O autêntico valor da esperança

Alguns seres humanos interpretam a esperança de maneira muito limitada, pensando consistir em uma atitude de espera passiva de benefícios que viriam de uma esfera imaginária ou coisa que o valha. Dessa forma, a esperança se restringe à ideia de uma expectativa vazia de sentido. Tal posição encontra-se espelhada na vida de inúmeras pessoas, que, ao ostentar uma posição esperançosa, acabam por fortalecer, contraditoriamente, as redes da desesperança. 

A elaboração de um modo de vida em que a esperança venha a ocupar a posição adequada pressupõe o discernimento apropriado sobre a maneira como o ser humano compreende a si mesmo e a sua estrutura psíquica, além de como percebe a relação existente entre a condição humana e a esperança. 

O entendimento abrangente da esperança resulta particularmente importante para esta reflexão, uma vez que buscamos, com nossos escritos, desenvolver a ideia de ampliação de perspectivas, tão conforme, aliás, com as leis do progresso que fomentam o vigor e a confiança no futuro.  

Ao perder a sensibilidade para os elevados conteúdos da espiritualidade, dificilmente se há de compreender a essência e o autêntico valor da esperança e, por conseguinte, as formas de reforçá-la. A esperança não é utopia nem metáfora. Não se reduz a um entusiasmo passageiro. Não é produto de uma técnica de meditação. É uma realidade que fundamenta o dinamismo da vida. 

O enfoque racionalista cristão da esperança fundamenta-se, pois, no entendimento de que ela é abertura para o futuro, para o novo, baseado na convicção de que a realidade sempre se altera positivamente. Esse inspirador princípio fortalece e retempera o ser humano que o compreende, permitindo-lhe alcançar sempre um bom resultado em suas iniciativas.  

Numa contraposição de sentido, surge a ideia de desesperança, que emerge toda vez que o ser se perde na observação superficial dos fatos, quando concentra toda sua energia na objetivação da ação concreta. Nesse estado, em que despreza as lições implícitas nos conflitos, precipita-se, alienado, no terreno da desesperança. 

O ser esclarecido pelo Racionalismo Cristão, fixando-se em suas potencialidades, sobretudo em sua capacidade de raciocinar, é levado a reconhecer que acima da desesperação sobrepaira a esperança. Com esse sentido real e elevado, procura integrá-la sempre e cada vez mais a sua vida, em todos os tempos e em todos os lugares. Se alguma vez, sob a influência de forças antagônicas, declina a atitude esperançosa, possui em seu âmago as condições de superação da crise e retoma sua caminhada, procurando constantemente o ideal de aperfeiçoamento. 

É importante que vivamos sempre na esperança, tomados por ela. Ainda que conheçamos a gravidade de nossos erros e faltas, não devemos desesperar. O desespero é a ausência de esperança e fonte de equívocos cada vez mais intensos. A esperança não se deve esvair diante das adversidades e dos reveses, mas assumir uma outra forma: a da paciência. 

A pessoa esperançosa não se deixa enfraquecer; cumpre seus compromissos da melhor forma possível, certo de que, espiritualmente, nunca estará sozinho. Não fossem os constantes desafios, estaríamos todos estacionados no mesmo nível evolutivo. Essa lúcida consciência, aliada à força de vontade voltada para o cumprimento dos deveres, nos permite extrair das situações mais angustiantes e torturantes a força, a serenidade, a segurança, a coragem e o valor para tudo enfrentar, com a certeza de que sempre sairemos vitoriosos. A esperança liberta, amigos! 

Muito Obrigado!