutas, morticínios, mas por compreensão real das coisas, por um entendimento racional e justo que tenha a verdade por base, firmando-se na razão e no bom-senso, deixando de predominar o egoísmo e a ambição desmedida pelas coisas materiais.
As grandes descobertas do século XX trouxeram modificações profundas na mente do homem, facilitando o desenvolvimento material, mas muito pouco influiu no seu melhoramento espiritual. As ideias de domínio não desapareceram, continuam latentes, como verdadeiras taras de um passado remoto cheio de crueldades, que deveria ser extirpado em face dos conhecimentos que o homem adquiriu. Tudo continua sendo medido pela escada progressiva dos interesses materiais, admitindo-se na vivência humana tanto o bem como o mal.
Se se fizer uma análise de como o homem vive, de que ele mais se preocupa na Terra, quais os seus gostos e ambições, chegar-se-á à conclusão que, apesar das inúmeras seitas e crenças, o espírito agarrado à matéria não se modificou, e, em muitos casos, aperfeiçoou métodos incompatíveis com os bons costumes. A ciência avançou, mas falta ao homem conhecer a sua própria composição astral e física, para que se habilite à prática de atos que o dignifiquem no sentido do seu aperfeiçoamento moral.
Publicado em 20 de agosto de 1967.